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quarta-feira, 30 de março de 2011

Os acertos de Paulo Garcia

Superfície mais visível nas engrenagens da administração pública, os prefeitos levam surras homéricas dos críticos. Fato compreensível considerando que suas ações afetam nosso cotidiano de forma mais perceptível. Recentemente, em diversos artigos, tenho questionado a capacidade de alguns homens fortes do “staff” do Governo de Goiânia. Por esse motivo, alguns leitores tiveram a falsa impressão de que tenho um problema de “química” com o atual mandatário do paço municipal. Nada disso.

Com exceção de Nion Albernaz – uma das mais expressivas figuras políticas a sentar no trono da prefeitura e que sempre me tratou com uma deferência acima do que mereço – são poucos os que merecem tanto o meu respeito quanto o Dr. Paulo Garcia. Minha relação pessoal com esse médico idealista não podia ser melhor. É um democrata convicto, mantém ética e senso de honra inabalável e sabe ouvir. Essa última é uma qualidade rara nos executivos atuais. Talvez seja essa a principal razão de minha artilharia contra os que não estão acertando em seu governo. Escrever para quem não lê, ou para quem capta o recado e não liga, é uma perda de tempo. Não é o caso dele.

A tarefa de Garcia não é bolinho que se degusta com facilidade. Ele substituiu Iris Rezende – um ícone com experiência para mais de metro e meio – e não ajeitou uma equipe com o mesmo gás de seu antecessor. Quem está errando até as pedras que circundam a Prefeitura já sabe. Mas existem acertos dignos de registro.

O diligente Francisco Antônio Almeida, por exemplo, faz milagres na Agência Municipal de Obras (AMOB). Mesmo que o asfalto da capital tenha regiões que merecem o apelido de queijo suíço, o homem tem sido um prodígio. Não fossem seus esforços a lambança estaria pior, muito pior. Nunca as chuvas castigaram tanto a capital. Segundo analistas, o tempo acessível para os trabalhos de recuperação foram reduzidos em até 70%. Tenho informações confiáveis de que ele vara madrugadas a procura de soluções com um cobertor curto e centenas de exigências. Merece respeito.

Outro auxiliar que está honrando o cargo é o chefão da Comurg Luciano Henrique de Castro. O motivo do elogio se fundamenta no mesmo caldeirão dos obstáculos enfrentados pela AMOB. As enxurradas não deram sossego, o órgão está defasado em equipamento, a mão de obra está aquém do ideal e, mesmo assim, evitou-se um caos que atingiu outras capitais. É um profissional qualificado que justifica o salário que recebe com rendimento acima da média.

Pois bem, se Paulo Garcia acertar auxiliares desse naipe em todo o seu escalão, poderá vislumbrar uma disputa com possibilidade de se eleger. Se continuar mantendo as cabeças de bagre para azeitar acordos tupiniquins, se afundará junto com eles. Anotem.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário
Twitter: @rosenwalf

segunda-feira, 28 de março de 2011

Defendo Cileide Alves, editora-chefe do Pop, com unhas e dentes

Sou réu confesso. Centenas de parentes meus, de primeiro, segundo e terceiro graus, possuem cargos nos governos federal, estadual e municipal. Alguns são concursados. Outros foram chamados por afinidade pessoal com os administradores de plantão, nas cotas de confiança que existem legalmente. Para se ter uma ideia, em Rio Verde –minha cidade natal – é difícil encontrar um funcionário público que não seja da família. Fato compreensível considerando que os sobrenomes de minhas origens (Martins, Ferreira e Castro), representam o maior contingente de cidadãos da “Princesinha do Sudoeste”.

Se o prefeito, Juraci, casado com minha prima primeira, decidir exonerar todos os que têm laços familiares, precisará contratar funcionários de outros estados. O encontro dos Ferreira, realizado há décadas no mês de julho, chega a reunir mais de duas mil pessoas. É uma farra de causar inveja.

O Ferreira que ocupa o cargo mais importante no governo – fui eu quem indicou, podem espalhar – teve uma premonição e decidiu esconder o nome da família. Ele se chama Marconi Ferreira Perillo.

