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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Em cima do muro com o capeta

Segundo uma interessante lenda narrada pelo espiritualista Raimundo Aguiar, um cidadão de nome não revelado manteve uma vida terrena com dubiedades interessantes. Se de um lado era trabalhador e frequentador dos templos religiosos, de outro era um tanto mulherengo, adepto do carnaval, das cachaças, alimentando ódios e vinganças pequenas. Por conta disso, ao falecer, acabou sendo alojado no muro que faz divisa entre o céu e o inferno. Um tanto perplexo, percebeu que podia pular livremente para qualquer um dos lados.

Ao vislumbrar a região que dava ares do paraíso, percebeu nitidamente valorosas almas a gritar por seu nome, praticamente implorando para que ele fosse para o lado em que estavam os arcanjos, querubins e outros virtuosos. Nas esferas de Belzebu a farra corria loucamente, sendo que o diabo, charmoso em sua capa multicolorida, rodeado de mulheres sensuais, barris de vinho e músicas em alto som, sequer olhava para sua indecisa figura.

Atormentado, o recém-falecido ousou chamar a atenção de Lúcifer. Intrigado e temeroso gritou:

– Espírito das trevas!! Ô mestre do inferno!! Dá licença, senhor demônio?

– Pois não!! Disse o anhanguera mandando fazer silêncio que calou a inferneira.

– Gostaria de saber, disse o homem trêmulo, por que nenhum de vocês me chama para o seu lado? Sequer notam minha presença? Enquanto isso, todas as vozes do Éden rogam para que me jogue nos braços de São Pedro.

Com a calma de quem controla os subterrâneos em que chafurdam assassinos, corruptos, estupradores e delinquentes de todos os matizes, o grão tinhoso respondeu às gargalhadas:

– Pobre infeliz, assim como milhões de almas na terra, ainda não descobriu o óbvio: os que estão em cima do muro já me pertencem.

Eis caros leitores, uma estória com jeitão de história. O mundo é assim. Os que não se decidem firmemente pelo lado do bem, sem hesitações e sem falsidades, já estão de mãos dadas com o mundo do cão tinhoso. Não espere a morte para se decidir. Faça sua opção enquanto é tempo. Não importa qual seja sua religião, tenha nas palavras de Cristo o norte seguro e a bússola correta.

Não fique triste percebendo os poderosos que se encastelam no poder usufruindo benesses inconfessáveis. Esses estão com encontro marcado no fogo de Belzebu. E lá, tenham certeza, apenas ele, o egoísta cão danado, mantém as sinecuras que interessam. Ao restante, cabe sofrimento e ranger de dentes. Alguém duvida? Claro! Muitos preferem manter-se em cima do muro.



Rosenwal Ferreira é jornalista e publicitário

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Absurda crueldade com o povo goiano

A criação do horário de verão, batizado como DST (Daylight Saving Time), foi idealizado por Benjamim Franklin em 1784. Segundo as más línguas da época, o cientista planejou a reengenharia de horários como pano de fundo para economizar parafina, mas sua intenção era divulgar a indústria de velas da família. O Brasil é a única nação equatorial a adotar a bestialidade. A aporrinhação deixou de ser adotada durante 18 anos – mais precisamente entre 1966 e 1985 – e não fez a menor diferença aos destinos econômicos da nação brasileira.

Se o regime militar – que adotou linha dura para impedir que fosse implantada uma ditadura comunista no País – extinguiu a bobice respeitando o cidadão, o mesmo não aconteceu com os representantes eleitos democraticamente. Todos os deuses do planalto, imperador José Sarney, tresloucado Fernando Collor, verborrágico Fernando Henrique Cardoso e o messiânico Lula se lixaram aos eleitores perpetuando uma inutilidade.

Na época em que foi governador da Bahia, Antonio Carlos Magalhães, que pode ser acusado de tudo menos de covardia, mandou às favas os ditames da federação e exigiu que o Estado nordestino fosse deixado de fora da lambança. O que muitos estudos já comprovaram, e os principelhos de Brasília fazem questão de ignorar, é que o adiantamento dos ponteiros provoca um emaranhado de prejuízos.

Os benefícios com a pífia economia alcançada – com muita boa vontade mal chega a 4% em Goiás – representam uma miséria frente aos danos causados à população. O relógio biológico entra em parafuso, contribuindo com múltiplas enfermidades, a produtividade cai de forma sensível, crianças e adolescentes assistem aulas com sono e são muitas as desvantagens.

Apesar do apelo e das comprovações estatísticas de cientistas, administradores e políticos, nada sensibiliza os donos do poder. O deputado Luiz Bittencourt, apenas para citar um bom exemplo entre os opositores da insanidade do horário de verão, já se cansou de qualificar argumentos contrários à perpetuação da maldade.

