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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Vem aí o Carrefurto?

Com o sarcasmo que lhe é peculiar, e uma incrível capacidade de síntese analítica numa só palavra, o jornalista da Folha de São Paulo, José Simão, arrancou gargalhadas ao batizar o imbróglio de fusão proposto por Abílio Diniz como Carrefurto (“O pão é francês, mas a rosca é brasileira”). Até agora, o agressivo executivo Diniz é único a alinhar motivos felizes para a união dos gigantes do ramo. É fato que em Brasília correm rumores cabeludos que justificam a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), disposto a torrar bilhões para tornar o açúcar ainda mais doce nas prateleiras dos hipermercados citados.

Em Goiás, a reputação do Carrefour é um terror que assombra fornecedores, prestadores de serviço e funcionários. Em qualquer roda de conversa saltitam reclamações persistentes que arranham o renome do grupo. Mais do que uma simples birra pelos ditames de um conglomerado europeu, as críticas parecem consistentes no confronto estatístico do Procon e do Ministério do Trabalho, órgãos que registram a empresa com índices elevados de queixas.

Na qualidade de cliente, posso afiançar que o estabelecimento está em minha lista pessoal entre os locais em que prefiro não freqüentar. Comprovei erros continuados na diferença de preços marcados na embalagem e que aumentavam na boca do caixa, produtos vencidos, falta de higiene na área de produtos frescos e má vontade generalizada em resolver os problemas da clientela. Evidente que desisti.

Em off, sempre temendo retaliação, são inúmeros os fornecedores que já enfrentaram sérias dificuldades tanto na negociação quanto no recebimento. Isso para não falar de exigências onerosas para garantir a presença de um produto nas gôndolas. Ele não é o único a adotar essa prática, ressalta-se. Mas segundo informações confiáveis é o mais agressivo.

Nesse quadro fica difícil acreditar que, sendo mais poderoso do que já se registra, o conglomerado francês vai deixar a arrogância de lado. O histórico faz acreditar o contrário. Definitivamente o BNDES seria mais feliz injetando bilhões de reais nas pequenas e médias empresas do setor, que sobrevivem heroicamente garantindo mais de 80% da mão de obra, do que se aventurando na ganância de um empresário que se agiganta para dominar.

O erro do Brasil é sempre o mesmo. O próprio governo agiliza focos ditatoriais que fortalecem os poderosos, em detrimento da concorrência saudável. Quem paga caro por essa logística predatória é o consumidor. A cada união encolhe o leque de opções para escapar dos que controlam preços, empregos e oneram o setor industrial. Oxalá a tal fusão possa ser evitada. Mesmo com o poderoso lobby e com a babel de interesses por trás da iniciativa.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário

Twitter: @rosenwalf

Um comentário:

  1. QUEM SE CALA E NÃO FAZ NADA, FAZ PARTE DA COISA!

    Tudo de mais pernicioso para a nossa economia acontece por detrás dos bastidores da nossa política e nossa economia, sendo este apenas mais um dos milhares de casos de roubalheira.

    Bilhões e bilhões de reais são transferidos do erário "público" para contas de empresas ou pessoas como se fossem transferências de centavos de reais, e tudo "dentro da lei".

    Minha única tristeza é que o povo sabe de tudo
    isso através das imprensas, e nada faz contra, sendo conivente com estas maracutais.

    ...E TUDO CONTINUA COM SEMPRE FOI!!!

    De Goiânia, para o blog do Rosenwal,

    Hàmlid

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