Voltaire diz que os
céus nos deram duas coisas para compensar as inúmeras misérias da vida: a
esperança e o sono. Na refrega de mais de 40 anos acreditando na prática do bom
jornalismo, uma tarefa cada vez mais difícil, eu ainda não perdi a crença em um
Brasil sem avalanches de corrupção. Confesso que tenho noites insones
procurando entender a mente doentia dos canalhas de plantão.
Ao
contrário do que se alardeia eles não chafurdam apenas no segmento
político. Parasitas de todos os matizes se vampirizam com mais
facilidade entre os simpatizantes da politiquice. Entretanto, a depravação
da coisa pública se organiza em quadrilhas encasteladas em todos os setores.
Notem
a dificuldade do prefeito Paulo Garcia, que até agora teve que engolir sapos de
um bueiro pré-existente, em se livrar de libertinos que desgastaram seu
governo. Destaca-se que mesmo no auge das denúncias ninguém duvidou do senso
ético dele. O que se criticou foi a ausência de uma ação rápida a eliminar os
focos de incompetência. Imaginam-se as pressões que vomitaram impedimentos.
Sei
que o médico Paulo Garcia, assim como um amplo leque de cidadãos corretos,
resiste ao balcão de negócios imobiliários que pretende destruir o último
bolsão verde da Capital ( quadrilátero próximo a UFG) comprometendo
o frágil lençol freático. É um assombro constatar que um grupelho inescrupuloso
se agita na Seplan com o firme propósito de disseminar falsidades e
contribuir com os gananciosos. Mesmo sendo minoria são influentes e temidos.
Alguns,
cujo patrimônio particular e relações com especuladores estão sob a mira
de investigações necessárias, defendem abertamente a implantação de
projetos destruidores. Suas ações sórdidas, que felizmente estão encontrando
resistência no Ministério Público, nos segmentos organizados, no
chefe do executivo e no próprio secretário Lívio Luciano, incluem
jogar a população ignorante contra as comunidades que defendem os últimos
nichos ecológicos da Capital.
O
que está em jogo envolve muito dinheiro. Não é fácil entupir “propinodutos”
históricos. Diversas fontes confirmam que após reuniões com vereadores
lúcidos, promotores qualificados e famílias honestas, a turma do mal se reporta
na surdina aos tubarões do lucro fácil. Segundo consta, existem até um projeto
sigiloso elaborado para atender o esquema de um novelo de imobiliárias e que
está sendo guardado a sete chaves. Alguns funcionários, com destaque
uma arrogante dama que logo será desmascarada, se agitam jurando que os
“ecochatos” serão engolidos por centenas de loteamentos.
Ignoram
uma triste realidade: o que está em jogo é a qualidade de vida de milhões de
pessoas. Fosse uma cruzada apenas para untar o umbigo dos implicados na
batalha, seria mais rentável se render às vantagens de cortar árvores
centenárias, dividir a terra e auferir lucros. Felizmente a luta dos envolvidos
tem um propósito mais nobre.
Nada até agora sobre o caso Demóstenes Torres?
ResponderExcluirAndré