Em todos os partidos, sem exceção, existe a ala fecunda em
podridão explicita. Ao contrário do que acontece em nações civilizadas, essa
turma do mal se ergue em majestosa superioridade e faz impor sua vontade. No
mar de lama que se afunda a investigação em torno dos tentáculos de Cachoeira,
eles se agitam para evitar que a verdade, sem filtros ou artifícios, venha à
tona. Em suas mesquinhas visões de senso ético, interessa apenas sufocar os
adversários e proteger o banditismo dos companheiros mafiosos. No berço da CPI
em curso, já decidiram o que não deve fluir.
No
momento, esse grupelho pretende evitar a convocação dos governadores. Movidos
por interesses umbilicais, se unem para evitar o desgaste de Marconi Perillo
(PSDB) de Goiás, Agnelo Queiroz (PT) do Distrito Federal e Sergio Cabral (PMDB)
Rio de Janeiro. O representante de nosso Estado afirma que deseja ser ouvido e
aprova publicamente sua intimação. Mas como o destino dos três envolvidos se
entrelaça, se a manobra vingar Perillo pode ficar de fora amargando o desgaste
já encarquilhado.
A
parte mais sórdida é a recusa, algo que faz trincar os dentes de um renque do
PT e PMDB, em suspender o sigilo dos documentos recebidos das operações Vegas e
Monte Carlo, realizadas pela Polícia Federal e que são a matéria prima das
investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito. Uma recusa incrível
considerando que essa farta documentação é algo que pertence ao contribuinte.
Se
fossemos uma nação séria, toda essa papelada estaria disponível na internet.
Afinal de contas, o processo foi realizado por agentes do povo brasileiro,
pagos com o dinheiro do contribuinte, para desbaratar uma rede criminosa
infiltrada em órgãos do governo. Sigilo é inadmissível. Presta-se a defender
uma corriola que teme ser desmascarada. É irritante que o Partido dos
Trabalhadores, que outrora urrou em nome da transparência, seja o mais
obstinado em manter as nuvens que cobrem a limpidez. Essa vergonhosa atitude
faz corar os homens de bem que se firmam na legenda.
A
oposição, que teoricamente está na maior fritura, promete recorrer ao Supremo
Tribunal Federal (STF) solicitando ao Ministro Ricardo Levandowski, relator do
processo, que suspenda a proibição permitindo que legisladores do todos os matizes
possam escarafunchar os documentos. O que tem esses arautos da interdição? Que
seus cupinchas, ou eles próprios sejam desmascarados. Só poder ser.
Depois
de tantos vazamentos enviesados, com evidente foco nos adversários, fica até
risível que se fale em respeito e sigilo por conta de segredo de justiça.
Balela. Nós, que pagamos a mais pesada, injusta e mal aplicada carga de
impostos do planeta, exigimos saber de todos os detalhes. É sórdido imaginar
que a tal CPI seja urdida para revelar apenas um naco da verdade. Deixando,
mais uma vez, boa parte do lodo embaixo do tapete.
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