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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Socorro! Quero minha mãe.

Para atender os vampiros políticos que sugam mais do que o sangue do contribuinte brasileiro, a carga tributária atingiu níveis de extraordinário e intolerável confisco. Enquanto uma casta de juquinhas, malufs e cia Ltda. abarrota os cofres particulares enriquecendo sem que o Leão os incomode, milhões de escravos assalariados não têm como se livrar de mordidas que rasgam o orçamento cotidiano. A criatividade para se inventar novas formas de arrecadação, ou aumentar as que já existem, é um assombro. Só nos falta inventar a tarifa do arroto e do bocejo público.

Para se ter uma ideia, se no dia dos pais lhe der na telha de comprar um perfume de bom gosto para o velho ficar cheiroso, vai amargar 78,3% de impostos. Uma carga tão absurda que não possui parâmetro em nenhum lugar do planeta. Um perfume nacional – que mal se fixa do elevador à garagem – já se atola em 69,3% de tributos. Um simples relógio, considerado item supérfluo pela obtusa lógica brasileira, agrega 53,14%, mais da metade do valor, que entra no bueiro de Brasília.

Qualquer item simples recebe taxações inacreditáveis. Uma caneta – uma merreca de um pequeno tubo com tinta – engata tributos de 47,49%. Assim não dá. Uma bola de futebol, quase um direito nacional do cidadão, tem que rolar 46,49% para os deuses do poder. Um modesto cinto de couro, para garantir que a calça do genitor não venha a cair em público, se atropela em 40,62%, que vão para as lambanças ao estilo Denit. Uma simplória calça jeans ou uma camisa há de embrulhar 38,53% no ralo mal aplicado.

Um computador para auxiliar o cacique da família engasga 33,62% de imposto. Se depois dessas dolorosas constatações você jogar a toalha e apenas levar seu pai a um restaurante, vai padecer em 32,31% de tributos. Se for na base do esqueça, decidir-se por algo cultural – que nos países civilizados é isento de taxas – e optar por entregar um livro, não tem escapatória: 15,52% vão para as burras da classe que controla a nação.

Só pedindo socorro e se aninhando nos braços da mamãe. Por enquanto, mas só por enquanto, ainda não conseguiram tramar uma forma de tirar proveito do carinho de mãe. Mas nem é bom falar demais. Pois sempre existe um sacripanta mais do que disposto a explorar o povão. Socorro!

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário

Twitter: @rosenwalf

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Por que destruir o setor Marista?

A expansão urbana criminosa está engolindo a cidade como se fosse uma enorme jiboia a esmagar as entranhas da capital triturando a qualidade de vida para saciar a ganância de empreiteiras inescrupulosas, empresários irresponsáveis, políticos corruptos, fiscais ineptos e uma babel de ordinários que não se importam com os destinos da comunidade. A liberação de arranha-céus, que paradoxalmente vão garantir o inferno metropolitano, obedece apenas critérios do lucro fácil.

Qualquer analista amador percebe claramente que o quadrilátero do Parque Flamboyant – apenas para citar um exemplo bem recente de suicídio urbano anunciado – obteve autorizações de construção que rasgam todas as normas de bom senso, planejamento e respeito ao meio ambiente. A concentração de pavimentos encaixotados, com andares de cimento praticamente se atritando uns com os outros, destruiu a concepção de um local aprazível próximo a uma área de lazer saudável. O excesso de moradores já transformou a região numa espécie de lata de sardinha de luxo. Tudo muito refinado, mas entupido de problemas que poderiam ser evitados. Permissões já orquestradas representam a garantia de que tudo vai piorar.

O trilho da inconsequência segue firme em direção ao antes tranquilo setor Marista. As obras em andamento provam que a cupidez não tem limites. Será mais um bairro a entrar para o bueiro da leviandade, enriquecendo os espertalhões que criam formigueiros humanos com alto teor cancerígeno.

A ânsia por lucros na especulação imobiliária não respeita sequer a possibilidade de faltar água na capital. Já garantidos nos bairros nobres a turma de sempre lambuzou de veneno o pouco que resta da área verde que circunda Goiânia. Certos que não terão resistências na Prefeitura ou na Câmara Municipal, já adiantam projetos capazes de devastar nichos ecológicos importantes. Felizmente nem todos estão dispostos a participar do bueiro da mesquinharia. Membros zelosos do Ministério Público e entidades como a VerdiVale já estão lutando para diminuir a velocidade da desgraça.

