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quarta-feira, 26 de maio de 2010

Ordem no puteiro com aval do prefeito

Tempos idos, quando as donzelas ainda casavam virgens, era de boa índole frequentar prostíbulos considerados sérios. Muito embora tenha ares de contrassenso, existiam casas do baixo e do alto meretrício. Os pais zelosos, com ar sisudo de quem não admitiam brincadeiras com assunto importante, orientavam sobre os locais que seus pupilos podiam tornar-se clientes. Os liberais até acompanhavam a primeira sessão de masculinidade com valor negociado.

No meu caso, mesmo sendo um “abobrense” da geração “luz vermelha” – cor das lâmpadas que identificavam a casa da puta – tive um pai de raízes cristãs rigorosas, que jamais indicou ou contraindicou puteiro algum. Como não era bobo, realizei minhas excursões por conta própria. Na vizinha Santa Helena, cidade próxima que garantia certo sigilo havia uma casa de tolerância interessante. A dona Marta organizava o local nos trinques. Logo na entrada havia uma placa bem feita com os seguintes dizeres: “ Não admitimos comemorações com tiros para o alto. Sem exceções.” Ou seja: era um prostíbulo com ordem e respeito.

Pois bem, considerando que é possível ordenar até casas de sacanagens (hoje existem locais holywoodianos), é de se imaginar que podemos dar algum sentido na orgia que se transformou o Aeroporto Internacional Santa Genoveva. Mesmo sendo pequeno para o número de passageiros, não significa que precisa ser porcamente administrado.

Na última segunda-feira, precisamente nos voos que chegaram às 22h30, a lambança demonstrou falta de respeito e ausência total de coordenação. Tendo chegado três aeronaves em horário simultâneo, não havia uma única informação em que esteira se daria a entrega das bagagens. Os passageiros, como baratas tontas, iam de um lugar a outro como se fossem idiotas.

No meio da confusão, com semblante triste frente a tal balburdia, o prefeito da Capital, Paulo Garcia, confortava a esposa sem entender o porque de um descaso tão absurdo. Educado, e mais do que disposto a permanecer no anonimato, fez a mim a seguinte confidência: “Rosenwal, isso é inadmissível, a Capital não merece esse tratamento, menos ainda os goianos. Vou esta semana a Brasília narrar os fatos e pedir providências. A desordem não precisa alcançar tais níveis. Mesmo com a estrutura precária há de existir informações mínimas.” Show de observações. Ordem no puteiro já!!! Acrescento.

O que está acontecendo no aeroporto de Goiânia vai além de um prédio decente. É questão administrativa e falta de vergonha na cara. As taxas são as mesmas, o local é rentável e a desconsideração um acinte. Quem manda naquela joça? Sequer meretrizes do cais do porto seriam capazes de avalizar tamanho infortúnio.

Será que não tem uma alma capaz de escrever, que seja numa cartolina que se compra em qualquer papelaria, o número do voo no local em que vão rolar as malas? Se for o caso, ofereço particularmente para colocar um luminoso nas três esteiras naquele chiste. Qualquer empresário faz o mesmo. O problema é que ali tem funcionários demais e responsáveis de menos.

Tomara que a iniciativa de Paulo Garcia, que pertence ao PT no poder, tenha algum êxito. Se dona Marta estivesse viva, poderia ser chamada para organizar o bacanal aéreo. Não sendo possível, que filhos de boas mães deixem de fingir e passem a estruturar o que está funcionando. Muito bom que se tenha o aval do atual prefeito, decorosa testemunha da zona que se transformou a espelunca.

Ps: Muito embora a cafetina Marta fosse de aprovar plenamente a instrução de Marta Suplicy que lascou o “relaxa e goza” como forma de enfrentar suplícios em aeroportos, o nome é apena uma coincidência.

Rosewnal Ferreira é Jornalista e Publicitário.

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