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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Matou os filhos e recebeu aplausos

Nas últimas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou um novo ciclo em sua retumbante biografia. Fase que atrevo batizar como “ lulacentrismo escrachado”.

Não causa surpresa que o Deus do Planalto seja egocentrado e que mantenha arroubos de personalismo acima da média comum. Tal característica foi combustível para torná-lo mandatário mor da nação. Causa surpresa que seu egoísmo tenha mandado para as minhocas a agremiação que ele fecundou por várias décadas. O Partido dos Trabalhadores ( PT) virou pó.

Disposto a salvar o último dos coronéis – o já desmoralizado Senador José Sarney –, o presidente agiu com o espírito de um general autoritário. Atropelando consciências e na base do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, humilhou o colega Aloizio Mercadante, mostrando que o PT não controla sequer o próprio nariz.

É vergonhoso perceber que homens que até ontem mostravam fibra moral tornaram-se meros bedéis de um senhor de senzala moderno. A troco de quê? De socorrer um dos símbolos mais clássicos da oligarquia nordestina que mantém o País no atraso? Como forma de garantir o apoio incondicional do PMDB, que não pula em galho seco?

O desprezo que Lula demonstrou pelos companheiros históricos terá consequências. Segmentos importantes, que sempre deram aval ao PT, perceberam claramente o desastroso espírito de filáucia imoral. Ao enfiar goela abaixo uma decisão que afeta o bom juízo ético, o presidente enterrou o PT em cova rasa. O mais interessante é que o assassinato moral do partido não afeta o presidente. Ele certamente continuará recebendo aplausos. Líder teflon, em que nada gruda, pode se dar ao luxo de aniquiliar os pupilos e sair nos braços da multidão. Nunca antes nesse País, para usar uma expressão a gosto do imperador da altiplanura, um dirigente ousou ordenar tão abertamente votos na distorção de pôr a consciência em almoeda.

Sem pulso, com o moral na sarjeta, com receio de apear do poder, os pseudolíderes do Partido dos Trabalhadores se ajoelharam ao único farol que conseguem enxergar. Lula tornou-se começo, princípio e fim. Eu nunca duvidei que as prioridades de Lula são Lula, ele próprio e si mesmo. Quem pensou o contrário está amargando o caldo dos desiludidos.

O PT não merece. Que Sarney e Lula se merecem, isso eu não tenho dúvidas. Aliás, que Renan Calheiros, Fernando Collor, Paulo Maluf, Wellington Salgado, mesmo sendo companheiros de última hora, hoje têm mais a ver com Luiz Inácio da Silva do que Marina Silva, Mercadante e Eduardo Suplicy.



Rosenwal Ferreira é jornalista e publicitário

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Comentários com Rosenwal Ferreira


Médico estuprador em Goiânia

O recente caso envolvendo o médico paulista Abdelmassih, preso e acusado de abuso sexual em pelo menos 60 pacientes, felizmente é um assombro no registro das exceções. Como regra, esses profissionais são éticos, zelosos e dignos de confiança dos pacientes. O chocante relato das mulheres violentadas, que nada ganham relatando o amargo sofrimento, deixa poucas dúvidas sobre a dualidade entre o cientista e o monstro.

Nos bastidores do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, muitos conselheiros lamentam que não tenha sido possível atuar defensivamente quando o burburinho já fazia eco no mais rudimentar dos estetoscópios. O problema é que a burocracia e ausência de pulso quando se trata de punir um colega são entraves que deixam o mal criar sólidas raízes. Poucas são as mulheres capazes de enfrentar o médico estuprador olho no olho. O agravante é que esses anormais são inteligentes, ardilosos e mantêm legiões de defensores. Em Goiânia, apenas para registrar mais uma vez, existe um desses maníacos em plena atividade.

Uma de suas vítimas, entre dezenas que ainda não tiveram coragem para enfrentar o desafio, levou a ação até o fim. Mostrou-se crucial o apoio da valorosa Luzia de Oliveira, atual integrante do Fórum Goiano de Mulheres, com o firme suporte da saudosa Consuelo Nasser e de outras mulheres ligadas ao Cevam.

