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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

BICDenúncias da boa vizinhança

Até hoje uma suposta frase do cantor Roberto Carlos, envolvendo a florida capital dos goianos, paira na bruma entre verdade, mexerico e folclore. O ídolo da Jovem Guarda teria afirmado que Goiânia era “uma fazenda asfaltada”. Ainda com a síndrome de cachorro vira-lata, suscetível a qualquer crítica, a maioria não entendeu que a análise podia ser um caudaloso elogio. Afinal de contas, uma imensa área rural – arborizada, sem poluição e desatinos urbanos – e ainda por cima pavimentada, era um sonho de lugar para viver. Inegável que a cidade cresceu e não temos complexo de inferioridade. Infelizmente, o progresso agregou algumas mazelas típicas das grandes metrópoles e um rol de problemas inferniza o cotidiano. Trânsito caótico, criminalidade, poluições sonora e visual fazem sentir saudades do tempo em que o “rei mandava tudo para o inferno”. Sob o ponto de vista da imprensa, sobretudo na qualificação do jornalismo investigativo com denúncias consistentes, os avanços são tímidos e suados. Não é biscoito que se degusta no chá das cinco manter imprensa independente na secura de verbas de um Centro-Oeste árido em termos de investimento e de leitores.

Além do fator econômico, que tem um peso maior do que se imagina, não é fácil denunciar sabendo que você faz compras na mesma quitanda de quem pisou no calo ou esbarra com quem teve interesses contrariados na padaria da esquina. Essa realidade impede que se faça jornalismo ético e responsável? Não! Apenas requer um jogo de cintura à la Cirque Du Soleil. Considerando que os formadores de opinião, os que se dão ao luxo e prazer de leituras diárias, são apenas alguns milhares entre milhões de anêmicos sociais, nos tornamos contorcionistas de bizarras, e muitas vezes deliciosas, denúncias nas entrelinhas. O leitor, que também se acostuma com as cores – digamos assim, locais –, entende além do que está escrito.

Senão, vejamos: quando me refiro ao papai e mamãe metralha e às metralhinhas, todos sabem quem são os membros da quadrilha. Recentemente, fui vítima de uma puteação porque ousei afirmar que existe uma birra entre o Don Corleone da jogatina ilegal e a cúpula da Polícia Militar. Muita gente boa do Judiciário e do Legislativo se agastou horrores com algumas gotas de alerta. Os comunistas locais, a famosa turma escocesa, só não me esfolaram porque daria muito na cara. Com essas e outras, a gente vai levando. Entre beijos fingidos e tapas mal disfarçados, a mensagem chega e, no mínimo, irrita os que gostariam de ficar na moita apenas bebendo o néctar das bandalheiras.

O democrático Diário da Manhã faz história permitindo o máximo na praia dos que mal conseguem tolerar o mínimo. Ainda bem. Utilizando a receita de sempre vou mexer em mais uma caixa de marimbondo. Os parasitos que exploram as ONGS no Cerrado estão na maior urticária.

A exemplo do que prolifera no resto do País, grupelhos oportunistas descobriram um filão que rende lucros num estilo de roubalheira que não dá cadeia. Escondidos nos ares universitários, com pseudo-viés de esquerda, a turma sem escrúpulos já faturou adoidado. Diferentes na camuflagem de propósitos, mais iguais na bandalheira, recebem os tubos dos cofres públicos sem nenhum proveito para a sociedade.

A galera mais ativa nessa maracutaia é a de um clube seleto com o quartel general no setor Jaó. Não são os únicos. Mas representam a ponta visível do enganoso iceberg. O que importa, considerando cutucar a onça com vara curta, é dar um toque no sentido de averiguar quanto receberam e o que realizaram as ONGS que atuam em Goiás.

De minha parte, já enviei correspondências solicitando essas informações. Nem precisa dizer que não recebi resposta alguma. Mas já surtiu efeito. Teve gente que me cumprimentou na marra. Outros logo se lembraram de ir ao banheiro quando entrei na roda para conversar. Show de bola. Faço minha parte.




Rosenwal Ferreira é jornalista e publicitário

Um comentário:

  1. sobre o rei roberto carlos, gostei do comentário, se é que isso aconteceu mesmo porque não levarmos para o lado bom . o rei pelo que ele é para o brasil , um tremendo de um bom carater e rei é rei !

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