Sob a ótica da editora-chefe do Pop, Cileide Alves e Cia Ltda, os Ferreira deveriam ser banidos do serviço público. Sua cruzada contra o nepotismo, no estilo inquisidor “moral, lei e ordem” para consertar tudo e todos, extrapolou. Transformou-se num linchamento dos que merecem e dos que não merecem censura.

O meu exemplo particular, mostrando o amplo espectro de pessoas ligadas por parentesco ou alianças matrimoniais, não é uma exceção. Somos um estado jovem com uniões familiares muito estreitas. As pessoas se orgulham dos laços de sangue e procuram ajudar os núcleos que conhecem e confiam desde a infância. Uma coisa é condenar o nepotismo, outra é realizar uma caça às bruxas.

Ao se deleitar no frenesi em que se converteu a campanha midiática, Cileide Alves mal podia imaginar que se transformaria em vítima. O marido dela, o agrônomo Fernando Pereira dos Santos, foi indicado a um dos mais importantes – e bem pagos, 15 mil reais de salário – cargos do governo estadual. Ele é Superintendente do Ensino Médio na Secretaria de Educação. A informação, em tom de denúncia, foi publicada na coluna do jornalista Euler Belém do Jornal Opção.

Nos bastidores, afirmam que Cileide se tornou poderosa e tricotou para que o maridão pudesse substituir um especialista em educação, o mestre Marcos Elias. Não acredito. Afirmo o contrário. O esposo dela é um professor universitário e chegou ao cargo apesar da mulher famosa. Mesmo sendo, hoje, uma espécie de Lula de saias da atual roupagem de seu jornal “nunca antes na história da imprensa de Goiás”, a moça ainda vive num penhasco íngreme e altíssimo, muito acima dos vales úmidos. Contudo, não enxerga longe como a águia. Em meio aos galináceos veteranos, cacarejantes e vorazes, ignora que pode ser devorada a qualquer instante.

A história demonstra que editores endeusados, que faziam tremer quarteirões, foram cuspidos da redação como se fossem inúteis caroços de azeitona. Onde encontraram abrigo? Exatamente em cargos públicos. Justiça seja feita. São talentosos, trabalham honestamente e merecem os cargos que ocupam. Com o marido ganhando os tubos, Cileide pode se dedicar aos netos, claro. Mas sempre é bom lembrar: a verdade não deve ser mantida num espelho.

Já disse e repito: Cileide Alves não tem nada do que se envergonhar. O emprego é legítimo e as condições de contratação estão nos limites da lei. Eu a defendo com unhas e dentes, pois ela está onde merece. Mesmo assim, colocou o jornal numa saia justa. Sugiro que não dê na telha de entregar o cargo. Tudo indica que os administradores vão aceitar. Fazer um plebiscito entre os colegas também está fora de cogitação. Fontes confiáveis garantem que ela terá dois votos a favor para ficar na chefia. O dela e do colega Jarbas Rodrigues, editor da coluna “Giro”, que se meteu no mesmo estilo de enrascada.

Explica-se: Jarbas foi citado no mesmo artigo. Sua esposa é funcionária da Assembleia Legislativa numa indicação de cargo político. Porém, este eu não vou defender, porque está no sal. Como é de praxe, o mordomo é sempre culpado. Brincadeira. Jarbas é ético e ninguém merece entrar nesse ritmo de achar algo errado nos que tentam ganhar a vida trabalhando. Os casos mencionados, ao atingir símbolos da imprensa, servem a boas reflexões. Com família e com emprego não se brinca. Ao sentir o problema na carne, é possível que aflore a sensibilidade. Um atributo importante do jornalismo.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário
Twitter: @rosenwalf

quarta-feira, 23 de março de 2011

O DETRAN no atoleiro

Fonte inesgotável de problemas em todos os Estados da Federação, o Departamento de Trânsito de Goiás (DETRAN) segue a tradição e se arrasta como um tsunami a criar empecilhos para a comunidade. Mesmo que seja prematuro exigir providências do atual responsável, o distinto Edivaldo Cardoso de Paula, é necessário registrar que os problemas se agravam e requerem atenção imediata.

Os que se atrevem a enfrentar o órgão, seja por falta de opção ou por desconhecer alternativas oferecidas (como os excelentes Vapt Vupt), acabam sugados por um rol de malvadezas que já deviam ter sido abolidas do serviço público. Por razões que não se justificam, os funcionários estão rosnando para os usuários, os procedimentos são oferecidos na base do tapa e, apesar dos esforços, alguns serviços só são agilizados na base da gorjeta.

