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quinta-feira, 26 de abril de 2012

Paulo Garcia e Câmara Municipal enfrentam e vencem os barões da ganância imobiliária.

          Numa batalha que dura mais de 30 anos, um grupo consciente de ecologistas, cientistas que estudam alterações climáticas, Ministério Público, jornalistas, religiosos, vereadores e moradores que representam profissionais de todos os matizes luta para salvar um quadrilátero que se denominou como Circuito das Águas. A iniciativa culminou com a criação da VerdeVale, uma instituição sem fins lucrativos que agrega, além dos segmentos já citados, professores e alunos da Universidade Federal de Goiás.

          A região, que abraça a área vizinha ao Campus da UFG e do antigo Clube Itanhangá, é riquíssima em minas de água e mantém uma das poucas reservas de mata nativa que protege a bacia do rio Meia Ponte e a qualidade de vida na Capital. Representa uma espécie de berço do lençol freático que abastece Goiânia. Sendo um dos últimos redutos de amplo espaço imobiliário, sempre esteve na mira dos tubarões do lucro fácil. Ignorando o alerta dos pesquisadores, um grupelho de irresponsáveis teimava em vomitar loteamentos de alta densidade populacional no local.

         Para a surpresa destes investidores, as pessoas humildes da região – gente trabalhadora que possui chácaras que herdaram dos pais e dos avôs – se recusaram a vender suas glebas e aderiram aos movimentos dispostos a conservar o nicho ecológico. Aqueles  não se deram por satisfeitos. Tendo adquirido uma parte do local, tentaram dar um golpe utilizando vereadores inescrupulosos.Fizeram pressão junto a funcionários célebres em dar um agá. Adularam Deus e todo mundo e tiveram a ilusão de que o prefeito Paulo Garcia podia ser convencido a entrar na parceria. Felizmente não deu certo.

          Ciente de que a iniciativa das famílias era legítima, o prefeito incentivou sua base aliada a votar o projeto do vereador Djalma Araújo no sentido de permitir apenas lotes de dois mil e quinhentos metros quadrados na redondeza. Sua Excelência assinou ontem o que foi acordado na Câmara de Vereadores. Até parece um sonho que a comunidade tenha vencido essa batalha.

          Não é todo o dia que as cascáveis da destruição perdem a capacidade em destilar seu veneno. Alguns, com razões de sobra para isso, ainda temem algum ardil capaz de impedir a implantação do projeto. Eles apostam que são capazes de sensibilizar o prefeito petista. Sempre estive convicto que quebrariam a cara. Mesmo antes de ocupar o cargo, o Dr. Paulo Garcia afirmou que daria respaldo aos apelos da comunidade. Não mudou uma vírgula em sua firme posição.

     No dia da aprovação da lei, que deixou furiosos os que vivem de benesses de empresários da ala podre, ele confirmou a este jornalista, assim como a outros integrantes da VerdeVale, que iria referendar o que foi julgado pelo Legislativo Municipal. Dito e feito. O bom desfecho desse episódio é alento aos homens de bem. Existem parceiros com seriedade no universo político do cerrado. Mesmo que o assunto possa envolver propinas e sinecuras imagináveis.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

CPI vai enrolar José Dirceu e Cia Ltda.

 CPI vai enrolar José Dirceu e Cia Ltda.

          O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva jorrou acusações, gastou voz nos palanques, usou toda a força do cargo, aglutinou forças que rasgaram uniões em todos os rincões do cerrado goiano e, mesmo com essa avassaladora energia, perdeu as eleições para um de seus mais renitentes desafetos. Jamais perdoará Marconi Perillo. Onde já se viu um político de um Estado periférico desafiar, e vencer, o mais importante ícone da geração que sobreviveu aos anos de chumbo? Pois bem, essa rixa encarquilhada, que sequer foi esquecida nos duros momentos de radioterapia na luta renhida contra o câncer, parece ter ofuscado o bom senso de Lula. Na ânsia de destruir Marconi, e ignorando o alerta de valiosos companheiros, Lula exigiu abrir as comportas de uma CPI.