Respondendo à pergunta que encabeça o título da matéria: “Por que destruir o setor Marista?”. Porque é fácil demais. Não existe dificuldade alguma para arruinar o que bem entender na capital. Basta molhar mãos que se estendem em alegria para serem cúmplices no bacanal. Que nojo.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário

Twitter: @rosenwalf

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Vexame na Segurança Pública. Alguém será punido?

Assim como milhares de pais de família, eu vibrei quando a estrutura policial de Goiás colocou algemas no maior ladrão de veículos em ação no quadrilátero do cerrado. Com o respaldo de um advogado brucutu, (Dr. Hortiz da Cruz) que se deu ao luxo de ameaçar um fotógrafo do Diário da Manhã, o moço encarnou um riso cínico como se roubar milhares de automóveis fosse a coisa mais natural do mundo. Ingênuo como todo cidadão correto imaginei que ele e sua quadrilha iriam amargar um bom tempo na cadeia.

Foi um choque – eu ainda faço parte de uma minoria de brasileiros que ainda se indignam com absurdos cotidianos – saber que o perigoso larápio, na maior tranquilidade abriu um cadeado, pulou um muro e fugiu da delegacia de braços dados com seus companheiros de quadrilha. Tudo simples, prático, sem agredir ninguém, todos desarmados e na maior alegria. Com razão. Uma vez livres, podem escolher o turbinado dos sonhos a ser retirado de um cretino qualquer na primeira esquina do bairro. Tudo é festa.

A pergunta que fica é a seguinte: vai ficar por isso mesmo? Ninguém será punido ou responsabilizado pelo inacreditável vexame? Por que os goianos estão se acostumando a aceitar ações com tamanho despreparo? A indignação resulta apenas numa matéria de jornal e estamos conversados? O fato que se engasga numa desmoralização absurda do aparato policial, deveria se transformar em revolta, em mobilização para uma drástica mudança nas diretrizes da Secretaria de Segurança Pública.

No entanto existe uma ideia introjetada de que não é possível fazer nada. Que não existem cadeias suficientes, que o banditismo tomou conta de tudo e que fugas são normais. Está errado. O Estado tem o dever de proteger o cidadão e tomar todas as providências para que um bandido tão perigoso seja mantido atrás das grades. Quem for responsável por essa tarefa e não tiver competência, ou condições para realizá-la, que entregue o cargo.

Mesmo com todas as dificuldades administrativas, sabendo que a oposição irresponsável está sufocando os recursos federais capazes de auxiliar o povo goiano, o governador Marconi Perillo não pode aceitar erros tão brutais. Não é possível que somente os proprietários de veículos, hoje à mercê da quadrilha foragida, sejam os únicos punidos.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário

Twitter: @rosenwalf

Vexame na Segurança Pública. Alguém será punido?

Assim como milhares de pais de família, eu vibrei quando a estrutura policial de Goiás colocou algemas no maior ladrão de veículos em ação no quadrilátero do cerrado. Com o respaldo de um advogado brucutu, (Dr. Hortiz da Cruz) que se deu ao luxo de ameaçar um fotógrafo do Diário da Manhã, o moço encarnou um riso cínico como se roubar milhares de automóveis fosse a coisa mais natural do mundo. Ingênuo como todo cidadão correto imaginei que ele e sua quadrilha iriam amargar um bom tempo na cadeia.

Foi um choque – eu ainda faço parte de uma minoria de brasileiros que ainda se indignam com absurdos cotidianos – saber que o perigoso larápio, na maior tranquilidade abriu um cadeado, pulou um muro e fugiu da delegacia de braços dados com seus companheiros de quadrilha. Tudo simples, prático, sem agredir ninguém, todos desarmados e na maior alegria. Com razão. Uma vez livres, podem escolher o turbinado dos sonhos a ser retirado de um cretino qualquer na primeira esquina do bairro. Tudo é festa.