Os que sofrem com a medida, justamente a população mais carente que se arrasta na base da pirâmide social e que não mantém alternativas para chegar mais tarde ao emprego, resta a esperança de alguém com bagos para enfrentar o governo federal. Chega de sofrimento em nome de uma hipocrisia. Desejando economizar, que o façam estabelecendo parâmetros decentes de honestidade.

Não é pedir muito a quem realiza farras inomináveis com o dinheiro público. Já nos basta ter que engolir dólares na cueca, mensalões, mordomias e outras mazelas. Que respeitam, ao menos pelo amor de Deus, o cotidiano de nossos relógios. Que as intromissões fiquem apenas no âmbito do assalto aos cofres públicos. Chega de investidas capazes de roubar até o horário do cidadão. Chega!


Rosenwal Ferreira é jornalista e publicitário

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A Câmara de vereadores em bons lençóis

Na gestão Cláudio Meirelles, a Câmara Municipal de Goiânia se atolou em farfalhices e escândalos para mais de metro e meio. Com estilo intemperado, o ex-presidente fez regurgitar o que havia de pior entre seus pares. Ninguém sabe dizer até hoje como ele, com uma personalidade tão avessa ao diálogo, conseguiu a proeza de se eleger ao cargo máximo no legislativo goianiense. Mas como a vida política às vezes segue o preceito de Lavoisier: “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, tudo indica que os representantes do povo tiraram algumas lições da catastrófica administração Meirelles.

O atual presidente, Francisco Vale Júnior, é um vereador sóbrio nos diálogos, diplomata nas desavenças e demonstra zelo com o dinheiro do contribuinte. Resultado: diminuíram as intrigas pessoais, as quizilas improdutivas e o estilo bordel casa da mãe Joana. Uma nova mentalidade, mais proveitosa a quem sustenta os generosos salários, está finalmente se instalando na Assembleia Deliberativa Municipal.

Esse foco mais produtivo mudou o estilo de atuação de nossos representantes. Ainda existe a turma do umbigo próprio e dos grupelhos que brincam de fazer leis. Faz parte. Mas no geral prevalece o espírito do bem comum. Já é possível ao contribuinte encontrar respaldo em políticos que se encontram em pólos opostos. As decisões perderam aquela áurea lúgubre de fritar o adversário em óleo fervente.

Até os radicais estão percebendo as vantagens de ações mais comedidas. Representantes de siglas que se opõem politicamente deixaram o ódio de lado e passaram a discutir no campo das ideias. Com os ânimos serenados, os debates se mostram mais frutíferos. Existem claros sinais de que passou a era dos maus lençóis.

Ao deixar de lado as tricas e futricas, os vereadores podem centralizar esforços no que realmente interessa. É interessante registrar, e poucos analistas perceberam a importância dessa atualíssima realidade, que passou a existir um bloco suprapartidário em defesa do pouco que resta do frágil sistema ecológico que circunda Goiânia.

Sensíveis a um desastre em curso, a maioria dos representantes não está cedendo à ganância dos especuladores imobiliários. Esse grupo, mesmo sob pressões econômicas e estrondosa demonstração de força, está se mantendo firme na defesa do cinturão verde da capital.

O mais gratificante é que a turma do bem notou que pode vencer. Os que sempre apostaram na desunião partidária como tática para triunfar tirando vantagem, estão preocupados. Uma Câmara de vereadores consciente e disposta a agir corretamente não é de interesse dos que monopolizam decisões.

Oxalá esses bons ventos continuem a soprar. É um alívio perceber mudanças entre os que representam a vontade popular. O interessante é constatar que essa nova ótica não interessa aos barões do lucro fácil. A eles é mais proveitosa a lambança irresponsável do que a representação ética. Finalmente surge uma luz no final do túnel, que ela não seja passageira ou ilusória.


Rosenwal Ferreira é jornalista e publicitário

terça-feira, 13 de outubro de 2009

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Inferno na Germano Roriz

O bom senso leva a crer que Germano Roriz teve uma importante participação nos bons destinos do povo goiano. Afinal de contas, uma das mais importantes praças da Capital leva o seu nome e seus descendentes são pessoas com dignidade que se destacam. Se antes a família chegou a lamentar que o apelido do espaço público, Praça do Cruzeiro, seja mais conhecido do que a designação oficial, hoje tem motivos de sobra para não aliar o parente famoso ao inferno que se transformou o local.

Em qualquer horário, mas principalmente na hora do “rush”, o quadrilátero é um deus-nos- acuda. Há décadas a gleba deixou de cumprir sua função social. As famílias abandonaram a região, que se transformou num polo de negócios, e apenas malucos se atrevem a enfrentar a loucura do trânsito para curtir o generoso espaço.

Mesmo sendo uma extensão verde bem cuidada, com árvores interessantes e grama aparada com esmero, o espaço livre foi abandonado pelas famílias. Tornou-se inviável frequentar suas amplas acomodações. O miolo da roda gigante urbana serve para acomodar viciados, realizar partilha de bens roubados, fumar maconha e fazer caca. Nada mais.

