Seguidores

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Onde está o PMDB?



          No auge da mixórdia que se transformou a votação da medida provisória que procura implementar um mínimo de ordenamento e progresso nas sofríveis estruturas dos portos brasileiros, um dos líderes do PMDB vociferou em voz alta: onde está o PMDB? Muito simples, os membros do partido se encontravam perdidos nos interesses umbilicais que os saciam. As sessões envolvendo o importante assunto para o País evidenciou, mais uma vez, o lado podre da base de apoio do governo. É preciso muito estômago para suportar o nauseante jogo do toma lá da cá, que os ordinários enfiam goela abaixo em quem procura administrar a nação.

           É fato que o PT se enrasca nos tentáculos de um monstro que ajudou a criar. Mas nada justifica a mesquinharia política de um partido que com origens em gente séria como Ulisses Guimarães, Franco Montoro e outras figuras dignas com limites éticos definidos e aceitáveis. Com origens no MDB, o PMDB de hoje, com honrosas exceções que se envergonham,  é um amalgama de aproveitadores que agem como tubarões vorazes controlando o governo sem a responsabilidade de governar.

    Claro que o PT, cujo saco de artimanhas e maldades se iguala ao parceiro do oportunismo, vai aos poucos, mas num processo gradativo, sufocando e engolindo o PMDB que se acha esperto, mas pode terminar se espatifando no penhasco. Haja vista que o grupo de Lula usa a sigla como trampolim para ganhar o poder e se perpetuar no comando. Os acordos são cumpridos apenas quando é de interesse do PT, ao perceber que pode seguir em voo solo, que se danem os escrúpulos e as parcerias. Bem feito. Eles se merecem.

     É até compreensível que os abutres não tenham o menor respeito uns pelos outros. Mas torna-se cruel, algo inadmissível, que o nauseabundo composto de aproveitadores, não tenha um mínimo interesse em resolver tópicos que destroem a capacidade de competição e o progresso que lhes garante um régio salário. Qualquer cidadão racional percebe que o aprimoramento dos portos, seja visando exportação ou importação, é imprescindível para os bons destinos do povo brasileiro. Fazer dessa operação tão crucial, uma feira de barganhas e mesquinharias é ir longe demais.

   O pior do cenário é que não existe luz no final do túnel. A sordidez vai continuar e novos capítulos, como sempre grotescos e ordinários na essência, vão ser incorporados. No modelo que se atolou a nação, dificilmente estas duas correntes de poder vão tomar juízo. Eles perceberam que juntos, mesmo que se engalfinhando para tirar o maior proveito possível dos cofres públicos, são imbatíveis no projeto de manter o poder. O que nos resta? Resta-nos a posição de ficar no auditório observando o circo de horrores, sem forças para interferir no espetáculo que decide o destino de nossas vidas.

   E o povão que pode decidir e expurgar os ordinários? Esse, bem que Lula já advertiu, está mais incomodado com os resultados do jogo dos times de futebol, com a cachaça farta nos fins de semana, com a liberação da maconha, com mais feriados para curtir, com o carnaval, com samba e botecos com cerveja gelada. É uma barbada controlar o País. Cegos são os que enxergam o que está acontecendo. 


Rosenwal Ferreira: Jornalista e Publicitário
Twitter: @rosenwalF
facebook/jornalistarosenwal

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Insanidade norte americana



               Que os irmãos Tamerlan e Dzhokhar, ao que tudo consta autores do brutal e covarde atentado na Maratona de Boston -- que ceifou vidas inocentes e deixou um odioso rastro de mutilados – representa a mais sórdida faceta dos seres humanos, isso não existe dúvida. O que impressiona é a insanidade do povo americano ao lidar com os desdobramentos da tragédia. Considerando que cabe ao cidadão civilizado, pensante e na plenitude da consciência moral, não se nivelar à barbárie dos criminosos, o que se verifica é lamentável.

               A começar com o agente funerário que preparou o corpo de Tamerlan, morto em confronto com a polícia, que foi ameaçado e hostilizado por dezenas de moradores. O profissional apenas cumpriu o rito de sua atividade. É um americano patriota e certamente abomina todos os atos dos “brothers” tresloucados. Está sofrendo represálias porque o espírito de porco do americano médio se agigantou acreditando no foco da vingança, não importa contra quem, como forma de purgar suas amarguras.

           A parvulez se propaga quando nenhum município aceita receber o corpo do terrorista Tamerlan para ser enterrado. Perplexo com a estupidez, e sob vaias dos insensatos, o responsável pela guarda do morto analisou com uma lógica irrepreensível: “ Querem o que?” Culpado, inocente, monstro ou anjo, nós temos que enterrar os mortos.”

            É de se pensar que os abutres da desforra, desejam que o defunto sofra e pensem no crematório se deliciando em ver o cadáver se transformar em farinha. Quem sabe o espírito padeça o fogo que devora o corpo inerte. Seria uma solução. Só que as empresas que executam o serviço temem ser boicotadas caso aceitem a empreitada. Talvez uma solução, que aplacaria a ira dos que bradam vindita, seja esquartejar o corpo e espalhar macabros pedaços nas ruas, avenidas e “freeways” de uma USA eufórica com o desfecho.

        É necessário que o Tio Sam, com suas reconhecidas qualidades, cresça também na tragédia, mostrando dignidade mesmo com o coração a arder em tristeza. Essa necessidade pueril de estabelecer revanche doa há quem doer foi a semente que germinou aberrações que ninguém entende. Uma demência que mantém presos no limbo, sem direito a julgamento justo e sendo alimentados à força, nos horrores de Guantánamo e a invasão do Iraque fruto de uma paranoia que não se confirmou.

         Erros tão violentos acabam alimentando tiranos que se apõem ao estilo USA de ver o mundo. Desvario como o regime Cubano, delírios à la Hugo Chavez e outras anomalias,  se nutrem, e se perpetuam na insanidade visceral, pelo ódio aos desvios de Washington. Está na hora do Tio Sam se tornar vovô com um grau de maturidade compatível com a vocação dos que viabilizaram uma das mais sólidas constituições do planeta.   

Rosenwal Ferreira: Jornalista e Publicitário
Twitter: @rosenwalF
facebook/jornalistarosenwal