A pergunta que fica é a seguinte: vai ficar por isso mesmo? Ninguém será punido ou responsabilizado pelo inacreditável vexame? Por que os goianos estão se acostumando a aceitar ações com tamanho despreparo? A indignação resulta apenas numa matéria de jornal e estamos conversados? O fato que se engasga numa desmoralização absurda do aparato policial, deveria se transformar em revolta, em mobilização para uma drástica mudança nas diretrizes da Secretaria de Segurança Pública.

No entanto existe uma ideia introjetada de que não é possível fazer nada. Que não existem cadeias suficientes, que o banditismo tomou conta de tudo e que fugas são normais. Está errado. O Estado tem o dever de proteger o cidadão e tomar todas as providências para que um bandido tão perigoso seja mantido atrás das grades. Quem for responsável por essa tarefa e não tiver competência, ou condições para realizá-la, que entregue o cargo.

Mesmo com todas as dificuldades administrativas, sabendo que a oposição irresponsável está sufocando os recursos federais capazes de auxiliar o povo goiano, o governador Marconi Perillo não pode aceitar erros tão brutais. Não é possível que somente os proprietários de veículos, hoje à mercê da quadrilha foragida, sejam os únicos punidos.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário

Twitter: @rosenwalf

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Vereador Rusembergue e a legislação Lacto Purga

Apesar de a cidade se atolar em graves problemas tais como gargalos insolúveis na área de trânsito, ausência de atendimento medico satisfatório, crimes a granel, poluição sonora, fedentina no quadrilátero do Balneário Meia Ponte e outras iniquidades, o vereador Rusembergue parece não ter o que fazer. Ao invés de amolar uma enxada e capinar um lote (terrenos baldios sujos são um problemão a ser resolvido), ele está se dedicando a um arremedo de lei que ouso batizar de Lacto Purga. A estapafúrdia proposta entra no rol das ideias diarréicas. Servem apenas para perder tempo.

Incomodado com nomes estrangeiros que ele não gosta – justo ele que se chama Rusembergue – pretende impedir que expressões de outras línguas possam batizar edifícios e estabelecimentos comerciais de Goiânia. Alguém de bom senso tem que explicar ao membro do PRB que estamos numa democracia que respeita o direito privado. Assim como o pai do distinto vereador deu na telha de chamá-lo assim – ignorando excelentes nomes tupiniquins e portugueses – o cidadão que ergue um comércio ou edifício particular com recursos próprios tem a prerrogativa legal de nominá-lo como bem entender. Se der vontade, batiza de Rusembergue. Já pensaram que chique uma “Detetizadora Rusembergue Ltda.”?

Com licença senhor político, a iniciativa não tem com vingar porque é inconstitucional. Esbarra em direitos básicos de cidadania e liberdade de escolha. O pior mesmo é o argumento do vereador: “O uso abusivo de palavras estrangeiras, causa incômodo, constrangimento às pessoas humildes, que sequer dominam o próprio idioma pátrio”. Bobagem. O pobre não tem dinheiro, mas não é estúpido. Tanto que pessoas analfabetas memorizam canções inteiras em inglês ou francês e assimilam com rapidez vocábulos em outras línguas. Esse deve ser um complexo muito pessoal.

Evidente que a Câmara não vai perder tempo com tal asneira. Mas já pensaram o tamanho da encrenca? Goiânia seria a única capital do planeta a banir Shopping Centers, a rede de McDonald’s teria que procurar outra freguesia, nada de filial do Carrefour, as Lan Houses seriam eliminadas, vade retro em alugar um smoking, jamais abriríamos um Night Club e vai por aí.

É por essas e outras que a classe política entra no ralo das gozações e ojerizas de quem lhes paga um alto salário. Ao invés de nivelar por cima e lutar para que o ensino do inglês, francês e espanhol, possa ser levado às classe menos favorecidas, Rusembergue nos aparece com essa.

Faça uma pesquisa vereador. Nomes estrangeiros não ofendem nenhum brasileiro. O que nos escandaliza, e nos desgosta, é a corrupção entre os representantes do povo. É gente que faz acordos nos bastidores para liberar obras que arruínam o meio ambiente, que rouba verbas utilizando funcionários fantasmas e outras artimanhas de causar espanto.

