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quinta-feira, 20 de maio de 2010

Bolsa champagne e caviar

Considero o Senador Marconi Perillo, candidato a governador do Estado de Goiás, um administrador criativo, trabalhador e competente. Ele foi um messias para a imprensa e soube, como poucos no poder, valorizar o complexo de comunicação Brasil Central. Como jornalista profissional, em análise particular, não tenho queixas de sua atuação. Ao que consta, ele tem preocupações legítimas com os goianos menos favorecidos. Mas em minha análise erra ao prometer a tal “bolsa muro.”

A intenção é nobre mas entra na vala comum, alimentando o alforje de esmolas realizadas com o dinheiro do contribuinte. Evidente que não é fácil peitar o embornal de donativos politiqueiros do petismo. Pode até render votos, mas aderir a essa farra não é uma solução.

Uma boa tática é desmascarar a bazófia em torno de benesses capazes de arruinar o País. Vítima de múltiplas ações que entregam o peixe e não ensinam a pescar, já está faltando mão de obra nas zonas rurais e em diversos segmentos produtivos. No arranjo da bolsa família, vale gás, bolsa escola e espórtulas sem contrapartida de quem recebe o óbolo fácil, preguiçosos ficam em casa bebendo pinga no canudinho.

O pior dessa farra, à custa de quem paga a mais alta carga tributária do planeta, são as sinecuras da elite de aproveitadores. No topo dos chupa sangue estão os que recebem a bolsa revolução. Gente ordinária que lutou contra a ditadura militar e vem cobrar a fatura do trabalhador brasileiro. São desonestos em dobro. Fingem idealismo pela democracia, mas estão de olho na pensão sem esforço.

A coisa chegou a tal ridículo que está em curso o bolsa copa. O donaire prevê uma recompensa de cem mil reais e generoso beneficio vitalício a ex-jogadores que ganharam mundiais de futebol. Pode uma coisa dessas? O pessoal enlouqueceu. O mais absurdo é que, por lei, os clubes repassam 1% do valor de cada contrato que firmam com os jogadores para a FAAP (Federação das Associações dos Atletas Profissionais). Uma fortuna que, teoricamente, deveria amparar ex-craques.

O senador Marconi bem que pode investigar onde está indo esse dinheiro. Ninguém sabe ao certo. Os responsáveis pelo órgão fingem de morto e são muito vivos. Rezam para que sejam esquecidos no ralo de inúmeras verbas que untam umbigos bem nutridos.

A nação brasileira, que atravessa um bom momento de progresso, urge reavaliar a síndrome da mão beijada que corrói nossas entranhas. Um território digno se faz com trabalho, muito suor mesmo. Tudo o que é de graça, sem nenhuma compensação, é benéfico como socorro emergencial. No caminho que seguimos, tornou-se permanente e com obrigação de acréscimo eleição pós eleição.

Em curto prazo vão sobrar pedintes e faltar trabalhadores para sustentá-los. Até eu, que condeno a prática, mudo de ideia se prometer a bolsa champagne e caviar. Mas antecipo: que não me venham com champanhota nacional.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário

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