Imaginou a princípio que seria uma espécie de passeio pelo parque colhendo flores. Os espinhos ficariam apenas com o DEM, atolando-se com Demóstenes Torres, triturado a conta-gotas numa sangria pública para ninguém botar defeito; e com o PSDB se agastando com Marconi empurrado aos poucos na mesma enxurrada. O enredo não flui com a facilidade esperada. Os fatos demostram que o irresistível charme de Carlinhos Cachoeira conquistou a simpatia de gente encastelada em todos os segmentos. Atingindo, também e principalmente, figurinhas carimbadas do PT.  O enrosco do governador do Distrito Federal, o enrolado Agnelo, não foi surpresa porque já estava na conta das perdas e danos embutidas no benefício. Eliminar adversários históricos tem seu preço, e o homem é uma mala sem alça. 

A pescaria começa a complicar quando tubarões graúdos parecem ter engolido a isca com anzol, levando até a vara junto. Com tudo sobre controle, não era para investigar a Delta. O foco seriam apenas o jogo do bicho, os caça-níqueis e as negociatas de Cachoeira escolhidas a dedo. Encrencou geral quando a estratégia saiu dos trilhos. Não dá para fuçar o embaraço, passando tudo a limpo, sem chafurdar nos interesses da empresa. Eis que se constata que ela é, hoje, a firma que mais recebe verbas do PAC -  Programa de Aceleração do Crescimento. Algo em torno de 885 milhões de reais somente em 2011. Certinho? Nem tanto. O salto na participação se deu após uma parceria com José Dirceu, ex-Ministro da Casa Civil no governo Lula, que prestou serviços de assessoria à Delta, por apenas seis meses em 2008. Ele jura que o auxílio foi apenas em função de interesses internacionais. Pode ser. Contudo, na CPI, podem encanar de verificar valores pagos, natureza exata dos serviços prestados e muitos detalhes indigestos.

Lixo será revirado. Os empresários Augusto Quintela e Romênio Machado, por exemplo, declararam numa entrevista que Dirceu fez tráfico de influência em favor da Delta e foi contratado especificamente para facilitar negócios com o Governo Federal. Serão chamados a depor?  Especialistas do setor me garantiram que os tentáculos da Delta, interligados intimamente com o esquema Cachoeira, podem afundar um Titanic de envolvidos. Prevendo tempestades e icebergs pelo caminho, alguns já tomaram providências saneadoras. O prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, ordenou detonar todos os contratos com a Delta. Isso mesmo. Depois do Deputado Waguinho ir à tribuna e dizer que não tinha nada errado nas licitações com a referida empresa. Será que esse, digamos assim, antivírus oferece uma blindagem intransponível numa Comissão Parlamentar de Inquérito? Duvido.

A sorte está lançada. Vai ser difícil segurar todas as pontas.  O cheiro de coisa podre se espalhará em todas as direções. Chumbo grosso será trocado no calor das emoções, e poucos duvidam que a babel de envolvidos vai se limitar aos nomes sorteados na primeira safra. A lambança pode ser produtiva se for capaz de punir e expurgar os imorais. Todos eles sem exceção. Entretanto, para quem conhece as vísceras de Brasília, esse é apenas um sonho de verão em solo sem nenhum caráter. O mais provável é que a vingança de Lula se transforme num circo em que os animais atacam o treinador. As besta-feras não vão se contentar apenas comendo o fígado de alguns. Podem avançar querendo a cabeça da Dilma. Afinal de contas, vai ser impossível dizer que a "mãe do PAC" nunca teve nada a ver com a organização que abocanhou a maior fatia do apetitoso bolo.

A tal CPI, pela complexidade e desdobramentos imprevisíveis, certamente vai drenar as energias do Congresso travando uma série de ações. O clima de histeria coletiva – é bom lembrar – foi incentivado por uma orquestrada liberação de partes de um processo.  Assim sendo, o espectro policial, o fato criminoso digno de punição, transformou-se num monstrengo capaz de cuspir fogo sem nenhum controle. Em todo caso, agora é tarde. O bicho vai pegar.


quinta-feira, 12 de abril de 2012

Cachoeira paga milhões a um petista e daí?


Eu não retiro uma linha, uma frase sequer, de vários elogios que fiz ao Senador Demóstenes Torres no rádio, no jornal ou na televisão. Ele mantinha uma atuação correta, um desempenho acima da média; era atento aos desmandos. Seu estilo me agradava como jornalista e eleitor. Tanto que votei nele em todos os pleitos de que participou. Ele foi o relator da Lei da Ficha Limpa, e até parlamentares da base do governo – mesmo discordando de suas posições – o reconheciam como um opositor sério e um jurista aplicado.

