Não fosse a
obtusa visão brasileira de que alguns serviços pagos podem ser realizados como
se fosse um bruta favor, algumas empresas jamais prosperariam no mercado. É o
caso, por exemplo, das linhas aéreas Gol. A companhia opera num festival de
desacertos que oscila entre o caos e a bagunça inoperante.
Logo no balcão de atendimento é
perceptível a ausência de profissionalismo e o treinamento improvisado. Sempre de
cara amarrada, seja por excesso de trabalho ou remuneração que consideram
aviltante, os atendentes sequer olham para os passageiros e espirram
informações na base do azedume. Parece que estão ali não para facilitar o
embarque, mas para criar empecilhos como forma de se vingar da Gol. Muitos
falam abertamente que odeiam a empresa, como se o passageiro fosse culpado por
alguma coisa.
Parece que o mau exemplo vem de cima,
considerando que a Gol tem sido campeã em atrasos acima da normalidade, tendo
sido recentemente punida por isso. Cada vez mais, viajar pelo Gol se torna uma
romaria que agoniza.
Na aeronave, os comissários de bordo só
faltam rosnar para os passageiros, muitas vezes dando informações básicas com
rispidez. Uma aeromoça nos confidenciou que a maioria atua na base de
comprimidos que controlam o estresse à beira de um ataque de nervos. Nem
precisa dizer que servem apenas água e que vendem um arremedo de lanche que
faria corar de vergonha a mais ingrata lanchonete do cais do porto.
Recentemente numa aventura via Gol no
Uruguai, cheguei às duas horas da madrugada no aeroporto, junto comigo dezenas
de brasileiros insones, para um voo que iria decolar às quatro horas. Soubemos
depois que a Gol havia transferido o horário para as seis horas. Muito sem
graça, os recepcionistas uruguaios pediram desculpas concordando que a Gol
deveria ter avisado os clientes. Pesquisei entre os passageiros e apenas uma
meia dúzia havia recebido a comunicação.
Como se fosse uma cereja de horrores, constatei
que as poltronas estavam sujas e numa delas havia nítidos sinais de que alguém
havia despejado insatisfação e vomitado à vontade. Pontos para uma moça
simpática que fez uma limpeza de emergência e ainda teve ânimo para dar um
sorriso amarelo como desculpa.
Tenho que confessar que estão melhorando,
dessa vez minha bagagem chegou intacta e com todos os volumes disponíveis. Na
última empreitada via Gol, tive que esperar quatro dias para receber duas
malas. O leitor deve indagar porque insisto em utilizar os péssimos serviços da
Gol. É simples: faltam alternativas. Num trocadilho infame, só uso a Gol quando
estou na marca no pênalti e sem outra chance. Não tenho dúvidas que, nos moldes
atuais, a Gol desmoraliza o sistema de
transporte aéreo no Brasil.
Rosenwal
Ferreira: Jornalista e Publicitário
rosenwal@rrassessoria.com
Twitter:
@rosenwalF
facebook/jornalistarosenwal
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