Gente de boa índole afirma – com razão –que o “propinoduto” só se consolida e prolifera quando existe o corrupto e o corruptor. É fato. Vão além: lembram que o Governo não apóia maracutaias e que a solução é denunciar. No caso do DETRAN são verdades que merecem análises interessantes.

Os que atuam no segmento com frequência, concessionárias de automóveis e despachantes a granel, sabem que o buraco é mais embaixo. Quem se atreve a delatar entra numa espécie de lista negra e as engrenagens emperram. Muitos procedimentos ainda ficam a critério de quem fiscaliza. Alguns itens, se levados a ferro e fogo, podem demorar semanas ou meses.

Atualmente, segundo consta para impedir ações moralizadoras em curso, uma turma do contra está em movimento contrário à atual direção. Esses funcionários, embora em minoria, se concentram em posições chave dentro da instituição e são capazes de engendrar embaraços infernais.

Se todos os recantos do departamento tivessem câmeras, seria o nirvana para desmascarar os corruptos de ocasião e valorizar os que atuam com retidão. Já passou da hora de agilizar a maioria das operações utilizando tecnologia de ponta, deixando uma margem mínima para decisões personificadas.

Existem problemas, nas vísceras do que citamos nesse artigo, visíveis ao homem comum que utiliza os serviços. Parece-me óbvio que alguns agentes camuflados, em rodízio e com plantão permanente, poderiam facilmente desmascarar os infratores. Fica aqui uma sugestão simples que não parece estar sendo colocada em prática.

Não é fácil desatar todos os nós que impedem o DETRAN de atingir a excelência. As dificuldades são mais amplas do que se imagina. Tanto que o diligente Bráulio, que obteve resultados acima da média, se entupiu do pão que o diabo amassou. Tapou todos os buracos que conseguiu enxergar, mas continuou atolado. A essa altura o atual gestor já sentiu como será quente o bafo de Belzebu. Faço votos que acelere fundo nas correções necessárias. A lama está jorrando como nunca. Boa sorte.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário

segunda-feira, 21 de março de 2011

O que faz a Secretaria de Esportes e Lazer?

No início do ano, o secretário Luiz Carlos Orro escolheu o mais lustroso de seus chapéus, convocou a imprensa e fez um discurso emocionado como se tivesse recuperado boa parte dos brinquedos do Parque Mutirama. A ação midiática derreteu como sorvete. Qualquer observador mais atento logo notou que o acontecimento era uma farsa. As atrações continuaram enferrujadas, as engenhocas mecânicas mais expressivas não foram reativadas, não havia nada de novo para atrair as crianças e a presença de dinossauros estáticos avalizava a operação brucutu.

Poucas semanas depois o parque moribundo perdeu as esperanças de recuperação em médio prazo. Com a licitação envolta em suspeitas, o prefeito Paulo Garcia jogou a toalha e lavou as mãos. Não iria se meter em trapalhadas com início na administração anterior. Mas para que serve a Secretaria de Esportes e Lazer? Todas as responsabilidades recaem apenas no colo de Paulo Garcia? Orro não acompanhou o desenrolar dos negócios? Não teve responsabilidade nenhuma? E se teve, não garante o taco?

No calor do episódio, com o desconforto já em pauta, o prefeito perdeu uma boa oportunidade de se livrar de um secretário cuja eficiência deixa muito a desejar. Afinal de contas quais foram os acontecimentos de alto nível que esse órgão emplacou na capital? O segmento de esportes e lazer tem sido tão atraente quanto suco de chuchu. Com exceção de algumas ações anêmicas (estilo passeios de bicicleta, pista de cooper em zona urbana para atender mauricinhos e patricinhas e outras perfumarias) não fomos capazes de sediar nada digno de registro.

Ao contrário de outras capitais, que unem criatividade e esforço para criar eventos capazes de promover o turismo em época de vacas magras, nos contentamos em ser meros expectadores de bondes que passam. Após o fracasso em trazer a Copa do Mundo para os ventos do cerrado, o órgão sentou num confortável sofá.

