Que os irmãos Tamerlan e Dzhokhar, ao que tudo consta autores do brutal e covarde atentado na Maratona de Boston -- que ceifou vidas inocentes e deixou um odioso rastro de mutilados – representa a mais sórdida faceta dos seres humanos, isso não existe dúvida. O que impressiona é a insanidade do povo americano ao lidar com os desdobramentos da tragédia. Considerando que cabe ao cidadão civilizado, pensante e na plenitude da consciência moral, não se nivelar à barbárie dos criminosos, o que se verifica é lamentável.
A começar com o agente funerário que preparou o corpo de Tamerlan, morto em
confronto com a polícia, que foi ameaçado e hostilizado por dezenas de
moradores. O profissional apenas cumpriu o rito de sua atividade. É um
americano patriota e certamente abomina todos os atos dos “brothers”
tresloucados. Está sofrendo represálias porque o espírito de porco do americano
médio se agigantou acreditando no foco da vingança, não importa contra quem,
como forma de purgar suas amarguras.
A parvulez se propaga quando nenhum município aceita receber o corpo do
terrorista Tamerlan para ser enterrado. Perplexo com a estupidez, e sob vaias
dos insensatos, o responsável pela guarda do morto analisou com uma lógica
irrepreensível: “ Querem o que?” Culpado, inocente, monstro ou anjo, nós temos
que enterrar os mortos.”
É de se pensar que os abutres da desforra, desejam que o defunto sofra e
pensem no crematório se deliciando em ver o cadáver se transformar em farinha.
Quem sabe o espírito padeça o fogo que devora o corpo inerte. Seria uma
solução. Só que as empresas que executam o serviço temem ser boicotadas caso
aceitem a empreitada. Talvez uma solução, que aplacaria a ira dos que bradam
vindita, seja esquartejar o corpo e espalhar macabros pedaços nas ruas,
avenidas e “freeways” de uma USA eufórica com o desfecho.
É necessário que o Tio Sam, com suas reconhecidas qualidades, cresça também na
tragédia, mostrando dignidade mesmo com o coração a arder em tristeza. Essa
necessidade pueril de estabelecer revanche doa há quem doer foi a semente que
germinou aberrações que ninguém entende. Uma demência que mantém presos no
limbo, sem direito a julgamento justo e sendo alimentados à força, nos horrores
de Guantánamo e a invasão do Iraque fruto de uma paranoia que não se confirmou.
Erros tão violentos acabam alimentando tiranos que se apõem ao estilo
USA de ver o mundo. Desvario como o regime Cubano, delírios à la Hugo
Chavez e outras anomalias, se nutrem, e se perpetuam na insanidade
visceral, pelo ódio aos desvios de Washington. Está na hora do Tio Sam se
tornar vovô com um grau de maturidade compatível com a vocação dos que
viabilizaram uma das mais sólidas constituições do planeta.
Rosenwal Ferreira: Jornalista e
Publicitário
Twitter: @rosenwalF
facebook/jornalistarosenwal
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