Evidente que hoje, à luz de informações que o ligam a uma rede de contravenções, intrigas, troca de favores e embromações condenáveis, causa repulsa saber que Demóstenes tenha vivência em hábitos que condenava em sua rígida cartilha. Sua catastrófica queda foi um abalo para os goianos de bem. Reafirmar que ele merece amargar no inferno é exercitar a arte de chutar cadáver.

O que me dá asco extra neste desgastante imbróglio é perceber a festa dos hipócritas de carteirinha. Dispostos a tirar vantagens adicionais do episódio, abutres encastelados no poder pretendem usar a incoerência do Senador para destruir de vez a oposição no País. Os imorais usam o lixo em que Torres se envolveu para divulgar a falsa ideia de que não tem nada de errado na latrina deles. Chegam ao disparate, menosprezando a inteligência do contribuinte, de afirmar que o mensalão não existiu e foi uma invenção do Cachoeira.

A farsa é tão capciosa que enoja. Tanto que  o dinheiro do Carlinhos Cachoeira causa repulsa – pela origem bandida e fraudulenta – somente quando se enrosca na algibeira da oposição. O ex-ministro Thomaz Bastos, célebre advogado que conseguiu encobrir nebulosas operações dos que comemoram a ruína da oposição em desgraça, apresenta-se faceiro disposto a defendê-lo. Ao que consta pela bagatela de 15 milhões de reais. Toda essa bufunfa veio de onde? Vão dizer que não importa a origem? Está limpo? Claro que está! Não cabe a quem recebe inquirir a procedência da gaita. Tese válida e correta. Eu sei que Bastos esta realizando seu trabalho e pouco se lixando em analisar de qual baú Cachoeira tirou tão polpuda quantia.

Só que essa visão não está sendo aplicada aos que se relacionaram com Carlinhos Cachoeira usufruindo de sua influência e sua  fortuna. Somente os adversários deviam saber – não importa o favor prestado – que ele era um bicheiro conhecido e recusar o seu dinheiro sujo. Sabe-se muito mais agora, e os espertos não rejeitam. Na atual conjuntura, basta uma relação qualquer com o diabo do Cachoeira – que na vida dupla se mostrou um empresário habilidoso – para ser rotulado como um corrupto envolvido no esquema. Está errado.          

           O momento é de refletir – uma vez que a oposição está minguando no cenário nacional – a razão pela qual os que são flagrados em delito, e se opõem ao petismo, estão sendo estorricados com tremenda rapidez, mas todos os processos envolvendo figuras do governo se arrastam em passo de tartaruga. Mesmo com a diligência da Polícia Federal – que até agora teve a sorte de fisgar apenas a oposição em gravações comprometedoras –, acusações cabeludas envolvendo ministros de Estado e uma babel de corruptos que saiu fumegando do governo rastejam com ares de que vai terminar em pizza.  

 No arremate, eu não defendo Demóstenes Torres. Eu desejo que os rigores alcancem todos os que já se envolveram em tramoias. Incluindo, principalmente, a turma do mensalão. Abomino a galera  do óleo de peroba que defende a falcatrua de uns e a punição de outros. Nós que sempre admiramos Demóstenes, somos os primeiros a exigir sua punição. Contudo, sem essa de caça às bruxas fingindo que ele, somente o Senador de ética fajuta, é que representa a podridão nacional.

Os tentáculos de Carlinhos Cachoeira são mais amplos, de uma abrangência que certamente assusta muita gente. Daí a necessidade de focar em bodes cujo berro seja capaz de aplacar a opinião pública. Os que estão quietos na moita, ali ficam e estamos conversados? Não concordo! O esquema deste Al Capone do Cerrado correu frouxo durante 17 anos. Com a conivência de personalidades que, muito convenientemente, fingem que nunca ouviram falar dele.