Teoricamente, mas apenas no campo das quimeras, Luiz Carlos Orro teria acesso aos corredores palacianos via seus amiguinhos da esquerda raivosa. Marconi Perillo mal colocou as sandálias do poder e mostrou que faltava tutano. Com alguns telefonemas conseguiu trazer um jogo importante para turbinar a capital.

Enquanto isso o Paço Municipal, sob a batuta de Orro, sequer aponta rumos para resolver questões crônicas. Estamos carentes de locais apropriados para shows, o circuito de esporte amador está murchando, o divertimento das crianças na periferia é se afogar em enxurradas e sequer temos um planejamento efetivo para os próximos meses.

O abandono a que Goiânia foi relegada no período de carnaval – inclusive com os responsáveis pelo turismo saindo de cena para lavar as mãos em outros rincões – demonstra claramente o estado de espírito em promover nossa jovem capital.

Pelo que consta, o secretário tem sido pródigo em viagens, momento que se delicia nas empreitadas gastronômicas, entretenimentos musicais, praias, atrações planejadas e divertimento organizado aos detalhes. Ou seja: se une aos milhares de goianos que vão buscar lazer, praticar esportes e realizar turismo em capitais cujas secretarias são mais eficientes do que a nossa.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário

quarta-feira, 16 de março de 2011

Vai faltar água. Ninguém se lixa!

Já está ficando até chato. Há décadas, e com base nas informações de cientistas confiáveis, eu escrevo alertando as autoridades goianas: vai faltar água na capital. O motivo é o visível assassinato dos mananciais que envolvem o complexo do Rio Meia Ponte, córregos Cascavel, Botafogo, Vaca Brava, Capim Puba, Buritis, vítimas de irresponsáveis de todos os naipes, com ênfase na especulação imobiliária desenfreada. O pior é que ninguém se lixa. O que está errado se perpetua e estamos longe de resolver o grave problema.
O mínimo, ou melhor, o mínimo do mínimo, que se podia esperar da Câmara Municipal seria uma legislação dura contra os infratores e uma fiscalização rígida para evitar a tragédia anunciada. Não aconteceu nada disso. Com exceção de alguns vereadores lúcidos, cito como bom exemplo Djalma Araújo que luta arduamente para evitar a destruição do pouco que resta do cinturão verde que circunda a Universidade Federal de Goiás, a maior parte do Legislativo goianiense ainda não acordou.
O Jornal Diário da Manhã, em sua edição de segunda-feira, 14 de março, realizou extensa matéria comprovando que os últimos canais de água se transformarão em esgoto a céu aberto. Recentemente o Jornal O Popular fez uma lista mostrando a proliferação dos loteamentos irregulares. Alguns patrocinados por estrelas globais e amplas campanhas de TV, rádio e outdoor. O que aconteceu? Nada. Nadica.
Acordem senhores vereadores. Os cientistas falam em caos e seca em menos de quinze anos. Eu digo que já estamos atolados até o pescoço. A Prefeitura não devia liberar sequer um modesto banheiro sem analisar todo impacto ambiental. Estamos falando do futuro, e da sobrevivência, de milhões de pessoas. O assunto é gravíssimo no atual momento.
O que estamos esperando? Mais de 80% – notem bem os números – do complexo de água potável está seriamente comprometido. Vamos agir somente quando atingir 100%? Eu convido os vereadores, e os acompanho junto com cientistas qualificados, para ver o estrago realizado nos resquícios de mata que abraça a capital. Os que não conhecem a região vão ter a oportunidade de sentir a desgraça que vai nos afligir.
Esse é um tema a ser mantido como foco principal na agenda dos vereadores. Para a tristeza dos que enxergam o problema, os grupos empresariais sem ética estão impondo seu ritmo. Quando muito, numa maquiagem que afronta o bom senso, fazem um arremedo de lago aqui, plantam uma palmeira acolá, erguem seus espigões e centenas de pessoas passam a viver na ilusão de que o meio ambiente está sendo preservado.
Sei que existem muitos vereadores sensíveis aos destinos da capital. Faço um apelo para que criem um fórum, extrapartidário – pelo amor de Deus – para analisar o desequilíbrio em curso e traçar diretrizes. E que não me venham os eternos defensores de empreiteiros sem ética a minar intenções. Já afirmei antes e torno a repetir. Os que não se importam com o falta de água, que certamente virá, já usufruíram lucros o suficiente para garantir sua família em rincões que preservam a natureza, deixando a terra arrasada aos que não podem se dar a esse luxo. Somente o Legislativo, em perfeita consonância com o Executivo, pode evitar um infortúnio com data marcada.
Rosenwal Ferreira - Jornalista e Publicitário