Edifícios com nomes estrangeiros servem até para ensinar alguma coisa. No arremate, quem se atreve a construir alguma coisa no país com a mais pesada, injusta e mal aplicada carga de impostos do planeta, deve manter a liberdade de apelidar com o que lhe der na telha. Quem não gostar do nome pode usar recursos próprios e nominar como bem entender. Se ganhar na loteria prometo erguer um arranha-céu com o nome de edifício “Haja saco”. Adivinha em homenagem a quem?


Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário

Twitter: @rosenwalf

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Itamar, “o filho da p...”

Em seu inesgotável cardápio de grosserias irresponsáveis, Lula registra uma frase cujo destempero é de doer os ossos. Certo de que podia tudo por conta de uma popularidade incontestável, em certa ocasião o deus do petismo chamou o ex-presidente Itamar Franco de “filho da p...”, uma expressão chula, que cairia como uma luva, não ao franco Itamar, mas a parceiros políticos que ele (Lula) passou a cultivar. Mesmo sendo um ranheta de carteirinha e com visões que muitas vezes resvalavam no subdesenvolvimento, Itamar tinha uma característica que os sócios de Mr. Silva jamais conseguiram cultivar: era um homem honesto. Portanto, sob a ótica do líder populista, um filho da mãe.

É fato que Lula apareceu todo saltitante tirando proveito de um velório transmitido ao vivo. Como lhe convém, prefere passar uma borracha na ofensa que o próprio Itamar esqueceu. Mas vale recordar. Na já batizada como “herança maldita” que deixou a Dilma Rousseff, sobram larápios de todos os matizes e faltam homens com o topete da integridade.

O pai do maior de todos os escândalos, o mensalão que ele teima em afirmar que nunca existiu, manteve intacta a babel de ladrões que se eternizam sugando os cofres públicos. A história comprova que ele fez do poder a arte de aceitar falcatruas e ajeitar acordos com as oligarquias poderosas.

Ao indicar Palocci sabia muito bem que o sujeito era dado a trambiques. A turma que se embriagou nos funis do Dnit é apenas uma peça de um enorme quebra-cabeças, montado e urdido na era Lula. São tantos os desmandos que nem precisa recorrer a arquivos. O Movimento dos Sem Terra (MST) drenou milhões, idem as ONGs com atuação fantasma, os sindicatos passaram a pairar acima da fiscalização e o ato de enriquecer com desonra deixou de ter importância.

A pasmaceira, com vileza e destruição do pouco que restava de valores éticos nacionais, foi amplamente justificada em torno do “milagre econômico” à Lula lá. Uma bobice de quem não enxerga além das próprias fuças. Não foi esse bando que permitiu o crescimento. Fomos todos nós.

Uma nação de trabalhadores que paga a mais pesada, injusta e mal aplicada carga tributária do planeta, foi quem sustentou o progresso apesar de todos os desfalques. Infelizmente, boa parte do país ficou cego e não soube perceber que nunca existiu um projeto de governo na era Lula. Ele teve o mérito de pedalar a bicicleta no embalo ladeira abaixo.

Aos poucos, o manto das ilusões está se dissipando. Quando existir clareza adequada, a população vai saber como é perigoso acreditar em figuras messiânicas. Os escândalos do Governo Lula, comprovados à exaustão, foram creditados à imprensa burguesa. Engodo, mentira deslavada. As denúncias dos órgãos de comunicação sérios nunca foram desmentidas. A cada dia se comprovam com maior nitidez. Não é a toa que petistas com sólidas raízes éticas já não defendem Lula com o mesmo ímpeto. Apenas a turma que mama, e pretende continuar chupando gostoso, é quem junta todas as peneiras possíveis para tapar o sol.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário

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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Vem aí o Carrefurto?

Com o sarcasmo que lhe é peculiar, e uma incrível capacidade de síntese analítica numa só palavra, o jornalista da Folha de São Paulo, José Simão, arrancou gargalhadas ao batizar o imbróglio de fusão proposto por Abílio Diniz como Carrefurto (“O pão é francês, mas a rosca é brasileira”). Até agora, o agressivo executivo Diniz é único a alinhar motivos felizes para a união dos gigantes do ramo. É fato que em Brasília correm rumores cabeludos que justificam a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), disposto a torrar bilhões para tornar o açúcar ainda mais doce nas prateleiras dos hipermercados citados.