Infelizmente, vítima dos bons advogados que o defenderam e com o auxílio do irmão que ocupa um cargo importante nas lides do governo, o desequilibrado salvou-se, pagando uma indenização trivial. Após livrar-se da Justiça, ameaçou a vítima e moveu ações intimidatórias contra a imprensa. A estratégia funcionou. Sabendo do tamanho da encrenca e do poder dos envolvidos, outras testemunhas, incluindo duas enfermeiras, recuaram em suas iniciativas de denúncia.

O Conselho Regional de Medicina recebeu pronta notificação. Tentou agir, mas esbarrou no medo das testemunhas. O tal “doutor”, que mantém no curriculum até uma expulsão, aos berros, de um centro cirúrgico administrado pelo dr. Zerbini, fincou consultório nos arredores da Capital e está mantendo a tara em banho-maria.

Os leitores, com toda razão, vão indagar o porquê de um artigo-denúncia que não leva o nome do autor. Fácil explicar. Assim como aconteceu com Caron, Abdelmassih e outros, ele ainda vai praticar horrendas barbaridades antes que caia na rede da Justiça. Mas todas as vezes que lê um artigo envolvendo sua anomalia, ele se arregaça de ódio com gana de engolir o anzol. As mulheres prejudicadas, graças a um diligente advogado que mantém registros de suas loucuras sexuais, se fortalecem criando condições para denunciar.

Sendo assim, e principalmente considerando que a sociedade tem suas formas indiretas de comunicação, vale a pena cutucar o animal de jaleco branco. As excelências médicas que dignificam o exercício, uma esmagadora maioria que tanto admiro, sabem que o joio está separado do trigo. Cedo ou tarde ele será desmascarado. Faz sentido esperar outras vítimas? Faz sim. É o preço que se paga pela democracia e pelo Estado de direito.


Rosenwal Ferreira é jornalista e publicitário

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Programe-se

É hora de bajular e cobrar de Lula

Segundo o manual das bruxas, o dia mais azarado do planeta seria uma conjunção estelar numa sexta-feira, dia 13, em pleno mês de agosto. A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Goiânia vai acontecer nos limites da urucubaca. O dirigente mais popular da história – “o cara”– aterrissa no improvisado Aeroporto Internacional Santa Genoveva, na quinta-feira, dia 13, oitavo mês do calendário gregoriano. A recepção leva ares de uma festa de arrombar quarteirões. Talvez vítima da baixa umidade do ar, que nessa época agrava minha idiotia crônica, gostaria de entender a razão de tanta euforia. Tirando o fato de que o líder é uma espécie de Rei Midas do voto popular, imbatível messias no teatro que embriaga as massas, a análise consciente deixa margem estreita para euforia.

Dados estatísticos, de fácil comprovação, demonstram que Lula está longe de ser generoso com o contribuinte goiano. O fenômeno de crescimento ostentoso pelas obras do PAC ainda está no campo das promessas sem miolo. Os investimentos tão alardeados parecem visões de disco voador. Ou seja: muito alarido sem comprovações práticas. Mas vá lá. Faz parte do jogo de quem pretende emplacar o sucessor. O que me deixa abespinhado é a constatação de que o governo federal, sob a batuta de Lula, não repassa aos cofres goianos verbas necessárias – dotações orçamentárias ajuizadas na discriminação regular – em segmentos de crucial interesse da população.

Na área de segurança pública, por exemplo, os deuses palacianos estão longe de cumprir metas e obrigações concorrentes. Resultado: sem investimentos adequados estamos sempre em desvantagem com o banditismo. Numa impostura que irrita, o manda-chuva finge que os problemas do Entorno de Brasília é uma encrenca nossa. De propósito, teima em não enxergar que soluções definitivas passam por decisões do Planalto. No segmento de saúde pública, não me consta que as dotações estão sendo realizadas no estrito cumprimento da lei e das necessidades do contribuinte. Pelo contrário, Estados federativos que arrecadam menos têm sido mais favorecidos. Que alguém bem informado me esclareça se Lula fez algum bonito para garantir nossa vocação agrícola. Existem projetos contribuindo para garantir estradas em condições de escoamento da safra? Na realidade, sequer as estradas federais recebem manutenção qualificada. Com raras exceções, o agropecuarista em terras do piqui permanece no ofício de teimoso. Os incentivos – pesquisas, apoio técnico, capital de giro e etc. – não derretem ao sol de promessas estilo meia-sola.

