Erroneamente batizado de gratuito, o horário eleitoral estilo
tupiniquim custou 4 bilhões de reais à União nos últimos oito anos. O modelo é
uma fanfarra de aberrações que causa espanto. A mais gritante delas é a
possibilidade das siglas de aluguel cederam seus espaços a troco de acordos,
benesses e sinecuras, lacradas na caixa-preta de podridões políticas
inconfessáveis. A enxurrada de propostas que se vomita no colo do eleitor,
pouco contribui para o aprimoramento do processo democrático.
Fiscalizado de forma pífia, e sem possibilidade de efetiva
punição futura, o programa permite uma chuva de mentiras sob a batuta de
marketeiros eficientes. Boa parte das promessas fica apenas como moldura aos
devaneios de palanque. De propósito, visto que a própria classe política é quem
faz a legislação, não existem leis capazes de coibir abusos.
O salseiro é tão confuso que
muitos candidatos a vereador, perpetuando ignorânciasdinossáuricas,
fazem promessas que só o executivo pode garantir. O circo é tão desrespeitoso
que se permite atropelar a língua portuguesa, com erros gramaticais e frases
esdrúxulas, oferecendo um péssimo exemplo às crianças e adolescentes. É de se
indagar: se estamos pagando por essa farra, não seria o caso de exigir, no
mínimo, uma linguagem adequada?
Os liberais, principalmente os que confundem liberdade
democrática com libertinagem a granel, vão dizer que se trata de uma festa que
combina todo o estilo de brasileiro. Tudo bem. Dá até para engolir. De fato é
isso mesmo. Mas não se trata, por outro lado, da escolha do que existe de
melhor para administrar a sociedade? Por que é necessária uma roupagem de tão
baixo nível. Não seria melhor estabelecer parâmetros capazes melhorar o aspecto
da apresentação dos candidatos?
Urge discutir um molde que não
mais se ajusta ao progresso alcançado pelo eleitor. É bom destacar que sendo
obrigatório, nas redes de TV abertas e no rádio, o tal “espetáculo” da
democracia acaba sendo uma tortura que atinge os pobres. Isso mesmo. Quem tem o
mínimo de recurso se refugia nos canais fechados de TV, procuram locadoras que
oferecem os últimos lançamentos de filmes ou aproveitam para curtir cinema,
teatro e etc. Amargo azedume de quem não pode onerar o minguado orçamento
doméstico.
No arremate, qualquer
iniciativa que possa clarear a mente do eleitor, fazendo-o pensar além da
síndrome da manada, não agrada as tais castas dominantes que reinam utilizando
o moderno voto do cabresto. Para quem ainda não sabe, são os mesmos elementos
que impedem a criação do voto facultativo e os investimentos capazes de
qualificar o ensino fundamental. Para eles, a ignorância do povão é uma benção.
Rosenwal Ferreira
Jornalista e Publicitário
@RosenwalF -
rosenwal@rrassessoria.com
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