Em Goiás, a reputação do Carrefour é um terror que assombra fornecedores, prestadores de serviço e funcionários. Em qualquer roda de conversa saltitam reclamações persistentes que arranham o renome do grupo. Mais do que uma simples birra pelos ditames de um conglomerado europeu, as críticas parecem consistentes no confronto estatístico do Procon e do Ministério do Trabalho, órgãos que registram a empresa com índices elevados de queixas.

Na qualidade de cliente, posso afiançar que o estabelecimento está em minha lista pessoal entre os locais em que prefiro não freqüentar. Comprovei erros continuados na diferença de preços marcados na embalagem e que aumentavam na boca do caixa, produtos vencidos, falta de higiene na área de produtos frescos e má vontade generalizada em resolver os problemas da clientela. Evidente que desisti.

Em off, sempre temendo retaliação, são inúmeros os fornecedores que já enfrentaram sérias dificuldades tanto na negociação quanto no recebimento. Isso para não falar de exigências onerosas para garantir a presença de um produto nas gôndolas. Ele não é o único a adotar essa prática, ressalta-se. Mas segundo informações confiáveis é o mais agressivo.

Nesse quadro fica difícil acreditar que, sendo mais poderoso do que já se registra, o conglomerado francês vai deixar a arrogância de lado. O histórico faz acreditar o contrário. Definitivamente o BNDES seria mais feliz injetando bilhões de reais nas pequenas e médias empresas do setor, que sobrevivem heroicamente garantindo mais de 80% da mão de obra, do que se aventurando na ganância de um empresário que se agiganta para dominar.

O erro do Brasil é sempre o mesmo. O próprio governo agiliza focos ditatoriais que fortalecem os poderosos, em detrimento da concorrência saudável. Quem paga caro por essa logística predatória é o consumidor. A cada união encolhe o leque de opções para escapar dos que controlam preços, empregos e oneram o setor industrial. Oxalá a tal fusão possa ser evitada. Mesmo com o poderoso lobby e com a babel de interesses por trás da iniciativa.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário

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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Chicote no povão

Os sucessivos governantes brasileiros – todos eles – se deliciam em pacotes de maldades que fazem senso apenas aos deuses que controlam o país. No segmento de transportes, por exemplo, impera a má fé e a perversidade em ritmo alucinante. Senão vejamos: ao mesmo tempo em que o governo aprova e auxilia a implantação do maior número de montadoras de veículos do mundo e facilita a aquisição de automóveis, de outro castiga quem adquire um turbinado.

O preço da gasolina é um assombro, sem parâmetro em qualquer lugar dito civilizado. Os impostos atingem o limite da extorsão e não existe planejamento capaz de atender à demanda urbana por vias de escoamento de trânsito. Cria-se, de propósito, uma cultura à quatro rodas, para depois condenar os que pagam caro para aderir ao sistema.

Fico indignado. Dá nojo ler a baboseira dos hipócritas quando vejo colegas jornalistas criticarem quem possui um carango. Os dissimulados, que jogam para a platéia e possuem seu possante, afirmam que temos o dever de proteger o planeta utilizando transporte coletivo ou bicicletas. Seria ótimo, claro. Mas é um sonho que esbarra na realidade.

Com um milhão de veículos, o transporte de massa em Goiânia é o carro. Antes de reprovar quem o utiliza, é bom cobrar a fatura dos que estimularam essa aquisição. Qualquer desculpa – seja em nome da ecologia, de se abolir o egoísmo ou qualquer outro tópico para justificar a ausência de ruas largas, viadutos, trincheiras, semáforos inteligentes e estruturas – é falsa porque avaliza a inoperância dos que deviam cuidar das soluções.

Que tédio constatar que não se faz nada em nenhuma das equações capazes de desatar o nó que engasga para ir de casa para o trabalho ou realizar ações cotidianas. Não se organiza um transporte público com o mínimo de conforto e ou se ajusta condições para o uso individual de automotores. Sem uma rede de metrôs, sem ônibus suficientes e sem um conjunto coordenado de ações, a culpa é do povão. Chicote neles. Quem mandou nascer no Brasil?

