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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Desprezo aos empresários locais

Assim como nossos vizinhos de Minas Gerais, os goianos mantém a tradição de receber forasteiros de braços abertos, largo sorriso, café quente, biscoitos e agradáveis distinções. Essa característica é particularmente positiva aos negócios e ao turismo. O charme da boa hospitalidade deve ser mantido e aprimorado. Entretanto passou da hora de reconhecer algumas verdades simples que incomodam: os estranhos estão se aproveitando dessa característica e por razões que não se justificam estamos sendo mais exigentes com os empresários locais.

Golpistas de todos os matizes já descobriram que é fácil enganar os anfitriões do cerrado. Vítima do que passei a chamar de síndrome do cachorro vira lata, somos inclinados a acreditar, sem o necessário confronto de dados, nos pilantras que fingem trazer investimentos saudáveis. Uma inocente credulidade que já causou prejuízos incalculáveis.

Gatunos ligados a projetos do boi gordo, da avestruz milagrosa, do camarão gigante e outras traquinagens, receberam comendas, bajulações, encontrando terreno adubado para enriquecer em nossas terras. Enquanto isso, investidores locais se afundam na colcha de retalhos de burocracias ineficientes, papelada infinita, exigências absurdas e imposições não confessáveis.

Para citar apenas um bom exemplo, entre muitos que acompanhei pessoalmente, o grupelho responsável pelo extinto Carnagoiânia, durante décadas, levou de arrasto uma série de fornecedores amargando prejuízos. Mesmo assim, as portas continuaram abertas em concessões de boa fé. No rosnar dos trios elétricos foram incentivados a granel, faturaram os tubos e fecharam às portas deixando os credores no buraco. No final voltaram aos seus Estados de origem certamente imaginando retornar com outra fantasia.

Os que decidiram investir no Micarê Goiânia, trabalhadores bem intencionados com sólidas raízes locais, amargaram os rigores da lei. Foi doloroso verificar as diferenças. Com uma ferocidade acima da média, e sem as maleabilidades de praxe, os organizadores foram moídos por múltiplas fiscalizações. Tudo bem se isso fosse regra geral. Mas não é.

Em todos os segmentos, podem investigar, as demandas são mais rígidas aos empresários da terrinha. Seja na construção civil, na estruturação de uma indústria, nos shows, eventos, aberturas de clínicas e vai por aí. Entender porque o fenômeno existe é algo acima de minha limitada capacidade de análise.

Línguas maldosas juram que entre os motivos para essa ambígua relação, existe o fato de que é mais fácil engabelar jeitosas propinas com gente de fora. Prefiro jogar essa versão ao escanteio. No entanto, urge reconhecer e modificar o tratamento injusto que vejo se impor aos empresários com residência fixa em Goiás.


Rosenwal Ferreira é jornalista e publicitário

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