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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Cachoeira paga milhões a um petista e daí?


Eu não retiro uma linha, uma frase sequer, de vários elogios que fiz ao Senador Demóstenes Torres no rádio, no jornal ou na televisão. Ele mantinha uma atuação correta, um desempenho acima da média; era atento aos desmandos. Seu estilo me agradava como jornalista e eleitor. Tanto que votei nele em todos os pleitos de que participou. Ele foi o relator da Lei da Ficha Limpa, e até parlamentares da base do governo – mesmo discordando de suas posições – o reconheciam como um opositor sério e um jurista aplicado.

Evidente que hoje, à luz de informações que o ligam a uma rede de contravenções, intrigas, troca de favores e embromações condenáveis, causa repulsa saber que Demóstenes tenha vivência em hábitos que condenava em sua rígida cartilha. Sua catastrófica queda foi um abalo para os goianos de bem. Reafirmar que ele merece amargar no inferno é exercitar a arte de chutar cadáver.

O que me dá asco extra neste desgastante imbróglio é perceber a festa dos hipócritas de carteirinha. Dispostos a tirar vantagens adicionais do episódio, abutres encastelados no poder pretendem usar a incoerência do Senador para destruir de vez a oposição no País. Os imorais usam o lixo em que Torres se envolveu para divulgar a falsa ideia de que não tem nada de errado na latrina deles. Chegam ao disparate, menosprezando a inteligência do contribuinte, de afirmar que o mensalão não existiu e foi uma invenção do Cachoeira.

A farsa é tão capciosa que enoja. Tanto que  o dinheiro do Carlinhos Cachoeira causa repulsa – pela origem bandida e fraudulenta – somente quando se enrosca na algibeira da oposição. O ex-ministro Thomaz Bastos, célebre advogado que conseguiu encobrir nebulosas operações dos que comemoram a ruína da oposição em desgraça, apresenta-se faceiro disposto a defendê-lo. Ao que consta pela bagatela de 15 milhões de reais. Toda essa bufunfa veio de onde? Vão dizer que não importa a origem? Está limpo? Claro que está! Não cabe a quem recebe inquirir a procedência da gaita. Tese válida e correta. Eu sei que Bastos esta realizando seu trabalho e pouco se lixando em analisar de qual baú Cachoeira tirou tão polpuda quantia.

Só que essa visão não está sendo aplicada aos que se relacionaram com Carlinhos Cachoeira usufruindo de sua influência e sua  fortuna. Somente os adversários deviam saber – não importa o favor prestado – que ele era um bicheiro conhecido e recusar o seu dinheiro sujo. Sabe-se muito mais agora, e os espertos não rejeitam. Na atual conjuntura, basta uma relação qualquer com o diabo do Cachoeira – que na vida dupla se mostrou um empresário habilidoso – para ser rotulado como um corrupto envolvido no esquema. Está errado.          

           O momento é de refletir – uma vez que a oposição está minguando no cenário nacional – a razão pela qual os que são flagrados em delito, e se opõem ao petismo, estão sendo estorricados com tremenda rapidez, mas todos os processos envolvendo figuras do governo se arrastam em passo de tartaruga. Mesmo com a diligência da Polícia Federal – que até agora teve a sorte de fisgar apenas a oposição em gravações comprometedoras –, acusações cabeludas envolvendo ministros de Estado e uma babel de corruptos que saiu fumegando do governo rastejam com ares de que vai terminar em pizza.  

 No arremate, eu não defendo Demóstenes Torres. Eu desejo que os rigores alcancem todos os que já se envolveram em tramoias. Incluindo, principalmente, a turma do mensalão. Abomino a galera  do óleo de peroba que defende a falcatrua de uns e a punição de outros. Nós que sempre admiramos Demóstenes, somos os primeiros a exigir sua punição. Contudo, sem essa de caça às bruxas fingindo que ele, somente o Senador de ética fajuta, é que representa a podridão nacional.

Os tentáculos de Carlinhos Cachoeira são mais amplos, de uma abrangência que certamente assusta muita gente. Daí a necessidade de focar em bodes cujo berro seja capaz de aplacar a opinião pública. Os que estão quietos na moita, ali ficam e estamos conversados? Não concordo! O esquema deste Al Capone do Cerrado correu frouxo durante 17 anos. Com a conivência de personalidades que, muito convenientemente, fingem que nunca ouviram falar dele.

 Doa a quem doer, deixem o homem falar. Que investigadores minuciosos estejam dispostos a chafurdar em todo o lamaçal, inclusive remexendo nas inúmeras licitações, durante décadas, envolvendo a Delta e outras ramificações de Cachoeira. Que todas as pedras sejam reviradas, viadutos examinados, lixo revolvido, aprovações periciadas, construções analisadas e outras providências reveladoras. Não seria nenhuma surpresa descobrir que impostura, fingimento e simulação não fazem parte apenas do caráter do Senador moribundo. Ele é apenas farinha de um mesmo saco que deu azar de ser jogada no ventilador. Bem feito, mas quero mais. Oxalá as CPIs que prometem mexer no lodo tenham a coragem de apontar, e exorcizar, todos os que participaram do butim.

2 comentários:

  1. cachoeira pagou alguns milhares de reais para o ex Comandante da Pm...e daí também??? só porque ele é seu amigo ??? pelo que já ouvi falar não recebeu dinheiro só por causa de promocoes , nao!!

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  2. uma vez li que " Falsos profetas surgirão, cuidado com eles, ore e vigie.
    A oratoria do Torres fora bela e impecavel, mas ele é um falso profeta, profecia uma conduta e pratica outra.
    Cabe a nos eleitores orar e vigiar em quem depositamos nossos votos, termos o cuidado de nao reeleger nenhum falso profeta ou a carroça da alegria continuará.

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