Numa batalha que
dura mais de 30 anos, um grupo consciente de ecologistas, cientistas que
estudam alterações climáticas, Ministério Público, jornalistas, religiosos,
vereadores e moradores que representam profissionais de todos os matizes luta
para salvar um quadrilátero que se denominou como Circuito das Águas. A
iniciativa culminou com a criação da VerdeVale, uma instituição sem fins
lucrativos que agrega, além dos segmentos já citados, professores e alunos da
Universidade Federal de Goiás.
A região, que abraça
a área vizinha ao Campus da UFG e do antigo Clube Itanhangá, é riquíssima em
minas de água e mantém uma das poucas reservas de mata nativa que protege a
bacia do rio Meia Ponte e a qualidade de vida na Capital. Representa uma
espécie de berço do lençol freático que abastece Goiânia. Sendo um dos últimos
redutos de amplo espaço imobiliário, sempre esteve na mira dos tubarões do
lucro fácil. Ignorando o alerta dos pesquisadores, um grupelho de
irresponsáveis teimava em vomitar loteamentos de alta densidade populacional no
local.
Para a surpresa
destes investidores, as pessoas humildes da região – gente trabalhadora que
possui chácaras que herdaram dos pais e dos avôs – se recusaram a vender suas
glebas e aderiram aos movimentos dispostos a conservar o nicho ecológico.
Aqueles não se deram por satisfeitos. Tendo adquirido uma parte do local,
tentaram dar um golpe utilizando vereadores inescrupulosos.Fizeram pressão
junto a funcionários célebres em dar um agá. Adularam Deus e todo mundo e tiveram
a ilusão de que o prefeito Paulo Garcia podia ser convencido a entrar na
parceria. Felizmente não deu certo.
Ciente de que a
iniciativa das famílias era legítima, o prefeito incentivou sua base aliada a
votar o projeto do vereador Djalma Araújo no sentido de permitir apenas lotes
de dois mil e quinhentos metros quadrados na redondeza. Sua Excelência assinou
ontem o que foi acordado na Câmara de Vereadores. Até parece um sonho que a
comunidade tenha vencido essa batalha.
Não é todo o dia
que as cascáveis da destruição perdem a capacidade em destilar seu veneno.
Alguns, com razões de sobra para isso, ainda temem algum ardil capaz de impedir
a implantação do projeto. Eles apostam que são capazes de sensibilizar o
prefeito petista. Sempre estive convicto que quebrariam a cara. Mesmo antes de
ocupar o cargo, o Dr. Paulo Garcia afirmou que daria respaldo aos apelos da
comunidade. Não mudou uma vírgula em sua firme posição.
No dia da aprovação
da lei, que deixou furiosos os que vivem de benesses de empresários da ala
podre, ele confirmou a este jornalista, assim como a outros integrantes da
VerdeVale, que iria referendar o que foi julgado pelo Legislativo Municipal.
Dito e feito. O bom desfecho desse episódio é alento aos homens de bem. Existem
parceiros com seriedade no universo político do cerrado. Mesmo que o assunto
possa envolver propinas e sinecuras imagináveis.
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