Não faz sentido manter o colapso no tráfego para conservar o que não está sendo utilizado. A não ser por uma meia dúzia de “ecochatos” – sempre dispostos a atormentar o cidadão fingindo defendê-lo –, é fácil deduzir que o problema da Praça do Cruzeiro é semelhante ao da Praça Nova Suíça. Sem uma disjunção para desafogar o trânsito boa parte da cidade emperra.

Segundo consta, o vereador Djalma Araújo, atendendo ao pedido de centenas de trabalhadores, está se movimentando para que haja uma intervenção capaz de desafogar a circulação de veículos no encrencado território. Não devia ser uma preocupação da Câmara Municipal. Teoricamente, e parece que a coisa fica na base da quimera, existe um órgão para cuidar desses assuntos. A antiga SMT, transfigurada em AMT, tinha por obrigação antecipar soluções. Vozes nos bastidores juram que a ideia foi abortada por membros do Ministério Público. Difícil de acreditar. Os profissionais desse segmento já demonstraram sensibilidade aos assuntos de interesse coletivo. Inclusive aceitando reajustes de conduta e compensação no quesito meio ambiente. Não é possível que alguém fique de birra sem conhecer a zorra existente. Se for assim, que sejam convidados a verificar a balbúrdia e o martírio em curso.

O entroncamento, na aglutinação de quatro vias de grande fluxo, não oferece alternativas. Nos últimos meses é comum levar cerca de 45 minutos apenas para contornar a Praça do Cruzeiro e entrar em qualquer rua que sai da barafunda. A inferneira passou dos limites.

No frigir dos acidentes graves, mortes, paralisações e balbúrdia garantida, anotem, o contribuinte ainda vai amargar muita raiva e sofrimento até o desfecho previsível. Lógica parece ser algo muito difícil aos que cuidam da coisa pública. Haja saco.



Rosenwal Ferreira é jornalista e publicitário

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Desprezo aos empresários locais

Assim como nossos vizinhos de Minas Gerais, os goianos mantém a tradição de receber forasteiros de braços abertos, largo sorriso, café quente, biscoitos e agradáveis distinções. Essa característica é particularmente positiva aos negócios e ao turismo. O charme da boa hospitalidade deve ser mantido e aprimorado. Entretanto passou da hora de reconhecer algumas verdades simples que incomodam: os estranhos estão se aproveitando dessa característica e por razões que não se justificam estamos sendo mais exigentes com os empresários locais.

Golpistas de todos os matizes já descobriram que é fácil enganar os anfitriões do cerrado. Vítima do que passei a chamar de síndrome do cachorro vira lata, somos inclinados a acreditar, sem o necessário confronto de dados, nos pilantras que fingem trazer investimentos saudáveis. Uma inocente credulidade que já causou prejuízos incalculáveis.

Gatunos ligados a projetos do boi gordo, da avestruz milagrosa, do camarão gigante e outras traquinagens, receberam comendas, bajulações, encontrando terreno adubado para enriquecer em nossas terras. Enquanto isso, investidores locais se afundam na colcha de retalhos de burocracias ineficientes, papelada infinita, exigências absurdas e imposições não confessáveis.

Para citar apenas um bom exemplo, entre muitos que acompanhei pessoalmente, o grupelho responsável pelo extinto Carnagoiânia, durante décadas, levou de arrasto uma série de fornecedores amargando prejuízos. Mesmo assim, as portas continuaram abertas em concessões de boa fé. No rosnar dos trios elétricos foram incentivados a granel, faturaram os tubos e fecharam às portas deixando os credores no buraco. No final voltaram aos seus Estados de origem certamente imaginando retornar com outra fantasia.

Os que decidiram investir no Micarê Goiânia, trabalhadores bem intencionados com sólidas raízes locais, amargaram os rigores da lei. Foi doloroso verificar as diferenças. Com uma ferocidade acima da média, e sem as maleabilidades de praxe, os organizadores foram moídos por múltiplas fiscalizações. Tudo bem se isso fosse regra geral. Mas não é.

Em todos os segmentos, podem investigar, as demandas são mais rígidas aos empresários da terrinha. Seja na construção civil, na estruturação de uma indústria, nos shows, eventos, aberturas de clínicas e vai por aí. Entender porque o fenômeno existe é algo acima de minha limitada capacidade de análise.

Línguas maldosas juram que entre os motivos para essa ambígua relação, existe o fato de que é mais fácil engabelar jeitosas propinas com gente de fora. Prefiro jogar essa versão ao escanteio. No entanto, urge reconhecer e modificar o tratamento injusto que vejo se impor aos empresários com residência fixa em Goiás.


Rosenwal Ferreira é jornalista e publicitário

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