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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Deputado quase atropela taxistas

A síndrome de professor Pardal, o inventor estapafúrdio famoso nas revistas em quadrinhos pelas engenhocas bizarras, de vez em quando se manifesta nos legisladores. Normalmente os campeões da extravagância estão encastelados nas Câmaras Municipais. Mas como o Brasil ainda se atola no FBAPA (Festival de Besteiras que Assola o País) criado pelo saudoso Stanislau Ponte Preta, o inimaginável acontece em todas as esferas.

Recentemente, o deputado Evandro Magal (PSDB), um comunicador jeitoso que trata a imprensa com elegância, escorregou em cacos para atender um caso de umbigo mal curado. Segundo minhas fontes, por solicitação do Sindicato dos Taxistas de Trindade, com a intenção de inibir a presença de veículos na cidade limítrofe a Goiânia, Magal teceu a seguinte engenharia: um adendo na legislação obrigaria os taxistas a pagarem uma taxa de mil reais por ano para regularizar o transporte de passageiros além dos limites da cidade em que o veículo foi emplacado.

Ninguém sabe dizer de que baú Evandro tirou o tal valor. Com um salário generoso, que jorra faça sol, chuva ou tempestades econômicas, ele calculou que 83 reais seria mais do que razoável. Errou em todos os sentidos. Essa categoria de profissionais se atola em impostos intoleráveis. Qualquer acréscimo na transferência compulsória de dinheiro aos cofres públicos inviabiliza o negócio.

Mesmo sem interferências desastrosas, o taxista sofre o diabo. O sujeito que se arrisca nesse segmento pode arruinar seu dia num único congestionamento. O estresse da categoria é uma máquina de fazer doido.

Em sua defesa, o político alega que a iniciativa foi abortada, que tudo aconteceu a pedido da AGR (Agência Goiana de Regulamentação) e que ele visou proteger os taxistas, regularizando suas corridas fora da comarca de origem. Neste caso a audiência pública organizada pelo colega Mauro Rubem, realizada na última terça-feira, teve uma função inócua, visto que a iniciativa não teria curso nas votações. E se tivesse?

O que me causa espanto, e nesse aspecto o artigo em questão está válido como nunca, são os arroubos quando se trata de mexer no bolso do contribuinte. O nobre deputado Evandro Magal não foi o primeiro e não será o último a pensar soluções com o saco alheio. Às centenas, toda sorte de legisladores imagina resolver questões sangrando o setor produtivo.

Por essas e outras é que ninguém sabe ao certo quantos impostos, taxas e congêneres existem na babel de nossas atividades cotidianas. Chega! Ao que parece a tal elaboração de Magal, batizada ironicamente pelos taxistas de imposto “Sandra Rosa Madalena”, se fez ruir por decisão, mais do que acertada, do próprio autor.

A correção de rumos de Evandro Magal foi uma atitude de bom senso. Errar é humano e corrigir o erro, uma virtude. A crítica pontual serve como registro histórico e como alerta necessário. Que nenhum dos gênios da arrecadação, não importa os nobres motivos, nos venha com aumento indireto da carga tributária.

Intolerável nos empanzinar com mais gastos. Que todos os senadores, deputados e vereadores utilizem suas energias para diminuir despesas. Um belo convite ao respeitável Evandro Magal e todos os seus companheiros na Assembleia Legislativa Estadual. Que sejam fecundos, audaciosos e criativos nas legislações capazes de reduzir impostos.



Rosenwal Ferreira é jornalista e publicitário

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