segunda-feira, 14 de março de 2011

Verdades a serem encaradas pelo Sindicato dos Jornalistas

Mesmo que se negue em martelar perene, o Sindicato dos Jornalistas tem um histórico de atuação com viés de esquerda. Fato que se justifica nas vísceras de uma imprensa que lutou contra a ditadura militar – símbolo de censura – representante paranóica da extrema direita. Foi um período doloroso que se enterra em cova rasa. Apenas os revanchistas irresponsáveis desejam remoer os ossos de um defunto que não deixou saudades. Mas se no passado recente os opressores provinham do núcleo militar, apoiados pelas classes mais altas da sociedade; hoje eles são mais comuns entre os oprimidos de outrora que se tornaram donos do poder.

O eixo das pressões apenas mudou. Os jornalistas continuam sendo humilhados, amargando salários aviltantes e sendo tratados como matéria-prima ordinária. Apenas os barões do lucro midiático é que enriquecem turbinados com verbas generosas que pertencem ao povão. Depois de mais de 40 anos de atuação como profissional da imprensa não tenho ilusões. Sob o ponto de vista ideológico não sou branco, nem preto, nem vermelho. Como a maioria, procuro sobreviver.

O que tem realizado o Sindicato dos Jornalistas para mudar a triste realidade dos filiados? Quase nada. Continua achando que existe um embate ideológico capaz de modificar uma tirania que se perpetua. O que mudou foi a ponta que segura o chicote.

Em minha opinião, e sei que ela vai desagradar cérebros miúdos, essa associação continua onde sempre esteve: no atoleiro, pois despreza a si mesma. Foi a própria associação que deu aos tubarões da imprensa o poder que exercem sobre ela. Como? Agindo na base da subserviência imediata, com apoio direto rápido, agilizando amparo e auxílio em termos que não são dispensados aos próprios sindicalizados.

Nenhum magnata da comunicação tem respeito pelos que colocam os interesses deles acima dos trabalhadores que devem representar. Se todas as ações que envolvem socorro a esses profissionais fossem ágeis, o curso natural seria esse. Mas não é. Quem tem poder, mantém privilégios.

Quantas vezes – os colegas sabem disso – assalariados foram dispensados vítima apenas de uma frase que desagradou majestades do setor. Outros foram dispensados no espirro de injustiças. Notas de repúdio foram aprovadas? Muito raramente. Não considero saudável que colegas tenham reduzida a confiança no Sindicato para defendê-los. Pior ainda é que a maioria teme criticar o órgão. Como se a liberdade de expressão fosse tolhida por quem se dispõe a defendê-la.

Atrevo-me a esse desabafo por várias razões. Primeiro que considero o atual presidente, e parte expressiva da diretoria, como pessoas bem intencionadas. O jovem Cláudio Curado é um idealista qualificado. Segundo que tenho minha própria opinião e sei distinguir mentiras da verdade.

Gostando ou não do meu estilo, há de se reconhecer que trabalho incansavelmente. Mantenho várias atividades dignificando os que atuam junto comigo. Não faço joguinhos nos bastidores, não tenho padrinhos de alto cacife e não dou festas que bajulam. Sempre acreditei que se minhas ideias fossem válidas, elas iriam prosperar. Não submeto meus artigos e/ou opiniões, à apreciação de ninguém. Respeito com ética todos os ditames que fazem sentido e me reservo o direito de combater o que considero um absurdo. Já paguei caro por isso.

Não acredito que para ser jornalista seja necessária uma vida social sem recursos. As exigências intelectuais de nossa atuação, no meu entendimento, devem ser muito bem compensadas economicamente. Luto com todas as forças por isso.

Eu levo o Sindicato a sério. Muito a sério. Tanto que clamo para que a entidade perceba claramente o peso de sua responsabilidade. Para que não tenha medo de crescer. Que possa conclamar franqueza e integridade capazes de atrair novos membros e ter o respeito dos que colaboram. Que abandone posições pueris, estilo “abaixo o capitalismo!” Que saiba entender, e tentar modificar, o que se passa no cotidiano das redações.

