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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Mais uma lambança do Denatran

Pródigo em pasmaceira inútil, o Departamento Nacional de Trânsito entrou de sola em 2010 mais do que disposto a atanazar a vida dos proprietários de automóvel. Na base da invenção que onera o bolso do contribuinte, passou a exigir uma fiscalização de veículos usados a ser realizada por empresas da iniciativa privada. Numa confusa legislação, firmas cadastradas vão cobrar até cento e vinte reais para emitir uma espécie de selo de inspeção.

Em Goiás, ao que consta sem culpa nenhuma do Detran Estadual, o tal imposto indireto - na verdade um confisco imoral – ficou estabelecido em noventa reais. Um verdadeiro assalto sem necessidade, com ausência de planejamento e que só interessa a duas firmas agraciadas com a velhacada. Ninguém sabe qual foi o gênio do mal a estabelecer tal quantia. Menos ainda as justificativas para que milhões de reais sejam sugados do contribuinte brasileiro.

Só para lembrar, o Denatran é o mesmo órgão que criou o tal kit primeiros socorros, uma inutilidade absurda enfiada goela abaixo e que serviu apenas para incrementar o lixão nacional. Foram esses mesmos gênios, numa tentativa felizmente abortada, que tentaram impedir a utilização do engate nos veículos, substituindo-os por uma engenhoca capaz de enriquecer uma meia dúzia de espertos.

Voltando a tal fiscalização compulsória, e até deixando de lado o disparate da quantia a entrar num desses ralos de fecunda corrupção, vai ser um Deus nos acuda. Imaginem apenas a frota da grande Goiânia, com mais de meio milhão de veículos usados, na fila esperando que duas minguadas empresas realizem um exame veicular. Das duas uma: ou vai ser de mentirinha ou teremos um congestionamento diluviano.

O competente Bráulio, administrador íntegro que revolucionou o Detran, está de mãos amarradas. Nada pode fazer sem as bênçãos da união. Apenas os deuses em Brasília é que podem decidir alguma coisa. Causa estranheza que nenhum deputado federal, ou senador, tenha percebido o engodo nessa estratégia.

Chega de hipocrisia e fingimento. Já amargamos impostos demais. O proprietário de automóvel é punido por comprar um veículo. Além de pagar a mais alta carga tributária do planeta, a mais injusta e mal aplicada, ainda é bombardeado com iniciativas estapafúrdias.

Para que serve o IPVA? Por que essa vistoria não poder se realizada, sem custo, nas dependências de quem faz a expedição dos documentos? “Para evitar roubos, clonagem, impedir que carros sem condição trafeguem nas estradas”, vão dizer os fingidos de plantão. Balela. Aposto os meus bagos que tudo vai continuar como dantes no quartel das cretinices nacionais.

Apenas duas coisas vão mudar. Anotem. O sofrido proprietário vai ficar mais pobre e alguns barões do lucro fácil vão enriquecer rapidamente. Por debaixo dos tapetes, amortecedores e volantes inspecionados, os de sempre vão enfiar na algibeira o dízimo de belzebu. Dinheiro parrudo que vão gastar aqui e pagar caro no inferno. É o que o desejo. E você caro leitor?


Rosenwal Ferreira é jornalista e publicitário

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