O nível de
criminalidade no país atingiu níveis que
sufoca a convivência social e
na prática, nos
coloca no epicentro de uma guerra civil. O mais incrível são os últimos heróis atuantes na
trincheira que nos separa da barbárie e do caos generalizado são tratados
com o tempero do desprezo.
Os policiais
brasileiros vivem um pesadelo pior do que soldados infiltrados em guerra no
solo inimigo. Nos conflitos internacionais os que se lançam nas
batalhas possuem, no mínimo, o apoio
de segmentos importantes da sociedade que defendem. Aqui, nem isso.
Boa parte da
nossa imprensa age no fermento da hipocrisia, criticando o policial quando opera
e quando deixa de operar. O agente da lei se engasga numa eterna armadilha. É muito comum,
por exemplo, o sujeito enfrentar quadrilhas armadas até os dentes
que já chegam
atirando, e quando o bandido morre na troca de tiros a manchete afirma que foi
em "suposto" confronto. Dizem que esse é o modelo politicamente correto e o
banditismo se delícia com isso.
Mesmo que esteja completamente errado fica plantada a semente da suspeita.
Acossado por
todos os lados, os que combatem as falanges do mal morrem sedentos num deserto
em que falta tudo. Não existem
presídios
suficientes, o sistema prisional é uma farsa que permite criminosos
comandar seus comparsas na segurança e tranquilidade das celas, as
delegacias funcionam na base do improviso e a legislação só falta mandar
ramalhetes de flores a delinquentes de todos os matizes.
Nesse contexto
de anêmico apoio
estrutural, até nos admira
que ainda existem valorosos brasileiros que, todos os dias, saem às ruas para
cumprir a ingrata missão de
enfrentar criminosos. É inadmissível que os
tubarões que
controlam o destino da nação, protegidos
e encastelados em suas ilhas da fantasia - sempre à custa do povão brasileiro
via brutal carga tributária - não enxerguem a
urgência em
modificar essa babel de distorções e injustiças.
É de
estarrecer que a classe dominante não veja a necessidade em estabelecer
uma política de
governo, efetiva e permanente, para enfrentar a epidemia de insegurança que corrói a nação. Dizem as más-línguas que
eles temem um processo amplo de combate à impunidade, e reforço aos que se
dedicam a peitar quadrilhas, com receio de sobrar uma vaga para eles no camburão. Obtusos,
gananciosos e envenenados pelo delírio do poder, não enxergam
que assassinos e bandoleiros já não respeitam
seus, outrora protegidos, condomínios fechados.
Rosenwal Ferreira
Jornalista e Publicitário
@RosenwalF