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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O direito dos onze, massacrando milhões



     Sob a ótica do direito, existem boas almas capazes de defender o argumento do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Roberto Barroso, que votou pelo triunfo da impunidade, permitindo que o processo do mensalão se transforme em pizza de segunda categoria, sem a devida punição dos chefões da quadrilha. Com o ar de quem só presta contas ao pó que lhe cobre o nariz, Barroso registrou: “ Ninguém deseja o prolongamento dessa ação. Mas é para isso que existe a constituição: para que o direito de onze não seja atropelado pelo interesse de milhões.”
     Se a premissa não fosse sórdida até dava para engolir. Mas é uma tese com bases falsas, atolada no lodo da hipocrisia. Torna-se mais do que evidente que existem interesses, umbilicais e inconfessáveis, na exaustão do julgamento até que os réus sejam absolvidos na água benta da morosidade da justiça. É fácil perceber quem são os Ministros que se tornaram mais eficientes do que os milionários advogados de defesa.
   O que dói até os ossos é constatar que a lógica do Ministro Roberto, o novato, destrói a qualidade de vida do povo brasileiro. Em nome de uma meia dúzia de poderosos e em detrimento de milhões, que se perpetuam as graves distorções brasileiras.
    Para defender o direito de  uma ultraminoria, é que se permite a absurda concentração de riquezas nas mãos dos conglomerados bancários que exploram e sugam o trabalhador.
       Em nome de uma patotinha restrita, gente gananciosa e insaciável, é que amargamos uma tragédia nos transportes de massa, controlados por senhores de um feudo urbano de negociatas realizadas entre amigos.
       Para manter a confraria dos que mamam nas tetas dos contribuintes -- marajás do serviço público -- existe uma babel de juristas capazes de mostrar que eles valem mais, muito mais, do que os milhões de trabalhadores que arcam com os prazeres de suas vidas nababescas.
      É para manter o regalo da corte de Brasília, com viagens internacionais dignas dos reinados mais perdulários, é que se defende o sagrado direito de uma minguada casta.
      Por essas e outras é que o Brasil, agora em nome da constituição, se firma como uma nação injusta e corrupta, país em que a carga tributária se agiganta como um confisco, sem a devida contrapartida. Pois é Ministro Roberto Barroso, o que interessa a milhões de seus conterrâneos não lhe interessa. O senhor pode se erguer acima dos mortais comuns. Se dar ao luxo, impunemente, de defender menos do que uma dúzia de corruptos e se lixar aos milhões que cobram justiça.

Rosenwal Ferreira: Jornalista e Publicitário
Twitter: @rosenwalF
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Instagram: jornalistarf

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