O alardeado projeto do primeiro emprego, que saindo do papel poderia beneficiar milhares de jovens goianos, sequer gerou uma dúzia de contratações. Quais foram os investimentos de excelência que o governo federal realizou em Goiás na era Lula? De memória, no duro, não me recordo de nada digno da fanfarra que se realiza em torno de seu nome. Nem a proximidade de Brasília teve significado em termos de vantagem aos goianos.

Evidente que Alcides Rodrigues e Iris Rezende, e chaleiristas de todos os matizes, devem receber o presidente com todas as honras que a liturgia do cargo demanda. Mas o momento é de cobrar. Temos pouco a agradecer. Ou será que nos basta a honra de acolher sua majestade?

Que se realize os acordos e maquinações eleitorais de agrado umbilicais. Mas que venha logo o aeroporto internacional. As obras prometidas em função da Copa do Mundo. Que o privilégio de sua presença não seja restrito apenas a pactos que possam dar resultado na boca da urna.

Sou a favor de bajular o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas deixando claro que, hoje, não somos índios que se curvam a quem promete botar fogo na água dos rios ou nos contentamos com espelhos e bugigangas.



Rosenwal Ferreira é jornalista e publicitário

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A Polícia Militar de Goiás irrita poderosos

Desde que o coronel Carlos Antônio Elias assumiu o comando geral da Polícia Militar de Goiás, os barões do crime organizado entraram em polvorosa. Não é fácil duelar com um profissional obstinado que faz da ética um sacerdócio inegociável. A refrega fica pior quando o sujeito é corajoso e não tem rabo preso.

Logo de início, sem alarde ou quizilas particulares, ele varreu os inconvenientes, colocando no “front avançado” oficiais com linhagem militar irretocável. Suportou em silêncio o arrufo e as previsíveis irritações de interesses contrariados. Suas energias foram canalizadas para sufocar a criminalidade. Numa guerra desigual, considerando que o banditismo não exige licitações, os avanços estão acorrendo com sacrifícios que poucos imaginam.

Adotou tolerância zero nos desvios de conduta dos homens de farda e ordenou bater de frente com os tubarões da safadagem. Com isso, comprou rixa natural com os que acostumaram a manter ações criminosas em acordos que untam vários umbigos. O cartel que controla jogos de azar, incluindo os caça-níqueis que parecem brotar do solo como se fossem de outro planeta, está furibundo.

Sem mistérios, exigiu pulso firme no combate aos narcotraficantes, receptadores de mercadoria roubada, ferros- velhos e gatunos que já ousavam intimidar policiais. Quem conhece dos bastidores, sabe que a tática surtiu efeito e está irritando milionários que os anzóis da lei ainda não fisgaram.

Alguns deles, agastados com prejuízos na rentável moenda do lucro criminoso, ordenou desforra incendiária. No rol das sacanices, inclui desgaste – sob todos os métodos possíveis – da cúpula que reza na cartilha do coronel Antônio.

A macabra trama dos chefões das quadrilhas é espalhar o terror para desmoralizar o comando. O que interessa a esse grupelho ordinário é afastar os que ousam bulir com suas engenhocas de furtar tolo. Alguns deles chegam ao atrevimento de frequentar colunas sociais e degustar vinhos de safra nobre acompanhados de figuras carimbadas da alta sociedade.

Para a aflição da calhorda que se atola na libertinagem, existem duas pedras no caminho das suas más intenções: o secretário de Segurança Pública, Ernesto Roller, e o governador Alcides Rodrigues. Afáveis no trato particular, esses dois homens públicos provaram ser valentes em defesa dos que acreditam. Resultado: não será fácil, como já acorreu no passado, desmontar os que estão coesos em defesa da comunidade.

Os que atualmente ocupam posições de confiança não estão no cargo por acaso. Antes de imaginar que cedo ou tarde eles vão retroceder no combate ao crime, doa ao poderoso que doer, é melhor preparar as malas e mudar para o raio que os partam. Goiás não tem vocação para se transformar no Rio de Janeiro. O atual comandante, assim como os que estão ao seu lado, tem o respaldo dos homens de bem.



Rosenwal Ferreira é jornalista e publicitário

Jornal do Meio Dia

Acompanhe às 2ª, 4ª e 6ª feira no Jornal do Meio dia da TV Serra Dourada os comentários do jornalista Rosenwal Ferreira.
Críticas e opiniões sobre os temas atuais do Estado e do Brasil.