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quarta-feira, 11 de julho de 2012

A segurança pública no lamaçal


      A despeito da presença de excelentes profissionais na estrutura da segurança pública de Goiás, os pais de família estão sendo trancafiados pelo banditismo ou expulsos de seus bairros tendo como única opção de alívio os condomínios fechados. Remoemos um lamaçal que se assemelha a um tétrico novelo sem começo e nem fim. Os tentáculos do crime se agitam em todas as esquinas, o nível de solução de homicídios se entope no conta-gotas de vergonha e existe o nítido sentimento de que não existem trincheiras capazes de conter a criminalidade acelerada.
        O termômetro do intolerável chegou ao nível máximo. Suspeitos de crimes bárbaros parecem encastelados nos próprios órgãos destinados a combater a criminalidade. Uma situação semelhante a que envenenou a cidade do Rio de Janeiro. O que fizeram os cariocas? Depois de algumas escaramuças inúteis, decidiu-se reagir unindo todas as forças sociais. Houve um pacto silencioso, mas extremamente produtivo, entre Judiciário, Legislativo e Executivo. Todos coesos, numa rara união com apoio da imprensa, em torno de um homem sério – Secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame – que elaborou um projeto audacioso e não recuou de seu firme propósito.
        Foi uma reação com octanagem profissional à altura da empreitada. Resultado: a cidade maravilhosa começou a exportar criminosos e vencer uma guerra em curso. A lição não está sendo aproveitada pelos dirigentes goianos. Estamos vivendo uma espécie de operação tapa-buracos remendando ações. A sensação é de que não existe um projeto para o difícil setor. Falta-nos um elemento catalisador à la Beltrame.
       Tirando as maçãs podres que urgem sem serem desmascaradas, a crítica não pode ter como foco a forças da Policia Civil ou Militar. A turma do operacional é bucha de canhão na guerrilha urbana desenfreada. Urge vontade política e choque de gestão. Basta de fingimento, quase tudo se arrasta para a linha da sucata. Não existe xilindró suficiente, muitas delegacias se alinham com taperas, faltam recursos tecnológicos, armamentos sofisticados e pessoal treinado.
      É de se reconhecer que o Governo Federal lava as mãos e está longe de fazer sua parte. Mesmo assim nada justifica o atoleiro que nos sufoca. A barrigueira se afrouxou de tal forma que estamos perdendo os arreios da civilidade. Tanto que, principalmente nas periferias, a capital passou a atrair assassinos de outros Estados a se refugiar no impune conforto do cerrado.    
     O sinal vermelho já foi acionado. Qualquer dia destes sequer terá semáforos para nortear o trânsito. Assaltos, assassinatos, invasão de domicílios, roubos de veículos e tráfico a céu aberto, dão um tom de diversão em todos os quadrantes. Uma festa que só os malfeitores têm motivo para comemorar. Rezar ajuda, claro. Mas sem arregaçar as mangas fica difícil.
Rosenwal Ferreira
Jornalista e Escritor
@RosenwalF

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