Um Sindicato de Jornalistas que saiba ouvir o que poucos ousam lhe dizer, por que têm medo das reações. Uma sociedade que não ache que tem mais problemas do que precisa. Urge conquistar espaços que nos pertencem. Que os empresários da comunicação deixem de exigir profissionais limitados, aparados, podados, para exibir como troféus em nome de uma pseudoliberdade de imprensa. É preciso entender porquê isso ocorre e lutar para modificar.

Não digo tudo isso para desfazer do meu sindicato, digo porque sou um amigo insatisfeito. Embora muitos tenham uma forte tendência a triturá-los quando lhe dizem verdades. A liberdade de imprensa é muito importante para que, tendo conquistado-a, correr o risco de perdê-la para um novo capataz.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário

quinta-feira, 10 de março de 2011

Sarney Morreu. Viva Sarney

O impagável José Sarney escreveu uma crônica digna de análises no Jornal Folha de São Paulo na sexta-feira, 04 de março. Antes de me atolar no exame do artigo, sob o título: “Eu não morri”, explico ao leitor por que escolhi o termo “impagável” entre tantos que existem para descrever esse que é um dos mais longevos dominadores de ampla parte do território brasileiro.

O vocábulo é ótimo e atende vários quesitos. A primeira definição do adjetivo – que não se pode ou não se deve pagar – é uma pérola que se aplica a Sarney. Com tudo que ele já amealhou ao longo dos anos, milhões de dólares, entendo que não se pode e não se deve dar a ele um único níquel.

Para os amigos, aos quais ele se mostra generoso, a palavra é boníssima no significado. Realmente ele é “inestimável e precioso”. Dizem os íntimos que se trata de um homem “engraçado, cômico e hilariante” a curtir suas mansões em praias particulares.

Talvez ele não seja exatamente “excêntrico”. Mas, no meu conceito, é definitivamente um “ridículo”.

Entrando de sola no artigo, José Sarney fala que achou graça nos tópicos da internet que anunciaram sua morte, afirmando o seguinte: “Eu sempre penso como irei apresentar-me ao Criador. Não quero que ele pense que estou bajulando, mas creio que será de joelhos agradecendo pelo que deu, pelas sementes que colocou em minhas mãos”. Quanta pretensão.

Cai na real Sarney. Você acha mesmo que será apresentado ao Criador? Vai usar a lábia e o poder para conquistá-lo? Com o seu curriculum, até Belzebu vai desejar que fique longe do inferno. Sabujar Deus não funciona. Sua visão estreita tem fórum apenas nos calabouços de Brasília.

No último parágrafo, José arremata: “o céu está cheio de moças bonitas e a comida é feita de nuvens azuis adocicadas”. Pode até ser. Será que as feias vão todas para o inferno? Em todo caso, meu caro Sarney, não se preocupe com o céu não. Procure imaginar como será o inferno. Para seu azar, e de um monte de amigos que fez na terra, imagino que não será bolinho que se degusta na Academia de Letras. Eu devia ter dó de Vossa Excelência, mas não tenho. Para o paraíso ao qual o senhor pensa que vai, eu definitivamente não quero ir. Amém.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário

terça-feira, 8 de março de 2011

Joga bosta na Rotam

Antes que os apressados imaginem que o título acima é um desrespeito ao leitor ou um convite a realizar tamanho desatino contra os Policiais Militares, é bom explicar, bate-pronto, que minha pretensão é relembrar o refrão de Chico Buarque, na música Geni e o Zepelin. Na magnífica crítica dos versos, a personagem recebe súplicas para salvar a cidade e, logo após a façanha, todos se voltam contra ela na base do “joga bosta na Geni, ela é feita para apanhar, ela é boa de cuspir”.

A título de reflexão, e para realizar um contraponto que não está sendo executado pela mídia poderosa, a Rotam está sofrendo as agruras de ser uma “Geni de Fardas”. Quando as falanges criminosas ameaçam controlar a cidade, os níveis de assassinato amedrontam e bandidos perigosos se tornam poderosos; o governador e o prefeito de joelhos, o bispo de olhos vermelhos e o banqueiro com um milhão clamam: “Vai Rotam, mata eles, você é feita para enfrentar, você é boa de briga, bendita Rotam”

Se alguns membros erram, joga bosta em toda Rotam. Todos matam. Devem ser eliminados, destruídos. Abaixo a farda. São criminosos. Nem precisa ouvir o lado deles. Quanta hipocrisia. Basta a criminalidade atingir níveis alarmantes –como já está ocorrendo –, para o massacre da imprensa se inverter. Logo, logo, vão exigir ações firmes da PM.