O que urge é cobrar investimentos. É preciso alocar verbas substanciais para atender um milhão de motoristas. Exigimos respeito. Foram os modernos senhores da imensa senzala chamada Brasil que nos empurraram a comprar máquinas que aceleram. Criaram o problema e agora somos nós os culpados? Pagamos os tubos para ter condições rápidas e saudáveis de circulação. Mas o que fazem os perversos? Alimentam indústrias da multa, criam obstáculos para estacionar em vias públicas, deixam o asfalto virar sorvete e nos açoitam com todo o estilo de iniquidades.

A última bandalheira no DNIT – que até os bem-te-vis sabiam da existência – demonstra que não falta dinheiro. Grana sobra pelos ladrões e cai no ralo grosso da corrupção política. Os envolvidos só caem vítimas da denúncia de um corajoso veículo de comunicação. Boa parte da imprensa prefere chafurdar na lama que enriquece. No mínimo – mesmo que continuem a saquear os cofres públicos – podiam realizar obras capazes permitir a locomoção das famílias.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário

Twitter: @rosenwalf

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Ao Carlos com saudades e carinho

Por mais de cinco anos um moço educado, tímido, de olhos claros, sorriso generoso e meticuloso nos detalhes, se prestou a servir água aos convidados, carregar cenários, ajustar cadeiras e entregar fichas com perguntas dos telespectadores. Como se fosse uma sombra imperceptível se transformou num dos mais confiáveis profissionais a atuar no meu programa televisivo “Opinião em Debate”, levado ao ar toda quinta-feira. Seu nome era Carlos, tão simples e caloroso quanto o seu estilo de vida.

Era um rapaz trabalhador, religioso, com fortes laços familiares, cujo sobrenome eu nunca me incomodei em saber. Lamento. Nas poucas ocasiões que frequentou minha residência, sempre acompanhado de sua charmosa namorada Camilla, manteve discreto refinamento, se oferecendo com sincera humildade a colaborar. Uma alma de pessoa admirada por todos.

Ninguém sabia dizer para que time ele torcia, se tinha preferências por algum segmento religioso, não falava palavrões, sequer sei dizer se ele ingeria bebidas alcoólicas. Comedido nos gestos e nas frases, evitava bolas divididas e nunca ofendeu ninguém. Carlos era exemplar. Sem altos e baixos, nunca teve o valor que merecia. Era apenas Carlos, sem padrinhos poderosos, sem influência política, pagava seus débitos em dia, nunca faltou ao trabalho e não era rico.

Refiro-me a ele no passado porque foi assassinado duas vezes. A primeira quando tentou – em vão – controlar seu automóvel popular, sem freio a disco, sem air bag, numa curva sofrível, com asfalto estragado, local célebre por acidentes diversos, e terminou com os miolos rachados num acidente em que faleceu o pai e a mãe que ele sempre honrou. Com apenas 27 anos, ele foi mais uma vítima dos irresponsáveis que transformaram as rodovias do país em armadilhas do horror.

Como se não bastasse uma morte tão estúpida de quem não merecia um fim trágico, Carlos – um trabalhador que viveu e sobreviveu sem ter quem o defendesse – foi assassinado novamente. Desta vez por um jornalista preguiçoso qualquer, encastelado num poderoso veículo de comunicação, e na ânsia de curtir o feriado prolongado, que lascou fotos e manchete com a seguinte informação: Alta velocidade provoca acidente em que morrem três pessoas da mesma família.

Mentira. O velocímetro comprova que ele estava abaixo do limite preconizado para o percurso. Uma de suas boas características pessoais era de ser cauteloso acima da média. Os amigos brincavam que era um porre realizar viagens com um motorista tão moderado no acelerador. Mas tudo bem, Carlos desculpa. Parece-me claro agora que ele sabia que estava no mundo de passagem.

Pairou acima dos cretinos de todos os matizes. Estou certo que perdoa os que contribuíram para ceifar sua vida e que está entre os espíritos que souberam aproveitar sua existência terrestre. Espero que possa compreender minha ignorância em não valorizá-lo quanto merecia. Só depois que ele se foi é que entendi o quanto o menino Carlos era diferente e importante. Um baita amigo silencioso cuja ausência é um grito de dor. Tanto para mim que tive o prazer de mantê-lo em minha equipe, quanto para os que ele soube cativar com singelas ações de amor.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário