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terça-feira, 31 de julho de 2012

Estamos massacrando os nossos policiais.


          O nível de criminalidade no país atingiu níveis que sufoca a convivência social e na prática, nos coloca no epicentro de uma guerra civil. O mais incrível são os últimos heróis atuantes na trincheira que nos separa da barbárie e do caos generalizado são tratados com o tempero do desprezo.

Os policiais brasileiros vivem um pesadelo pior do que soldados infiltrados em guerra no solo inimigo. Nos conflitos internacionais os que se lançam nas batalhas possuem, no mínimo, o apoio de segmentos importantes da sociedade que defendem. Aqui, nem isso.

Boa parte da nossa imprensa age no fermento da hipocrisia, criticando o policial quando opera e quando deixa de operar. O agente da lei se engasga numa eterna armadilha. É muito comum, por exemplo, o sujeito enfrentar quadrilhas armadas até os dentes que já chegam atirando, e quando o bandido morre na troca de tiros a manchete afirma que foi em "suposto" confronto. Dizem que esse é o modelo politicamente correto e o banditismo se delícia com isso. Mesmo que esteja completamente errado fica plantada a semente da suspeita.

Acossado por todos os lados, os que combatem as falanges do mal morrem sedentos num deserto em que falta tudo. Não existem presídios suficientes, o sistema prisional é uma farsa que permite criminosos comandar seus comparsas na segurança e tranquilidade das celas, as delegacias funcionam na base do improviso e a legislação só falta mandar ramalhetes de flores a delinquentes de todos os matizes.

Nesse contexto de anêmico apoio estrutural, até nos admira que ainda existem valorosos brasileiros que, todos os dias, saem às ruas para cumprir a ingrata missão de enfrentar criminosos. É inadmissível que os tubarões que controlam o destino da nação, protegidos e encastelados em suas ilhas da fantasia - sempre à custa do povão brasileiro via brutal carga tributária - não enxerguem a urgência em modificar essa babel de distorções e injustiças.

É de estarrecer que a classe dominante não veja a necessidade em estabelecer uma política de governo, efetiva e permanente, para enfrentar a epidemia de insegurança que corrói a nação. Dizem as más-línguas que eles temem um processo amplo de combate à impunidade, e reforço aos que se dedicam a peitar quadrilhas, com receio de sobrar uma vaga para eles no camburão. Obtusos, gananciosos e envenenados pelo delírio do poder, não enxergam que assassinos e bandoleiros já não respeitam seus, outrora protegidos, condomínios fechados.

Rosenwal Ferreira
Jornalista e Publicitário
@RosenwalF

quinta-feira, 19 de julho de 2012

O deputado inconveniente X Tenente Coronel grosseiro



Que o Deputado Mauro Rubem possui uma aversão crônica aos que se dedicam ao árduo ofício de manter a ordem no Estado, não é uma novidade para quem acompanha sua carreira com senso crítico. Ele sofre de uma miopia que acompanha a esquerda raivosa e enxerga na farda os requícios da ditadura que assolou o País. Uma distorção que o impede de avaliar o policial como vítima da maré de violência que nos engole o cotidiano. Crítico ferrenho das ações militares, não apresenta nenhuma solução alternativa para enfrentar o banditismo truculento. Sonha manter batalhões que agem na cordialidade da guarda Suíça, mas não oferece a fórmula de combina-lo com os facínoras.
Mesmo inserido neste contexto, não se pode desprezar sua importante função catalisadora de oferecer denúncias a serem investigadas. Seu papel é esse mesmo. Não concordo que ele cometeu um deslize ao dar nomes aos bois na escabrosa delação contida no e-mail apócrifo. Nos bastidores, o nome dos envolvidos se tornou o arroz com feijão de todos os jantares. Ao alardear as acusações, permitiu que os citados pudessem se defender, instigou investigações e tornou inevitável um desfecho capaz de punir caluniadores e/ou culpados.
Quanto ao Tenente Coronel Wellington Urzêda – um oficial com carreira de linha parruda que leva as insígnias da farda no brio dos coturnos – que ficou no olho do furacão, é de se entender que ficou indignado com o teor das revelações. Denúncias sem rosto e sem nome exalam covardia. Mas, convenhamos, se parte da história for verdadeira quem não borraria de receio de se transformar em churrasco do extermínio?
Até o momento, o que se condena nas atitudes do oficial forma suas palavras grosseiras, que deram um tom de arrogância. Na qualidade de servidor público, mesmo com a adrenalina da indignação, devia manter equilíbrio nas frases de efeito para evitar a sensação de confronto. É de se destacar que ele foi jogado aos leões sem o necessário respaldo. Entrevistas que envolvem emoções vulcânicas devem manter a baliza do profissionalismo. Se ele detém o respeito dos superiores, e tudo indica que sim, pois ainda está no cargo, onde se enfiou a assessoria de imprensa da PM? Pois é. Faltou gestão.
No frigir dos erros de conduta, assassinatos, escaramuças, acusações, ações nebulosas e falta de preparo, fica a ingrata sensação de que tudo está de pernas para o ar. Altercações entre autoridades não soluciona coisa alguma. É mais lama em águas turvas.
Rosenwal Ferreira
@rosenwalf