Abomino e não defendo a ideia infantil da Rotam se exibir em frente à Organização Jaime Câmara (OJC). Foi uma bobice pueril. Nada justifica o que aconteceu. Contudo, será que alguém se prontificou a ouvir as razões dos envolvidos? Teve algum repórter que se preocupou em conhecer os motivos para o desatino? Ou não interessa o outro lado? São ponderações necessárias. O contraditório, em todos os níveis, demonstra exercício democrático.

Não tenho dúvidas de que é necessário passar tudo a limpo. Doa em quem doer. Esse crivo de ética deve incluir amplos segmentos da sociedade. Com destaque a setores que se acham acima das investigações. Que a Polícia Federal não recue um milímetro examinando atos de improbidade. Incluindo em suas fiscalizações os que abarrotam cofres particulares à custa do contribuinte.

ERRAMOS

No arremate, o digno colega jornalista, Aguinaldo Faria, nos informou que, ao contrário do que foi amplamente noticiado pela OJC, o Secretário de Segurança Pública, João Furtado de Mendonça Neto, não proibiu a PM de agir em relação aos caça-níqueis. Sendo assim, erramos em incluir seu nome no recente artigo: “As autoridades enlouqueceram?”. Pena que o desmentido, de uma notícia em ampla manchete, foi publicado timidamente na seção de Cartas do Leitor, fato que me levou ao erro digno de se corrigido. Minhas desculpas ao Secretário.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário

quarta-feira, 2 de março de 2011

As autoridades enlouqueceram?

Mesmo nos anos de chumbo, período em que o poder das baionetas censurava a imprensa e fazia calar as oposições, as autoridades civis que ocupavam cargos no poder evitavam vexames primários. Alguns, como o odiado Ministro da Justiça Armando Falcão, preferiam o artifício de nunca falar. Seu bordão – “Nada a declarar” – entrou para os anais da história. Como estão agindo os representantes do poder público no contexto de um país que procura se equilibrar na democracia? Por incrível que pareça, estão atuando como adolescentes sem imaginar as consequências de suas ações.

O ex-presidente Lula foi o exemplo máximo de gafes, piadas sujas e ações brucutus que passaram impunes. O bom momento econômico provou que pode realizar milagres. Contudo, vamos a recentes maus exemplos de pessoas em cargos públicos ocorridos em terras do cerrado. O atual Secretário de Segurança Pública, o culto João Furtado de Mendonça Neto, anunciou sem nenhum desconforto que a Polícia Militar não estava mais autorizada a agir na apreensão e combate aos caça-níqueis. Somente os Policiais Civis é que estão autorizados. Como assim? Isso significa que não existem PMs íntegros? Não sobra ninguém na tropa inteira?

A decisão, tomada no espirro do improviso com pretensão de passar austeridade, jogou no ralo das inutilidades uma corporação com mais de cem anos de bons serviços.

No mesmo clima do besteirol inopinado, o Deputado Estadual Major Araújo afirmou, numa entrevista, que os policiais “atiram porque estão cansados”. No duro? Deus nos livre de encontrar com eles depois do trabalho exaustivo. Um dia com suor mal ajambrado pode acionar o gatilho de um 38? Puro besteirol. Nenhum agente da lei manda bala porque os coturnos lhe doem o calo. São treinados para ter controle mesmo com o estresse de uma jornada dupla.

Querem outra bobice patrocinada a partir dos que deviam dar bons exemplos? A maratona dos Correios, com envolvimento dos Governos Federal e Municipal, foi um show de descaso com a coisa pública. A AMT (a eterna AMT) permitiu que atletas dividissem o trânsito rápido da Marginal Botafogo com veículos. Foi a sorte que evitou uma tragédia. Os irresponsáveis do órgão acharam normal colocar apenas cones para separar a massa humana dos carros. Esqueceu-se que automóveis pesam toneladas, que pneus furam e freios falham. Eu presenciei uma mulher aflita procurando brechas para virar o carro à direita e quase atropelando uma turma de retardatários. A equipe de Miguel Thiago é um assombro.

