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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

José Dirceu tenta ( e parece conseguir) a proeza de descer para cima


      Com perceptível azedume, a advogada paulista Rosane me confirmou, em rápida entrevista via celular, que José Dirceu, o sempre poderoso primeiro Ministro afrolusotupiniquim, é o mais novo contratado de um complexo hoteleiro que ela representa.  Trata-se do Hotel Saint Peter,  que fica a poucos metros do Esplanada dos Ministérios e a um pulo do Palácio da Alvorada. Ao que consta,  ele vai exercer o pomposo cargo de  gerente administrativo. O salário, enfatizou ela, tem o valor protegido pelo sigilo entre empregador e empregado. Ato inócuo visto que logo depois apareceu a cifra de vinte mil reais, muito acima dos míseros mil e oitocentos pagos ao gerente que – suprema ironia – não está cumprindo pena no sistema carcerário.

        Não foi por mero acaso que Dirceu escolheu o local para abrigar suas tarefas profissionais, entre as sete da manhã e as 19 horas , como permite a legislação em se tratando de presos do regime semi aberto. Ali, no centro nevrálgico da capital do país, José poderá reinar como uma espécie Ministro sem pasta e ninguém poderá censurar suas ações. 

    O cargo em questão permite que ele receba qualquer pessoa no momento que bem entender. É uma função de trato geral com o público, no mais amplo espectro de clientes, com direito a sessões privadas de interlocução em gabinete fechado. Faz parte das funções do gerente ouvir propostas de clientes, saber de problemas, anotar reclamações e etc. Enfim, campo aberto para continuar tricotando a todo vapor.

    Detalhe importante é que Dirceu se erguerá imponente, quase como se tivesse um Ministério, mesmo na condição de um condenado por corrupção. No majestoso Saint Peter terá à sua disposição confortável escritório, comandará uma equipe de seguranças, supervisionará veículos e motoristas de prontidão, poderá degustar as delícias de um soberbo café da manhã, frequentar o restaurante do hotel, com direito a pedidos especiais ao chefe de plantão, querendo descansar, e na qualidade de gerente, pode utilizar a chefe mestre e se confortar numa das suítes disponíveis. São regalias de qualquer gerente de Hotel.  

      Mesmo ríspida, e deixando claro que não estava a fim de fornecer nenhuma explicação adicional, a advogada da empresa, cujo escritório mantém sede em São Paulo, informou que Dirceu não tem experiência no ramo mas se qualificou em todos os aspectos para exercer a delicada e complexa função.

      Evidente que se ele não fosse um ícone ligado às vísceras do Governo Federal, jamais conseguiria tal proeza. Cinco proprietários de hotéis com os quais em conversei, garantem que nenhum prisioneiro do semi aberto conseguiria cargo semelhante. Uma das mais profundas preocupações dos hotéis é a qualificação ética e honestidade à toda prova de todos os funcionários , sem exceção. Um sujeito cumprindo pena poder ser uma presa fácil à pressão das quadrilhas e larápios de todos os matizes. Seria descartado no ato.

    Afinal de contas, o gerente tem acesso a dados confidenciais dos clientes e ao perfil dos acomodados. Querendo pode saber o número de malas, a natureza do consumo, a data de saída e chegada, o tipo de veículo utilizado e até se os ternos e roupas são de grife de luxo. Evidente que os administradores acreditam na lisura de José Dirceu. Tanto que carteira já foi assinada. Pontos para Dirceu que desafia até a lei da gravidade: o homem cai para cima.

Rosenwal Ferreira: Jornalista e Publicitário
Twitter: @rosenwalF
facebook/jornalistarosenwal

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