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quarta-feira, 23 de junho de 2010

E agora Deputada Isaura Lemos?

Destruir reputações de jornalistas, com o objetivo de encobrir verdades e desmoralizar denúncias documentadas, é uma prática comum na politiquice brasileira. Em meus 38 anos de praia, já suportei tormentas e engoli sapos dos mais indigestos. As táticas de intimidação, embora desqualificadas no conteúdo, foram irritantes e atormentaram minha saúde. Dificuldades para dormir, úlcera, diabetes e pressão alta são como cicatrizes do campo de guerra.

O jornalista brasileiro tem que matar um leão por dia. No cerrado goiano o buraco é mais embaixo, enfrentamos touro a unha em todas as horas de nosso ofício. Faz parte. Quem mandou escolher uma profissão desgastante cujo salário básico é um dos piores entre as categorias organizadas? Entrou na chuva tolera os raios ou vai cantar em outra freguesia.

No clima das histórias falsas, fofocas, intrigas, processos absurdos, ameaças de morte e outra bobagens que a gente não se acostuma, mas aprende a enfrentar, algumas falsidades acertam o fígado com mais força. Principalmente quando os que nos acusam não possuem o menor mérito social.

Recentemente tive que aceitar, em nome da prática do bom jornalismo envolvendo direito de resposta, uma falsa imputação mentirosa até os ossos. A Deputada Isaura Lemos, protegida sob o manto da imunidade parlamentar, lascou o seguinte título: “A HISTÓRIA COMPROVA ROSENWAL FERREIRA É CALUNIADOR.”

A composição do texto, ao que consta escrito à quatro mãos por um grupelho de sua folha de pagamento, não provou absolutamente nada contra minha reputação e minha ética profissional. Mesmo assim, o ardil serve para me espicaçar e está disponível nos arquivos. Juridicamente eu não podia fazer nada.

Quem diria que a justiça brasileira, tão morosa, tão flexível com os poderosos, chegaria rápido para lavar minha alma? A deputada Isaura Lemos é uma das primeiras a ser excluída vítima do projeto de lei batizado como ficha limpa. Quem afirma, e confirma claramente, que ela é suja é a lei. Não sou eu. Todas as vezes que a critiquei, atuando em dupla com o esposo Euler Ivo, foi com base em ações factuais, amplamente registradas. Sempre tive o cuidado de checar com várias fontes.

E agora? Como é que fica Deputada? Existe um complô estadual e nacional contra a senhora? São todos caluniadores? Ou será que tudo foi uma armação deste escriba? Que artigo a distinta parlamentar vai escrever para desmerecer a verdade que veio à tona? É bem possível que a senhora ainda consiga brechas na lei para safar-se e ainda continuar sendo eleita. Estamos no Brasil. Mas, cedo ou tarde, vai colher o que plantou. Boa safra.


Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

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Deputados vão aprovar lei insana

Agindo na contramão do que preconizam especialistas de todo o mundo, os nossos congressistas encastelados em Brasília devem aprovar nos próximos dias uma lei tão insana quanto a incurável corrupção que enlameia o legislativo nacional. Os “gênios” de Brasília, certamente atendendo pedidos de quem acha pouco o sangue que jorra nas ruas das cidades brasileira, vão liberar armas de fogo para uso dos agentes de trânsito.

A justificativa é tão cretina que chega a assustar os homens de bem. Alegam os congressistas que, em alguns casos, os responsáveis por lavrar multas e coordenar o trânsito são ameaçados por motoristas. E daí? Será que armados de um 38 cano longo vão reagir atirando nos motoristas irritados? O bom senso manda que, em casos de agressão ou violência, a policia regular seja acionada.

Sem o devido preparo, não tendo cursado uma academia, os responsáveis pelo trânsito não estão aptos a utilizar armas de fogo. Se o assunto extrapola veículos e leis de tráfego, sai da esfera de responsabilidade desses importantes agentes da lei.

Os que defendem a liberação de armas letais a esse segmento, ainda justificam que eles podem enfrentar bandidos que cometem infrações. Vai ser muito pior se estiverem armados. Podem anotar. Essa medida é tragédia anunciada.

