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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Inferno na Germano Roriz

O bom senso leva a crer que Germano Roriz teve uma importante participação nos bons destinos do povo goiano. Afinal de contas, uma das mais importantes praças da Capital leva o seu nome e seus descendentes são pessoas com dignidade que se destacam. Se antes a família chegou a lamentar que o apelido do espaço público, Praça do Cruzeiro, seja mais conhecido do que a designação oficial, hoje tem motivos de sobra para não aliar o parente famoso ao inferno que se transformou o local.

Em qualquer horário, mas principalmente na hora do “rush”, o quadrilátero é um deus-nos- acuda. Há décadas a gleba deixou de cumprir sua função social. As famílias abandonaram a região, que se transformou num polo de negócios, e apenas malucos se atrevem a enfrentar a loucura do trânsito para curtir o generoso espaço.

Mesmo sendo uma extensão verde bem cuidada, com árvores interessantes e grama aparada com esmero, o espaço livre foi abandonado pelas famílias. Tornou-se inviável frequentar suas amplas acomodações. O miolo da roda gigante urbana serve para acomodar viciados, realizar partilha de bens roubados, fumar maconha e fazer caca. Nada mais.

Não faz sentido manter o colapso no tráfego para conservar o que não está sendo utilizado. A não ser por uma meia dúzia de “ecochatos” – sempre dispostos a atormentar o cidadão fingindo defendê-lo –, é fácil deduzir que o problema da Praça do Cruzeiro é semelhante ao da Praça Nova Suíça. Sem uma disjunção para desafogar o trânsito boa parte da cidade emperra.

Segundo consta, o vereador Djalma Araújo, atendendo ao pedido de centenas de trabalhadores, está se movimentando para que haja uma intervenção capaz de desafogar a circulação de veículos no encrencado território. Não devia ser uma preocupação da Câmara Municipal. Teoricamente, e parece que a coisa fica na base da quimera, existe um órgão para cuidar desses assuntos. A antiga SMT, transfigurada em AMT, tinha por obrigação antecipar soluções. Vozes nos bastidores juram que a ideia foi abortada por membros do Ministério Público. Difícil de acreditar. Os profissionais desse segmento já demonstraram sensibilidade aos assuntos de interesse coletivo. Inclusive aceitando reajustes de conduta e compensação no quesito meio ambiente. Não é possível que alguém fique de birra sem conhecer a zorra existente. Se for assim, que sejam convidados a verificar a balbúrdia e o martírio em curso.

O entroncamento, na aglutinação de quatro vias de grande fluxo, não oferece alternativas. Nos últimos meses é comum levar cerca de 45 minutos apenas para contornar a Praça do Cruzeiro e entrar em qualquer rua que sai da barafunda. A inferneira passou dos limites.

No frigir dos acidentes graves, mortes, paralisações e balbúrdia garantida, anotem, o contribuinte ainda vai amargar muita raiva e sofrimento até o desfecho previsível. Lógica parece ser algo muito difícil aos que cuidam da coisa pública. Haja saco.



Rosenwal Ferreira é jornalista e publicitário

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