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quinta-feira, 29 de março de 2012

A quem interessa linchar o senador Demóstenes?

          Hoje, vítima do escarcéu que explode na grande mídia, uma babel de hipócritas em Goiás se apressa em vomitar críticas a Carlinhos Cachoeira. Ele se transformou em um leproso que ninguém deseja tocar para não ser contaminado. De propósito, em uma atitude covarde até os ossos, se esquecem que há poucos dias o homem era digno de frequentar as colunas sociais e saltitava faceiro como celebridade a ser cortejada. Sua charmosa residência era frequentada por socialites, jornalistas, empresários e políticos de todos os matizes.

          Das palmeiras que crescem eretas aos paus tortos do cerrado, todos sabiam que ele controlava empresas que agiam nos limites da lei e era o capo di tutti i capi dos caça níqueis. Mesmo assim (e para alguns principalmente por isso) nunca deixou de receber dignos afagos. Suas festas, as quais nunca fui convidado (segundo consta porque faço parte da lista dos “perigosos”) eram prestigiadíssimas. Muitos dos que hoje jogam pedras faziam questão de serem convidados.

          Generoso, afável e disposto a controlar o maior conjunto de engrenagens dos bons negócios, ele se juntou a classe política. Quantos faziam parte do seu acervo de arranjos ninguém vai descobrir ao certo. Para a maioria o alívio fica na exposição do senador Demóstenes Torres. Ele é que se tornou ícone da lambança. Mesmo sem uma específica acusação, e sem nenhum acesso aos autos para uma legítima defesa, já foi linchado. Bem feito, dirão muitos. Quem mandou se meter com bicheiro e notório contraventor. Forca nele. Que perca o mandato e seja exilado na Venezuela, país onde sequer o presidente tem coragem de fazer radioterapia.

          Fosse apenas isso estava tudo resolvido. Ele seria expulso da vida política e a nação estaria livre de uma figura que representa a gentalha encarquilhada. O problema é que Demóstenes, por mais que tenha errado e mereça o castigo apropriado, está sendo tratado ao estilo William Lynch (americano que preconizou executar sumariamente os suspeitos sem qualquer espécie de julgamento legal) porque ele foi um opositor que deu um trabalho dos diabos.

          Sequer as figuras nefastas que se tornaram símbolo da corrupção, notórios corruptos que até hoje controlam todo um Estado (precisa dizer o nome??) sofreram uma carga tão pesada de censura. A mídia oficial, essa que sobrevive com verbas generosas garantidas pelo petismo que urdiu o mensalão, mergulha com avidez em fatos reais e imaginários. Ele está no sal. A vingança foi cuidadosamente armazenada no freezer.

          É de interesse de certa patota triturar sua imagem para que ninguém mais seja besta de acusar bandalheiras. O jurista experiente era um calo a ser retirado. Sem ele o submundo em Brasília respira ares mais arejados. Esse estilo de pentelho é um pé no saco para atividades lucrativas que devem ser realizadas com o tempero dos conchavos. Eu lamento que o Senador tenha errado. Se for cuspido fora do congresso vai fazer uma bruta falta. Ao se recolher envergonhado, sem a energia que lhe pautou a carreira, faz a alegria dos que chafurdam no lucro fácil à custa do contribuinte.

         Os apressados vão deduzir que sou contra uma punição justa aos seus deslizes. Bobagem, sou a favor de passar o Brasil inteiro a limpo. Urge virar os congressistas do avesso. Todos eles sem exceção. Alguém duvida, no comparativo, que os pecados de Demóstenes seriam nivelados a contravenções de trânsito? Eu não! Na balança de prós e contras, e notem que esse não é um bom momento para dizer isso, a minha análise ainda pesa a favor de Demóstenes Torres. Que Deus o abençoe pelo que conseguiu fazer e seja capaz de perdoar seus pecados.

         Quanto a Carlinhos Cachoeira, enquanto estiver preso só vai levar bordoada. Ao sair, discreta romaria vai se derreter em afagos jurando que estava torcendo por ele. No momento, a maior torcida é que ele abra a boca só para comer.

quinta-feira, 22 de março de 2012

“Propinodutos” são um desafio a Paulo Garcia


        Voltaire diz que os céus nos deram duas coisas para compensar as inúmeras misérias da vida: a esperança e o sono. Na refrega de mais de 40 anos acreditando na prática do bom jornalismo, uma tarefa cada vez mais difícil, eu ainda não perdi a crença em um Brasil sem avalanches de corrupção. Confesso que tenho noites insones procurando entender a mente doentia dos canalhas de plantão.