 Doa a quem doer, deixem o homem falar. Que investigadores minuciosos estejam dispostos a chafurdar em todo o lamaçal, inclusive remexendo nas inúmeras licitações, durante décadas, envolvendo a Delta e outras ramificações de Cachoeira. Que todas as pedras sejam reviradas, viadutos examinados, lixo revolvido, aprovações periciadas, construções analisadas e outras providências reveladoras. Não seria nenhuma surpresa descobrir que impostura, fingimento e simulação não fazem parte apenas do caráter do Senador moribundo. Ele é apenas farinha de um mesmo saco que deu azar de ser jogada no ventilador. Bem feito, mas quero mais. Oxalá as CPIs que prometem mexer no lodo tenham a coragem de apontar, e exorcizar, todos os que participaram do butim.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Os heróis da denarc

          Até para o cidadão comum, que pode se refugiar nos oásis dos condomínios fechados e fingir que não tem nada a ver com o submundo das drogas, assusta ver o inferno do narcotráfico dilacerando o cotidiano. Imagine o leitor o purgatório que enfrentam os policiais lotados na divisão de narcóticos. Como se não bastasse a proliferação de drogados – que não podem ser presos e atuam como zumbis imbatíveis – os agentes ganham pouco e trabalham em condições sofríveis.
 
          As quadrilhas organizadas possuem armamentos sofisticados, muito superiores aos das forças da lei, e os participantes das gangues não tem necessidade de prestar contas dos tiros que distribuem a granel. Seu faturamento milionário corrompe crianças, velhos, idosos e cidadãos que parecem acima de qualquer suspeita. Os tentáculos do crime atingem juízes, jornalistas, políticos, policiais, promotores e profissionais de todos os matizes. Um verdadeiro campo minado.

        Mesmo agindo no estrito caminho da legalidade quem se enrasca no combate aos cartéis enfrenta a fúria de gente encastelada nos direitos humanos, em ONGs de fachada, e está sujeito a sórdidas vinganças, ameaça a familiares e inúmeras armadilhas.
 
       O pior calvário é saber que não existe cadeia suficiente, que os advogados do banditismo são qualificados e que muitas vezes o traficante sai livre leve e solto, antes do policial que efetuou sua prisão chegar em casa. Mesmo assim, os bravos que atuam na denarc de Goiás continuam executando sua função.

        Admirável a persistência, coragem e heroísmo desses profissionais. Emociona constatar que eles não perdem a esperança e agem com respeito aos pais de família. É gratificante acompanhar, por exemplo, o trabalho da equipe Alfa sob a responsabilidade do delegado Eduardo Prado e sua equipe, composta pelos agentes Levi Moura de Sousa, Evangelis Cardoso dos Santos, Jesus P. Campos e escrivão Valdeir Gomes da Silva, que tem conseguido enfrentar com sucesso perigosas falanges.

        São heróis raramente reconhecidos. Não são os únicos, felizmente existem intrépidos colaboradores nas policias Militar e Civil que impedem a instalação da barbárie. Mas estão cansados e se nutrem apenas de uma particular motivação: dignificam o cargo que ocupam. Não fosse por eles, o frágil limite que impede o domínio das quadrilhas já teria sido rompido em terras do cerrado.
       
        Urge que se reconheça a necessidade de apoiar os que combatem o tráfico de drogas. Não é possível que continuem praticamente isolados em uma guerra que é de toda a sociedade. A denarc precisa de reforços em seu número de agentes, carece de veículos novos e possantes, merece armas e equipamentos modernos e verbas capazes de permitir investigações qualificadas.
 
         Mas acima de tudo isso, torna-se urgente vaga nos presídios e juízes menos flexíveis com a corja que mata pais de família e vicia crianças. Sendo hoje, mais do que nunca, uma profissão de altíssimo risco é necessária uma política qualificada de apoio estrutural garantindo proteção e auxilio aos familiares, seguro de vida e contra-cheque compatível com as agruras do cargo.

       Caso contrário vamos nos afundar em um lamaçal profundo e toda a sociedade será engolida pelo esgoto dos imprestáveis. As cracolândias que se multiplicam comprovam essa cruel realidade. Algumas dezenas de homens destemidos são importantes. Mas não podem vencer sozinhos os conflitos já instalados. Infelizmente reina, em todo o Brasil, a hipocrisia que não se envergonha. Fingimos apoiar os que combatem o narcotráfico e depois ficamos surpresos que os traficantes estejam tomando conta de todas as ruas.