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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Cuba que eu vivi, parte cinco

Depois de curtir alguns dias no paraíso sendo tratado como rei, tomando todos os drinques a que tinha direito, no embalo de entretenimentos cubanos que lembram a ginga dos bons carnavais brasileiros, nós decidimos alugar as duas únicas motocicletas que existiam no complexo hoteleiro. Como se fizessem um par amalucado, tanto o modelo chinês quanto o italiano, tinham carência de itens básicos que tornaria impossível trafegar com eles em qualquer território com exigências de trânsito mais rigorosas. Ao diabo com detalhes, estávamos em Cuba. Pegamos a estrada com retrovisores quebrados, freios deficientes, ausência de partida elétrica numa delas, tanque de gasolina sem tampa, mas felizes com o sol lindo, uma brisa suave e a certeza de que nenhum policial nos incomodaria. Na verdade eles acenavam com um sorriso largo, certos de que estavam trazendo preciosas divisas turísticas. As cidades que abraçam o circuito de praias de Varadero são limpas, aprazíveis, oferecem varias opções de artesanato. Nesse item, vale recomendar exóticas bengalas e pratos decorativos que custam a bagatela de 15 a 25 dólares e representam uma preciosidade que agrada o mais exigente dos caçadores de souvenir.

Os restaurantes que atuam fora do circuito do governo, uma novidade recente, são limpos, bem decorados, com um cardápio variado e preços honestos. Instalados nas cidades litorâneas, conseguem um padrão bem acima dos que se instalaram em Havana. A simpatia da população contagia qualquer turista. Quando atolamos as sofríveis turbinadas na areia fofa apareceram diversas pessoas mais do que dispostas a colaborar. Foi nessa deixa que perguntei se alguém podia me oferecer informações sobre a agricultura da região, sem o crivo dos olheiros do governo. Um senhor de meia idade, mãos calejadas e rosto castigado pelo sol, disse sem rodeios que podia dar informações gerais com boa dose de experiência.

Sentamos à mesa de um quiosque, oferecemos um drinque e um petisco que ele aceitou de bom grado e o bom papo se arrastou por quase duas horas. Em linhas gerais, ele confirmou o que todos sabem. A ilha jamais conseguiu ajustar uma produção agrícola que desse certo. Todos os planos falharam e a importação de alimentos castiga a população em todos os segmentos. A novidade é que Raul, disposto a atingir metas de produção, diminuiu o preço de insumos agrícolas, ferramentas e passou a oferecer empréstimos com mais facilidade. Adicionalmente, aumentou o período de usufruto da terra de 10 anos, renovável por mais 10, para 25 anos com direito a renovação por mais 25. Fez isso por falta de alternativas, acrescentou Carlos. Muito embora, apareceram mais de 170 mil interessados nos 33 acres que o governo libera, com aprovação recorde de 143 mil certificados (sinal de novos tempos, apenas 9 mil foram recusados), poucos acreditam que a ditadura implantada por Fidel vai conseguir avanços significativos. Depois dessa "aula", voltamos ao Hotel e encontramos uma fã as avessas do escritor brasileiro Fernando de Morais. Mas essa fica para o próximo artigo.

Um comentário:

  1. Rosenwald, pergunta ao Secretario de segurança: Porque insistir em uma administração vertical, se a mais eficiente e eficacaz é a administração horizontal

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