     Ao contrário do que se alardeia eles não chafurdam apenas no segmento político.  Parasitas de todos os matizes se vampirizam com mais facilidade entre os simpatizantes da politiquice. Entretanto, a depravação da coisa pública se organiza em quadrilhas encasteladas em todos os setores.

            Notem a dificuldade do prefeito Paulo Garcia, que até agora teve que engolir sapos de um bueiro pré-existente, em se livrar de libertinos que desgastaram seu governo. Destaca-se que mesmo no auge das denúncias ninguém duvidou do senso ético dele. O que se criticou foi a ausência de uma ação rápida a eliminar os focos de incompetência. Imaginam-se as pressões que vomitaram impedimentos.

         Sei que o médico Paulo Garcia, assim como um amplo leque de cidadãos corretos, resiste ao balcão de negócios imobiliários que pretende destruir o último bolsão verde da Capital ( quadrilátero próximo a UFG)  comprometendo o frágil lençol freático. É um assombro constatar que um grupelho inescrupuloso se agita na Seplan com o firme propósito de disseminar falsidades e contribuir com os gananciosos. Mesmo sendo minoria são influentes e temidos.

       Alguns, cujo patrimônio particular e relações com especuladores estão sob a mira de  investigações necessárias, defendem abertamente a implantação de projetos destruidores. Suas ações sórdidas, que felizmente estão encontrando resistência no Ministério Público, nos segmentos organizados,  no chefe do executivo e no  próprio secretário Lívio Luciano, incluem jogar a população ignorante contra as comunidades que defendem os últimos nichos ecológicos da Capital.

           O que está em jogo envolve muito dinheiro. Não é fácil entupir “propinodutos” históricos. Diversas fontes confirmam que após reuniões com vereadores lúcidos, promotores qualificados e famílias honestas, a turma do mal se reporta na surdina aos tubarões do lucro fácil. Segundo consta, existem até um projeto sigiloso elaborado para atender o esquema de um novelo de imobiliárias e que está sendo guardado a sete chaves.  Alguns funcionários, com destaque uma arrogante dama que logo será desmascarada, se agitam jurando que os “ecochatos” serão engolidos por centenas de loteamentos.

         Ignoram uma triste realidade: o que está em jogo é a qualidade de vida de milhões de pessoas. Fosse uma cruzada apenas para untar o umbigo dos implicados na batalha, seria mais rentável se render às vantagens de cortar árvores centenárias, dividir a terra e auferir lucros. Felizmente a luta dos envolvidos tem um propósito mais nobre.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Masculinização feminina

          A entrada da mulher no mercado de trabalho, assumindo com eficiência múltiplas e complexas funções, representa uma das mais significativas contribuições para o progresso da humanidade. Essa necessária evolução ainda está se equilibrando com as necessidades do universo feminino. É uma tarefa que exige um tremendo esforço. Não é fácil amargar jornada dupla de trabalho e manter a ternura tão necessária para o exercício da maternidade.

          Nesse contexto – o que é compreensível – muitas damas estão confusas se engalfinhando em papéis que não precisam representar. Lamentavelmente, se afetam em comportamentos típicos do mais brucutu dos homens. É cada vez mais comum perceber moças que dirigem veículos de forma agressiva, trocam palavrões nos sinaleiros, saem do automóvel para ir nos tapas e aceleram seus turbinados sem o menor respeito.

         Em barzinhos de todos os matizes, incluindo pocilgas fétidas sem banheiro decente, se aglutinam rostos femininos se entupindo de cerveja, cachaça intragável e coquetéis de toda a natureza. Dispostas a se enturmar com os rapazes, caem na vala comum nivelando atitudes por baixo. Na pós-bebedeira, se agarram a qualquer marmanjo num grotesco show de leviandade.

          Senhoras de seu próprio corpo, e liberadas da gravidez com o uso de anticoncepcionais, confundem autonomia com imoralidade. As mais afoitas, no vácuo de sentimentos verdadeiros, vão à caça como se fosse uma loba faminta. Os rapazes não precisam mais conquistar, eles se deixam laçar na facilidade de orgias sem compromisso.

          Em alguns lares as meninas não possuem horário para chegar em casa, dormem até semanas em local incerto e ninguém se lixa em saber que tipo de galera se enrasca na sua intimidade.

          É necessário rever esses e outros procedimentos de “masculinização” feminina. Notem as distintas representantes do outrora sexo frágil que uma parcela significativa dos homens está evoluindo em direção à sensibilidade. Não faz sentido que a mulher se deixe igualar adotando o lado grosseiro do macho.

quinta-feira, 8 de março de 2012

A arte de enterrar goianos vivos


           Um homem morreu no Sri Lanka ao tentar quebrar o recorde de maior tempo enterrado vivo. Janaka Basnayake, 24 anos, morador da cidade de Kantale, contou com a ajuda de seus familiares para ser enterrado em uma cova de 3 m de profundidade, que foi fechada com uma tampa de madeira, às 9h30. A polícia informou que ele estava inconsciente quando foi retirado às 16h. Basnayake foi dado como morto ao chegar ao hospital. Se você acha loucura procurar a fama de forma tão estúpida, que tal imaginar um grupo de cidadãos unidos pela ganância e dispostos a enterrar a qualidade de vida de milhões de pessoas? É exatamente isso o que está ocorrendo em Goiânia.