Imagine o leitor quando um desses que já são arrogantes com um talão de multas tiver licença para atirar? Será o caos. O pior do absurdo, que estamos prestes a liberar, é que a própria força policial está adquirindo armas não letais para evitar confrontos com vítimas fatais.

Os estudos comprovam que são poucos os homens, e mulheres, com maturidade para usar um revólver. O que mais assusta é saber que centenas desses trabucos vão parar nas mãos dos marginais. Despreparados psicologicamente para matar – é para isso que servem os revólveres – os agentes vão ser vítimas dos criminosos.

Pela vivência jornalística que chega aos 38 anos de praia, aposto minha carreira que as tragédias vão acontecer com muita rapidez. Essa balela, um engodo assassino, afirmando que os profissionais só podem mandar bala depois de treinamento específico, é ilusão. Sequer os militares recebem instruções capazes de evitar erros.

Só faltava essa. Agora, por direito expresso concedido pelos lorpas do corpo legislativo, os motoristas brasileiros podem levar um tiro na testa se desobedecer a um sinal vermelho ou deixar de acatar ordens dos que vão às ruas cuidar do trânsito. O relator da tal lei, já convencido de sua necessidade, afirma que o uso de armas por agentes de trânsito vai contribuir para a paz nas ruas urbanas do País. É, não tenho dúvidas, os políticos estão enlouquecendo.



Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

quarta-feira, 9 de junho de 2010

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Onde os sinos dobram por José Mendonça Teles

Muitas páginas na internet derramam merecidos elogios ao escritor goiano José Mendonça Teles. Ele é respeitado como historiador, poeta, contista, cronista, ensaísta, dicionarista e jornalista. Mas acima de todas as funções que desempenha com inesgotável magia, sempre foi a de ser especialista em gente. O nosso José do cerrado é o espírito máximo da cortesia, candura e generosidade de quem viveu intensamente haurindo o certo nas terras do pau torto.

Em recente visita ao seu donairoso museu encravado como joia rara no centro da Capital deleitou-me sua prosa divertida e os encantos de um velho que brota juventude intelectual. Mais de uma hora de troca injusta - para ser correto eu deveria apenas escutá-lo de joelhos – eu percebi o quanto é importante a simbiose entre cultura e humildade.

Além de visitar um mestre das letras, desses raros que moldam frases como escultor a fundir vasos únicos a partir do barro, tinha como missão autorizar a adaptação da poesia “Ser Goiano”, para uma peça televisiva. O sorriso de quem já escreveu agruras transformando-as em lição de vida foi algo com desconcertante singeleza.

“Meu caro jornalista Rosenwal Ferreira, essa poesia não me pertence mais. Ela é sua, ela é nossa. É uma cidadã do mundo. Navega pela internet como se fosse um veleiro de quem não tem o mar, pois não precisa dele. Utilize e faça o que achar melhor. Minha recompensa é divulgar nossos encantos.”

Por essas e outras é que José Mendonça Teles paira acima da média comum. É um homem admirável que plantou mais do que colheu. Na chácara que era de sua propriedade, um oásis beijando a cidade que o estrangula aos poucos, freiras carmelitas adornaram um mosteiro que acolhe peregrinos de todos os matizes.

O valor da diária faz jus ao poeta, transformando o local num democrático centro de estudos espirituais. As hortas que abastecem o quadrilátero oferecem verduras sem agrotóxicos e a cozinha é vegetariana por opção das religiosas. Bem próximo à capela se ergue majestoso campanário em que badalam sinos feitos à mão por artesões italianos.

Deitado na relva próxima à capela, em meditação profunda após dois dias em voto de silêncio, vislumbrei as nuvens, o sol do cerrado minguando seu gigantismo, um tucano pousou na copa de uma árvore de casca grossa, casais de bem-te-vis ensaiaram um concerto, o vento soprou em cúmplice equilíbrio e, neste exato momento de intenso magnetismo com a natureza, os sinos badalaram. Eu estava num cenário à lá José Mendonça Teles.


Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário.
Email: rosenwal@terra.com.br