Seguidores

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Acompanhe


O PMDB foi humilhado, e daí?

O PMDB que se delicia nas tetas do governo federal nem de longe lembra as honrosas atuações nas origens do MDB. Sempre disposto a engolir um pedaço do bolo administrativo, nas famosas benesses que acompanham cargos que respiram ares palacianos, o partido tornou-se vassalo de Lula numa submissão da causar asco. A bajulice foi tão escancarada que os caciques jogaram na latrina até princípios básicos democráticos que nortearam as raízes da agremiação. Fosse o contrário, a facção teria impedido, por exemplo, a entrada do neoditador Hugo Chávez no Mercosul.

Sem perceber que o estilo baba-ovo tem consequências, o PMDB demorou a notar que Lula considera a associação como uma espécie de “cosa da presidência”, cujas ações ele não precisa pedir, basta mandar. O interessante é que depois de anos aceitando o papel de garota de programa, com agrados, mimos e exigências presumíveis, a cúpula dá um chilique de virgem alardeando que não gostou da música tocada no prostíbulo.

A tal nota de repúdio da ala paulista, condenando a exigência de Lula a uma lista tríplice a ser lhe apresentada, é uma reação tardia que só engana neófitos na politiquice. O presidente usa com o PMDB a surrada tática do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. A tal ameaça de lançar um candidato próprio ao Planalto, é um blefe sem cartas capazes de levar o jogo a bom termo.

Mantendo níveis de aclamação popular que lhe dá status de um imperador moderno, Lula acha até graça da insubordinação como showzinho de última hora. Ele sabe como poucos que a humilhação pode ser aplacada com os mimos de sempre. Nenhum partido, sequer o PT que o levou ao poder, tem prioridade na meta do presidente. Tanto que Dilma Rouseff é uma invenção dele enfiada goela abaixo nos históricos do partido.

Imaginar que o “lulacentrismo” vai dar a mínima bola para um vice que não mereça sua extrema unção é quimera. Fantasias dos que colaboraram com o mito endeusado nas telas de cinema. O PMDB, apontado em prosas e versos como o maior partido da América Latina, é um gigante manso e incapaz. Tem remédio. Claro que sim, basta mostrar coragem.

Mas para isso é necessário agir nos limites de um milagre. Primeiro, abandonar as sinecuras do poder e, segundo, deixar – para valer mesmo – de ser apenas um apêndice nas decisões que interessam ao líder supremo. Com base na cronologia do servilismo já demonstrado, não tenho razões para acreditar que o atual PMDB vai se tornar independente.

No máximo, vai acender velas capazes de agradar santos e capetas de todos os matizes. Assim sendo, poderá sentar na confortável poltrona que acomoda a base aliada do governo. Seja ele quem for. É a tradição de mudar os reis e manter a mesma corte. O papel de bobo é o do contribuinte. Cargo merecido e vitalício.



Rosenwal Ferreira é jornalista e publicitário

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Estupidez e genialidade em Pirenópolis

Considerada como a joia do Cerrado, a bucólica cidade de Pirenópolis é de uma beleza que embriaga os turistas. Não é por mero acaso que a histórica cidade, que recebe o beijo da natureza no abraço de serras, cachoeiras a casarões seculares, atrai mestres da Medicina complementar. Alguns deles são dedicados cientistas cujo acervo cultural dignifica o Brasil. Uma dessas raridades é o conhecido farmacêutico dr. Wellington Lee Schetinger.

Além de ser um dos mais conceituados especialistas da América Latina em chás medicinais extraídos de plantas do Cerrado, sua modesta clínica é um alívio aos que sofrem de dores crônicas incuráveis e enfermidades com difícil ou impossível tratamento na medicina tradicional. Seu domínio em técnicas orientais como acupuntura, massagens Tui Na e outras habilidades, causa admiração até mesmo entre os mestres chineses.

Entre proezas que já se tornaram famosas no município – ele recebe pacientes de todos os países do mundo – ele cultivou na cidade, durante três anos, o mais completo jardim fitoterápico que já se teve notícia, plantando cuidadosamente, em forma de um mandala, plantas nativas capazes de curar.

Infelizmente o projeto foi abandonado vítima da ignorância da classe política. O atual prefeito não achou interessante a iniciativa do antecessor, mesmo tendo usufruído dos benefícios do generoso dr. Lee. Recentemente prometeu reavaliar. Quem sabe um sopro de inteligência faça retornar tão inédita cultura.

Infelizmente o dedicado Lee Schetinger, assim como todas as pousadas, restaurantes e cidadãos, é obrigado a conviver com lado estúpido e atrasado de Pirenópolis: a poluição sonora, via carros de som que urram nas estreitas vias públicas. Ignorando que se trata de um local turístico para descanso e lazer, as tais boates ambulantes gritam informações na maior inferneira.