         Um grupelho reduzido de vereadores, infectados pela depravação, está apoiando, à surdina, empresários gananciosos que fazem de tudo para destruir a última reserva de cerrado que circunda a Capital. Essa gente ordinária, que se lixa para o frágil lençol freático de toda a região norte (Chácaras Califórnia, Mansões do Campus, Village Casa Grande, Campus Samambaia e complexo da UFG), não se conforma com centenas de famílias humildes que defendem a ecologia do quadrilátero.

         Sua mais recente investida, que teria dado certo não fosse a ação firme do Ministério Público com imediato apoio do prefeito Paulo Garcia – destaca-se com merecido elogio –, se deu via um tal de Compur (Conselho Municipal de Política Urbana) que aprovou no espirro do improviso a adoção de vias especiais entre a indústria Unilever e a UFG. Na prática a bandalheira iria permitir qualquer tipo de comércio na região, sufocando os moradores em total desrespeito. O vereador Anselmo Pereira, envolvido na lambança, pediu desculpas e me garantiu que só percebeu o tamanho do estrago depois que foi alertado. É fato que prontamente se corrigiu retirando o apoio. Como ele sempre amparou os movimentos em defesa da ecologia acredito em sua versão.

          O representante Djalma Araújo, assim como outros muito lúcidos, conhece a realidade do local e luta, há vários anos, arduamente para defender a comunidade dos especuladores. Eles são poderosos e prometem jamais desistir. São capazes de comprar a consciência de alguns, intimidar outros e corromper opositores. Vão encontrar feroz resistência dos homens de bem.
 
          Ao contrário de Janaka, não estamos dispostos a ser enterrados vivos sem chiar. Que não se iludam os vereadores que já fizeram acordo com os podres. Eles serão desmascarados. O prefeito Paulo Garcia não está se deixando convencer por falsos aliados. Provou que não vai ceder aos coveiros da ambição.

quinta-feira, 1 de março de 2012

O engodo sobre a cura sem medicina


           Médicos qualificados, assim como religiosos de boa fé, estão preocupados com notícias que alardeiam curas milagrosas sem o suporte da medicina com base científica. No epicentro dessa discussão, para citar um personagem com relevância midiática recente, destaca-se o médium espírita João de Deus. Em desalinho com que pregam os discípulos de Alan Kardec, ele se enrasca em arroubos de pop star divulgando tratamento espiritual diferenciado ao ex-presidente Lula. 

             Trata-se de uma xaropada de erros em dose dupla. Primeiro que ninguém deve acreditar que forças espirituais são capazes de substituir a medicina que cuida de assuntos terrenos. Quando muito, pode se transformar num poderoso elixir de suporte adicional capaz de contribuir no fluxo de recuperação do enfermo. Assim como técnicas do yoga, reiki, psicologia transpessoal, meditação e outras. Segundo que os desígnios de Deus, na verdadeira fé que salva, não fazem distinção entre seus filhos. O tratamento privilegiado a Lula nada significa se ele não tiver méritos para receber as dádivas. Incluindo humildade, paciência e resignação.

                Os defensores do já famoso intermediário entre os vivos e alma dos mortos vão afirmar – em comprovado embasamento – que ele não procura benesses pessoais, não recebe honorários e nada consta que visa lucros pessoais em suas exaustivas atividades. No entanto, isso segundo normas prescritas na cartilha do ícone Chico Xavier, João está sorvendo o néctar que adoça as celebridades. 

               Nesse contexto entra em cena um perigoso endeusamento. Ele deixa de ser mero instrumento para se apresentar como causa de benéficos efeitos que não lhe pertencem. A não ser cristo, filho de Deus, não acredito em homem algum capaz de fazer milagres. Seja ele um pastor evangélico, budista, espírita ou membro de qualquer outra denominação.

        A ninguém deve ser aconselhado deixar remédios, tratamentos hospitalares, quimioterapia e cuidados médicos para se entregar a quem promete salvação sem o auxílio desses recursos. Assim como nenhum cristão deve dispensar o auxílio da fé, com ou sem ajuda de quem oferece sincera colaboração, acreditando que não necessita da generosidade de Deus. Separadas, essas duas forças são incapazes. É sempre bom lembrar.