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segunda-feira, 28 de março de 2011

Defendo Cileide Alves, editora-chefe do Pop, com unhas e dentes

Sou réu confesso. Centenas de parentes meus, de primeiro, segundo e terceiro graus, possuem cargos nos governos federal, estadual e municipal. Alguns são concursados. Outros foram chamados por afinidade pessoal com os administradores de plantão, nas cotas de confiança que existem legalmente. Para se ter uma ideia, em Rio Verde –minha cidade natal – é difícil encontrar um funcionário público que não seja da família. Fato compreensível considerando que os sobrenomes de minhas origens (Martins, Ferreira e Castro), representam o maior contingente de cidadãos da “Princesinha do Sudoeste”.

Se o prefeito, Juraci, casado com minha prima primeira, decidir exonerar todos os que têm laços familiares, precisará contratar funcionários de outros estados. O encontro dos Ferreira, realizado há décadas no mês de julho, chega a reunir mais de duas mil pessoas. É uma farra de causar inveja.

O Ferreira que ocupa o cargo mais importante no governo – fui eu quem indicou, podem espalhar – teve uma premonição e decidiu esconder o nome da família. Ele se chama Marconi Ferreira Perillo.

Sob a ótica da editora-chefe do Pop, Cileide Alves e Cia Ltda, os Ferreira deveriam ser banidos do serviço público. Sua cruzada contra o nepotismo, no estilo inquisidor “moral, lei e ordem” para consertar tudo e todos, extrapolou. Transformou-se num linchamento dos que merecem e dos que não merecem censura.

O meu exemplo particular, mostrando o amplo espectro de pessoas ligadas por parentesco ou alianças matrimoniais, não é uma exceção. Somos um estado jovem com uniões familiares muito estreitas. As pessoas se orgulham dos laços de sangue e procuram ajudar os núcleos que conhecem e confiam desde a infância. Uma coisa é condenar o nepotismo, outra é realizar uma caça às bruxas.

Ao se deleitar no frenesi em que se converteu a campanha midiática, Cileide Alves mal podia imaginar que se transformaria em vítima. O marido dela, o agrônomo Fernando Pereira dos Santos, foi indicado a um dos mais importantes – e bem pagos, 15 mil reais de salário – cargos do governo estadual. Ele é Superintendente do Ensino Médio na Secretaria de Educação. A informação, em tom de denúncia, foi publicada na coluna do jornalista Euler Belém do Jornal Opção.

Nos bastidores, afirmam que Cileide se tornou poderosa e tricotou para que o maridão pudesse substituir um especialista em educação, o mestre Marcos Elias. Não acredito. Afirmo o contrário. O esposo dela é um professor universitário e chegou ao cargo apesar da mulher famosa. Mesmo sendo, hoje, uma espécie de Lula de saias da atual roupagem de seu jornal “nunca antes na história da imprensa de Goiás”, a moça ainda vive num penhasco íngreme e altíssimo, muito acima dos vales úmidos. Contudo, não enxerga longe como a águia. Em meio aos galináceos veteranos, cacarejantes e vorazes, ignora que pode ser devorada a qualquer instante.

A história demonstra que editores endeusados, que faziam tremer quarteirões, foram cuspidos da redação como se fossem inúteis caroços de azeitona. Onde encontraram abrigo? Exatamente em cargos públicos. Justiça seja feita. São talentosos, trabalham honestamente e merecem os cargos que ocupam. Com o marido ganhando os tubos, Cileide pode se dedicar aos netos, claro. Mas sempre é bom lembrar: a verdade não deve ser mantida num espelho.

Já disse e repito: Cileide Alves não tem nada do que se envergonhar. O emprego é legítimo e as condições de contratação estão nos limites da lei. Eu a defendo com unhas e dentes, pois ela está onde merece. Mesmo assim, colocou o jornal numa saia justa. Sugiro que não dê na telha de entregar o cargo. Tudo indica que os administradores vão aceitar. Fazer um plebiscito entre os colegas também está fora de cogitação. Fontes confiáveis garantem que ela terá dois votos a favor para ficar na chefia. O dela e do colega Jarbas Rodrigues, editor da coluna “Giro”, que se meteu no mesmo estilo de enrascada.

Explica-se: Jarbas foi citado no mesmo artigo. Sua esposa é funcionária da Assembleia Legislativa numa indicação de cargo político. Porém, este eu não vou defender, porque está no sal. Como é de praxe, o mordomo é sempre culpado. Brincadeira. Jarbas é ético e ninguém merece entrar nesse ritmo de achar algo errado nos que tentam ganhar a vida trabalhando. Os casos mencionados, ao atingir símbolos da imprensa, servem a boas reflexões. Com família e com emprego não se brinca. Ao sentir o problema na carne, é possível que aflore a sensibilidade. Um atributo importante do jornalismo.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário
Twitter: @rosenwalf

2 comentários:

  1. Muito bom e se você está convicto de tudo que esta ai, tem que defender mesmo . Parabéns ficou ótimo adorei .. Abraços

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  2. Que inversão de valores...

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