Saltitante e colhendo os louros de sua mais recente
façanha, o impagável - e coloca impagável nisso - Paulo Salim Maluf declarou
triunfante: “Perto do Lula, sou comunista”. Para o leitor que perdeu o bonde da
notícia, a proeza zero quilometro do Deputado Federal foi se reunir com Lula
nos aprazíveis arvoredos de sua mansão na capital paulista com direito a
afagos, elogios mútuos e fotografias com modernas câmaras digitais. Seria
apenas um trivial pacto de interesses se não fosse o histórico azedume que
pautou o relacionamento das carimbadas figuras políticas. Os mais ingênuos
chegaram a acreditar que eles bebiam em fontes ideológicas diametralmente
opostas.
A sessão me engana
que eu gosto. O toma lá dá cá de provocar nojo já rendeu críticas de todas as
facetas. Mas ainda vale entender que tipo de sangue corre nas veias de uma
afirmação com ares de paralogismo. Para o petismo com origens no sindicalismo
“ululante”, Maluf é a representação máxima da direita intragável. Sempre
foi. Se intitular de comunista é uma heresia até para os stalinistas que
cultuam o capeta, mas não acreditam em Deus.
A sutileza é que o
homem injustiçado pela Interpol, - agência que ignora sua importância para o PT
de Haddad e deseja vê-lo atrás das grades - se considera um filhote de Karl Max
no comparativo com o ex-presidente. Para o desgosto da esquerda raivosa, essa
que mama nas generosas tetas do governo via Lula lá, Maluf tem sólidos
argumentos.
Afinal de contas,
reforça o dono da Eucatex, Luiz Inácio Lula da Silva foi, e ainda continua
sendo, um petista que defende os banqueiros com mais vontade do que ele. Da forma
que exerceu a presidência, enfatiza Maluf, “eu diria que ele está à minha
direita. Eu não teria tanta vontade de defender os bancos e multinacionais como
ele defendeu. Eu Paulo Maluf, industrial, estou à esquerda de Lula”. Eu
heim!!?? Dá para dormir com um barulho destes??
Claro que dá! A estrela-mor do PT não se constrange
com mais nada. Como pode comprovar Maluf, “no almoço ele estava alegre e
feliz”. Só não falou porque o próprio Salim lhe passou um pito: “não fala,
presidente. Por causa do problema na garganta”. O engasgo de Lula não está na
goela. Ele se enrasca na busca do poder a qualquer custo. É uma fome tão
insaciável que até prometeu morder a canela dos adversários. Experiente, Maluf
destaca que seu mais novo amigo “foi uma grata revelação do livre mercado, da
livre iniciativa”. Acrescenta-se que empolgou ao ponto de inovar o feirão persa
na aquisição de políticos dispostos a se vender.
Rosenwal Ferreira
Jornalista e Publicitário
@RosenwalF
Jornalista e Publicitário
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