quarta-feira, 11 de julho de 2012

A segurança pública no lamaçal


      A despeito da presença de excelentes profissionais na estrutura da segurança pública de Goiás, os pais de família estão sendo trancafiados pelo banditismo ou expulsos de seus bairros tendo como única opção de alívio os condomínios fechados. Remoemos um lamaçal que se assemelha a um tétrico novelo sem começo e nem fim. Os tentáculos do crime se agitam em todas as esquinas, o nível de solução de homicídios se entope no conta-gotas de vergonha e existe o nítido sentimento de que não existem trincheiras capazes de conter a criminalidade acelerada.
        O termômetro do intolerável chegou ao nível máximo. Suspeitos de crimes bárbaros parecem encastelados nos próprios órgãos destinados a combater a criminalidade. Uma situação semelhante a que envenenou a cidade do Rio de Janeiro. O que fizeram os cariocas? Depois de algumas escaramuças inúteis, decidiu-se reagir unindo todas as forças sociais. Houve um pacto silencioso, mas extremamente produtivo, entre Judiciário, Legislativo e Executivo. Todos coesos, numa rara união com apoio da imprensa, em torno de um homem sério – Secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame – que elaborou um projeto audacioso e não recuou de seu firme propósito.
        Foi uma reação com octanagem profissional à altura da empreitada. Resultado: a cidade maravilhosa começou a exportar criminosos e vencer uma guerra em curso. A lição não está sendo aproveitada pelos dirigentes goianos. Estamos vivendo uma espécie de operação tapa-buracos remendando ações. A sensação é de que não existe um projeto para o difícil setor. Falta-nos um elemento catalisador à la Beltrame.
       Tirando as maçãs podres que urgem sem serem desmascaradas, a crítica não pode ter como foco a forças da Policia Civil ou Militar. A turma do operacional é bucha de canhão na guerrilha urbana desenfreada. Urge vontade política e choque de gestão. Basta de fingimento, quase tudo se arrasta para a linha da sucata. Não existe xilindró suficiente, muitas delegacias se alinham com taperas, faltam recursos tecnológicos, armamentos sofisticados e pessoal treinado.
      É de se reconhecer que o Governo Federal lava as mãos e está longe de fazer sua parte. Mesmo assim nada justifica o atoleiro que nos sufoca. A barrigueira se afrouxou de tal forma que estamos perdendo os arreios da civilidade. Tanto que, principalmente nas periferias, a capital passou a atrair assassinos de outros Estados a se refugiar no impune conforto do cerrado.    
     O sinal vermelho já foi acionado. Qualquer dia destes sequer terá semáforos para nortear o trânsito. Assaltos, assassinatos, invasão de domicílios, roubos de veículos e tráfico a céu aberto, dão um tom de diversão em todos os quadrantes. Uma festa que só os malfeitores têm motivo para comemorar. Rezar ajuda, claro. Mas sem arregaçar as mangas fica difícil.
Rosenwal Ferreira
Jornalista e Escritor
@RosenwalF

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Agenor Mariano, o vice de sonhos e pesadelos



     Mostrando que os problemas de coluna não afetaram sua liderança política, Iris Rezende Machado enfiou o vereador Agenor Mariano – seu novo pupilo – goela abaixo como vice na dobradinha com o atual prefeito Paulo Garcia. Petistas com os quais eu conversei acharam uma maravilha. Analisam que Agenor é uma espécie de meninão adocicado que não faz sombra à ninguém. A tese é ingênua considerando que o moço é um mestre nas ações de bastidores. É de se constatar que, entre os possíveis candidatos, a lógica não o indicaria como a melhor opção.

     Não dá para compará-lo com os Deputados Wagner Siqueira ou Samuel Belchior. A unção de Iris até hoje se agasta numa indigestão com críticas que se arrota nos corredores. O consenso ostentado existiu apenas para alarde na imprensa. Como é de praxe num partido que se ajoelha a um cacique histórico, a chiadeira se dá à boca miúda com uma enxurrada de pragas de dar calafrios.

     Para quem não tem nada com as escaramuças que envolvem interesses contrariados e/ou vantagens umbilicais, incomoda saber que o tenro Agenor possui ligações intensas com o setor que enriquece à custa da especulação imobiliária. Alguns de seus fecundos admiradores são empresários lúcidos que atuam com ética. Outros nem tanto.

    Recentemente, indo contra as orientações do próprio Paulo Garcia, Agenor procurou impedir que os últimos resquícios de mata verde que circundam a capital pudessem ser protegidos num dos mais racionais projetos de lei aprovados em defesa da ecologia. Desconsiderando 25 anos de luta da comunidade, na reta final, Agenor alegou a necessidade de realizar consultas públicas que já haviam sido concretizadas. Quando se viu derrotado, recuou taticamente afirmando que resta agora fiscalizar e obedecer ao que o prefeito sancionou.

     É isso mesmo. Um grupelho que Agenor conhece já se babava pensando nos lucros ao construir formigueiros humanos destrutivos. A possibilidade de Agenor Mariano, na condição de vice- prefeito, ou na eventual substituição de Paulo Garcia, influenciar no recuo da preservação é um pesadelo.

      Aprendi duras lições jornalísticas com o caso Avestruz Master e com o affair entre o Senador Demóstenes Torres e o contraventor Carlos Cachoeira: deixar de investigar, escrever e alertar – com base no que se alardeia nos botequins da cidade – é tapar o sol com peneira enferrujada. Mesmo sendo grato a Agenor Mariano pela cordialidade e apreço que sempre me dispensou, estou na base de colocar até as barbas de Lula no molho especial da cautela. Espero que sua atuação seja capaz de limpar a estranha sensação que paira em torno de sua parceria com especuladores do Armageddon.     

     Esse desgaste, digamos assim intra corporis, é a parte mais fácil nos caminhos do homem com mais chances de substituir Paulo Garcia caso ele seja eleito.

Rosenwal Ferreira
Jornalista e Publicitário
@rosenwalF