A não ser para os uns poucos ignorantes – e aos minguados com interesse no faturamento – ninguém suporta a tal zorra. Alguns vereadores mais instruídos até que já tentaram impedir a aberração. Recuaram frente à turma do mal que infelizmente continua predominando em todas as cidades. Esquecem eles que uma proibição seria uma vitória da comunidade.

Que estilo de gente ordinária imagina que turistas, pessoas idosas e crianças, se deleitam com a invasão de urros, anunciando festas, cortejos fúnebres ou venda de salgadinhos. Toda essa zorra é realizada a qualquer hora e, principalmente, nos fins de semana. Ninguém merece. Está certa a filosofia de Nietzsche: Deus errou em limitar a inteligência esquecendo-se de restringir a burrice. Em todo caso, ainda existem os tampões de ouvido e a certeza de que, entre erros e acertos, Pirenópolis é o máximo.



Rosenwal Ferreira é jornalista e publicitário

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Roubaram a ciclovia do Maurício Beraldo

Nada como o registro histórico para dar a Maurício o que não pertence a José. Explica-se: muito embora a paternidade da ciclovia tenha sido reivindicada por diversos autores que aproveitam para montar em cavalo arriado, foi o vereador Maurício Beraldo, aceitando um desafio feito aos vereadores da Câmara Municipal de Goiânia em meu programa diário, na época apresentado na Rádio Interativa FM, que se entusiasmou realizando um qualificado projeto do uso de bicicletas na Capital.

Há muitos carnavais, Beraldo esteve pessoalmente no meu escritório, na Praça do Cruzeiro, checando alguns detalhes sobre o assunto e se inteirando dos pormenores do que eu havia selecionado. Alguns meses depois realizamos um programa na TV (no já tradicional Opinião em Debate) que tenho documentado, falando especificamente sobre o tema. Na ocasião, como forma de atrair a atenção dos telespectadores, convidamos cientistas locais que apresentaram versões de bicicletas elétricas e motorizadas, produzidas em Goiás.

Procurando dar bom exemplo comprei uma delas e, mesmo tendo um excelente veículo na garagem, passei a ir ao trabalho acelerando a maquineta que exigia boas pedaladas na subida da Av. 85. Considerei genial o fato de o veículo fazer mais de 40 quilômetros com um litro de gasosa.

Como a divulgação não remunerava os cofres da emissora, minha boa intenção foi abortada na raiz visto que, na época, não houve interesse em dar sequência ao que idealizei sem nenhuma intenção de lucrar. Amuado, deixei de indicar as tais bikes. Sem apoio, e sem capital para continuar a modestíssima industrialização, a pequena fábrica terminou fechando.

Anos depois me parece claro que a ideia foi habilidosamente aproveitada. Mas não com o propósito inicial. A atual ciclovia é um fantasma que não serve aos trabalhadores. Como peça de marketing é um encanto. Mas, convenhamos, transformou-se num entretenimento, um refresco a mais, para que uma elite possa desfilar exercitando pedaladas.

O que vislumbrei, e que está previsto na iniciativa da Câmara, é um trajeto a ser utilizado pelos operários. Algo capaz de oferecer segurança a quem deseja diminuir despesas no transporte e uma real alternativa para deixar o turbinado na garagem.

Considero aceitável a apropriação de um plano sem mencionar ou dar crédito à sua origem. Afinal de contas sou um concorrente na Rede Sucesso FM, 98,3, das 12 às 13h, com uma equipe de 18 profissionais qualificados, testemunhas dos episódios narrados. Lamentável é a deturpação de algo idealizado com seriedade.

É fundamental esclarecer que esse artigo foi escrito em deferência ao vereador Maurício Beraldo, político que já critiquei duramente e que solicitou a correção. Seus argumentos, principalmente o de que o público esquece, mas cabe à imprensa lembrar, me convenceram a realizar um respeitoso registro.

O pronunciamento de Maurício Beraldo realizado na tribuna ontem explica todos os detalhes da Lei Complementar nº 169, de 15 de fevereiro de 2007. Portanto, muito antes da empreitada ciclística com perfume importado, realizada nos finais de semana, para o divertimento de quem pode visitar a Disney nos Estados Unidos.

Copiar iniciativas, adornando-as com um enfeite diferente para dar um ar de originalidade, é algo comum no cerrado goiano. Muitos consideram a prática como normalidade que não fere a ética. O Diário da Manhã foi imitado em muitas de suas iniciativas pioneiras. Fazer o quê? Normalmente é melhor esquecer. No caso em questão, o vereador Maurício Beraldo mostra o DNA exigindo o que lhe pertence. Seria covardia negar-lhe esse direito. Principalmente sendo protagonista principal de uma ação importante em sua carreira política.



Rosenwal Ferreira é jornalista e publicitário