Pior ainda foram os organizadores da competição a espalhar copos plásticos nas vias públicas, centenas deles, como se a cidade fosse latrina dos correios e telégrafos. Ninguém se lixou em organizar uma força tarefa para ir recolhendo as embalagens vazias. Como exigir que a população tenha cuidado? Logo depois, veio uma chuva. Os benditos entupiram os bueiros. Tudo devidamente patrocinado por quem teoricamente é responsável por evitar esse estilo de lambança.

Os envolvidos em minhas observações devem ler esse artigo como alerta necessário. Não são os únicos. Os exemplos são muitos. É preciso estabelecer limites na ação e nas declarações dos que ocupam cargos de relevância. Urge planejamento tanto no discurso quanto na prática. O maior estrago é banalizar o erro ou achar que imprensa boa é a que não aponta desacertos.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário

terça-feira, 1 de março de 2011

Acorda prefeito Paulo Garcia

A despeito de todas as críticas, de um arremedo de audiência pública que entra no rol dos engodos comunitários e da advertência de profissionais que entendem do riscado, a Agência Municipal de Trânsito (AMT), nos enfiou o projeto de mudanças na Praça do Cruzeiro goela abaixo. Até aí tudo bem. Estamos acostumados a aceitar toda sorte de imposições dos que detém o poder no país. No caso em questão a crítica deve ser amenizada, pois os engenheiros do órgão acreditaram, com bons propósitos, no próprio delírio. Como não havia outra saída em curto prazo, mesmo os que tinham certeza de um fracasso anunciado passaram a torcer por um milagre.

Após uma semana da implantação ruíram todas as esperanças. O que já era ruim ficou pior, muito pior. Além de não desatar o nó que colocava a Germano Roriz em marcha ré, a pirueta urbana mostrou-se um fracasso. Todas as ruas adjacentes se agitaram num engasgo de fazer estrago. Os reflexo negativos se fizeram sentir no anel do Centro Administrativo, na 136, sendo que as ruas 88, 84, 90 e outras do Setor Sul, se transformaram num pesadelo a qualquer hora do dia.

O assunto virou piada. Não é por mero acaso que dois cinegrafistas independentes coletaram dezenas de depoimentos, incluindo narrações de médicos, engenheiros, professores, taxistas etc, falando como tudo piorou na região. Esse material será usado na refrega política para mostrar que Paulo Garcia não tem habilidades. É o prefeito que, no espirro do improviso, fecha uma praça como bizarra solução para seus problemas causando outros maiores. Ele não merece. Foi e ainda está sendo enganado por uma equipe de pseudo- especialistas.

Acorda prefeito. Os técnicos, cujo ego não aceita o fracasso das medidas, estão mentindo para o senhor. É fácil comprovar isso. Com exceção de alguns poucos beneficiados, e dos que recuaram críticas de olho na publicidade da prefeitura, a população está sofrendo e se remoendo em dificuldades. Ao contrário do que apregoam os falsos, a chiadeira não é dos gatos pingados que atuam no quadrilátero. É de uma multiplicidade de motoristas que utilizam a região.

Faça uma pesquisa e comprove. A cidade ficou ilhada. Inúmeros pais de família estão gastando cerca de 40 minutos a mais para ir e vir do trabalho. Não deve ser essa a ideia. Qualquer cidadão prova isso ao senhor com facilidade. Chega a ser revoltante a teimosia em não enxergar o óbvio. Se não tomar providência, o troco nas urnas será inevitável. Pessoas do seu círculo íntimo, incluindo Iram Saraiva, podem confirmar a realidade narrada.

Tenho informações de que Vossa Excelência não quis tirar a autoridade da AMT, mas deu crédito ilimitado ao projeto. Uma semana de inferneira já oferece razões para que a empreitada seja assunto de gaveta. Os que conhecem sua ética, que sabem de sua integridade nos assuntos que envolvem o Paço Municipal, vão entender que agiu na hora certa recuando no momento que devia. Insistir, na base da teimosia dos envolvidos, só para não dar o braço a torcer, não faz jus ao seu caráter.

Rosenwal Ferreira - Jornalista e Publicitário