Para atender os vampiros políticos que sugam mais do que o sangue do contribuinte brasileiro, a carga tributária atingiu níveis de extraordinário e intolerável confisco. Enquanto uma casta de juquinhas, malufs e cia Ltda. abarrota os cofres particulares enriquecendo sem que o Leão os incomode, milhões de escravos assalariados não têm como se livrar de mordidas que rasgam o orçamento cotidiano. A criatividade para se inventar novas formas de arrecadação, ou aumentar as que já existem, é um assombro. Só nos falta inventar a tarifa do arroto e do bocejo público.
Para se ter uma ideia, se no dia dos pais lhe der na telha de comprar um perfume de bom gosto para o velho ficar cheiroso, vai amargar 78,3% de impostos. Uma carga tão absurda que não possui parâmetro em nenhum lugar do planeta. Um perfume nacional – que mal se fixa do elevador à garagem – já se atola em 69,3% de tributos. Um simples relógio, considerado item supérfluo pela obtusa lógica brasileira, agrega 53,14%, mais da metade do valor, que entra no bueiro de Brasília.
Qualquer item simples recebe taxações inacreditáveis. Uma caneta – uma merreca de um pequeno tubo com tinta – engata tributos de 47,49%. Assim não dá. Uma bola de futebol, quase um direito nacional do cidadão, tem que rolar 46,49% para os deuses do poder. Um modesto cinto de couro, para garantir que a calça do genitor não venha a cair em público, se atropela em 40,62%, que vão para as lambanças ao estilo Denit. Uma simplória calça jeans ou uma camisa há de embrulhar 38,53% no ralo mal aplicado.
Um computador para auxiliar o cacique da família engasga 33,62% de imposto. Se depois dessas dolorosas constatações você jogar a toalha e apenas levar seu pai a um restaurante, vai padecer em 32,31% de tributos. Se for na base do esqueça, decidir-se por algo cultural – que nos países civilizados é isento de taxas – e optar por entregar um livro, não tem escapatória: 15,52% vão para as burras da classe que controla a nação.
Só pedindo socorro e se aninhando nos braços da mamãe. Por enquanto, mas só por enquanto, ainda não conseguiram tramar uma forma de tirar proveito do carinho de mãe. Mas nem é bom falar demais. Pois sempre existe um sacripanta mais do que disposto a explorar o povão. Socorro!
Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário
Twitter: @rosenwalf