Com seu habitual refinamento, o Dr. Paulo Garcia se exauriu em explicações para defender a jactância do protegido Luiz Carlos Orro. Foi até bonito ver o chefe do município se atirar aos abutres, oferecendo de bandeja uma reserva moral cuidadosamente armazenada, para salvar um auxiliar miúdo que se enrascou em trapalhadas. Dizem que ele não deu o braço a torcer como tática para mostrar tutano. Nesse aspecto saiu vitorioso. Ninguém duvida que ele é capaz de bancar a caturrice que bem entender.
Já que “aceçores” (assessores de fato existem poucos no Paço Municipal) fazem vista grossa e se lixam à fedentina que assola mais de 30 bairros, o Prefeito podia seguir dando vazão ao seu estilo. Devia participar de entrevistas explicando por que as empresa poluidoras, responsáveis por mais de 80% da lambança, continuam atuando. Que forças ocultas permitem que infratores contumazes, como a Unilever, mantenham sua atividade criminosa. Afinal de contas, por que a fiscalização não funciona? Se a culpa não é da Prefeitura, que nos mostre a quem devemos criticar.
Esse tema, convenhamos, é mais grave e importante do que oferecer desculpas sobre brinquedinhos adquiridos à sombra de incertezas e corrupções. Crianças e famílias doentes, vítimas do nauseabundo composto de infames odores, não tem condições de frequentar parque algum. Esse é um assunto muito sério. Urge explicações do poder público.
Será que ninguém percebe que milhares de goianienses estão amargando sofrimento cotidiano. Que a situação é calamitosa num amplo quadrilátero? Será que o dever de informar, explicitando providências a serem tomadas, é inferior à defesa de um secretário trapalhão? Os vereadores vão reagir frente à constatação de que são indústrias as responsáveis pela dor de cabeça?
É o diabo perceber a inversão de valores (valores?) quando se trata de satisfações à comunidade. Se o imbróglio é um contenta política todas as forças se aglutinam. Se o embate envolve sofrimento coletivo deixa-se para depois. As responsabilidades nunca são apuradas e fica por isso mesmo. Uma forma brasileira de administrar que precisa ser reavaliada.
Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário
Twitter: @rosenwalf