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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Nion Albernaz e as flores murchas

Em minha restrita galeria de heróis da política goiana, o ex-prefeito Nion Albernaz ocupa uma singular posição. Até hoje, sob todos os aspectos, ele foi o mais expressivo prefeito a honrar o trono da prefeitura. Esse professor de gestos comedidos, fala pausada, cabelos brancos, olhar fascinante e uma aura de causar inveja, agiu com um brio administrativo que me deixou orgulhoso em pagar impostos.
Em sua gestão criativa, ousada e revigorante, sofreu injustiça de mentes opacas e gente miúda. Alguns que hoje certamente se envergonham de que fizeram, o apelidaram depreciativamente de “gestor das florzinhas” ou algo parecido. Erraram feio. Não fosse o afeito de beleza, e plasticidade didática que ele imprimiu aos logradouros públicos, Goiânia teria crescido com a aridez da pobreza visual que nivela as cidades por baixo.
Os belos parques atuais proliferaram porque ele deu o norte. Mostrou que essa concepção forçava a outras ações progressistas. Pena que muitos, sobretudo os gananciosos, tenham feito opção por modelos fajutos de ocupação urbana, fingindo qualidade de vida. As farsas se tornaram regra e não exceção.
Muito embora a capital jardim tenha sido a marca registrada de Nion, esse não foi seu único mérito. Albernaz tinha visão de futuro e senso do presente. Com arrecadação menos expressiva do que a atual, e no caldeirão de uma sopa em que fervia inflação, consegui manter a cidade limpa, equilibrou áreas verdes, acolheu crianças carentes num projeto qualificado, soube atender com razoável apreço a área da saúde, agiu sensatamente na área de educação e soube como poucos escolher seus auxiliares.
Era perfeito? Não errou? Longe disso, seu governo também amargou senões. Mas no comparativo com os sucessores, tenha paciência, o homem foi um gênio. Alguns vão alegar que a cidade cresceu e, na conseqüência, aumentaram os problemas. É fato. Mas comparem a arrecadação e verifiquem o acréscimo e verba versus habitante. Nesse contexto o enrosco dele era bem pior.
Uma pena que são poucos os políticos da safra de Nion Albernaz e Mauro Borges. O compasso era outro. O senso de vergonha impedia certas flexibilidades tão naturais no contexto 2011. Se me acusarem de saudosismo obscurecido pelo túnel do tempo, dou apenas uma resposta: façam uma pesquisa. Procurem quem viveu a era Albernaz e degustou o sal que temperou a capital nos anos subsequentes. Estou certo que ele será lembrado com saudades com direito a um troféu no topo das condecorações. Por essas e outras é que sua cabecinha de flocos de neve descansa cuidando de flores numa bucólica fazenda. Entendo que merece a paz dos passarinhos, sem a presença dos urubus da política.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário.

E-mail: rosenwal@terra.com.br
Twitter: @rosenwalf

2 comentários:

  1. Eu su desta safra e sempre falei e vou continuar falando, Goiás jamais conhecerá ou Nion Albernaz, porque êle é único, homem digno, melhor prefeito que Goiás conheceu.

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  2. Também sou desta safra e acho que Nion fez dois bons governos quando ainda era do PMDB mas sua última passagem pelo Paço Municipal, foi um desastre. Goiânia ficou refém da balbúrdia no trânsito com a invasão das vans do Elias Vans,um atentado contra o patrimônio da ciadade foi feito com aquela inútil obra da Avenida Cora Coralina,que só beneficiou uma faculdade ali instalada e teve também aquele aumento absurdo de 100% do IPTU que foi depois impedido pelo MP depois que todos os talões já estavam confeccionados, trazendo um prejuízo enorme aos cofres municipais. E Avenida Goiás, que foi restaurada depois de sua saída , mas que era um antro fétido tomada de camelôs.

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