Seguidores

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Conselho Regional de Administração se atola em denúncias

A cada dia se avolumam denúncias que comprometem a atual administração do CRA/GO, Conselho Regional de Administração. As irregularidades devem ser investigadas pelo Ministério Público Federal e, se comprovadas, os possíveis culpados punidos exemplarmente. Afinal de contas, uma autarquia tão importante não merece se transformar em feudo para nutrir interesses particulares.

Eu tive acesso a um relatório da administradora Maria Kátia Alves de Oliveira que documenta dados de estarrecer. Por exemplo, tão zeloso em exigir profissionais de administração até para empresas que não precisam dessa especialidade, o CRA/GO contratou o funcionário Mário Rodrigues (empenhos 613,720,767 e 904) para ministrar palestras em quatro eventos na Faculdade Anhanguera de Anápolis, com os temas “Sistema CFA/CRA e o profissional de administração” e “O profissional de Administração: Cenários e perspectivas”, e na pasta do funcionário não consta que ele seja bacharel em administração. Portanto jamais poderia administrar palestra com esse tema. A conclusão, na constatação número oito de Maria Kátia, é que houve improbidade na indicação do palestrante. Eu acrescento que os participantes foram vítima de uma fraude patrocinada pelo CRA/GO.

O item 03 é ainda mais intrigante. “O CRA/GO contratou a empresa CMA Consultoria Métodos para fornecimento e manutenção de software para inscrição de devedores no CADIM e não consta no processo de contratação da empresa cotação de preços, e a contratação foi realizada de forma direta, ou seja, sem licitação e/ou processo de dispensa.” Segundo o relatório, não foi apresentada nenhuma lista de profissionais ou empresas inscritos no CADIM. Conclusão: CRA-GO pagou por um serviço que não foi utilizado.

O mesmo relatório aponta 12 improbidades na contratação direta, sem tomada de preços e sem licitações adequadas. Na construção da Delegacia de Mineiros, as incorreções são tão absurdas que beiram o esculacho. No processo de licitação não há orçamento prévio da obra, ou seja, não tem orçamento realizado por um profissional engenheiro orçamentista. Não tem responsável técnico contratado pelo CRA/GO para vistoriar a obra e não foi apresentada as ART de construção do edifício.

Qualquer administrador decente sabe que nenhum investimento, principalmente os que envolvem orçamentos de alto custo, pode ser executado sem autorização qualificada. Consta desembolso na ordem de R$ 340.648,73 (trezentos e quarenta mil seiscentos e quarenta e oito reais e setenta e três reais) referente a pagamento para a empresa Trip Locações e Eventos Ltda – ME, referente a despesas com a realização do Congresso Brasileiro de Administração – CBa. Pasmem, todo o processo foi realizado sem aprovação do plenário. Até hoje ninguém sabe ao certo quem recebeu ou quem deixou de receber pelos serviços prestados.

O relatório é um rosário de anomalias. Demonstra um generoso gasto de 250 mil reais em uniforme de futebol para os funcionários. Sem tomada de preços ou licitação. É impressionante que o CRA/GO, que mantém em seus quadros pessoas que alertam as empresas para não cometer erros crassos. Efetuou, por exemplo, pagamentos sistemáticos por meio de RPA. O mais infantil administrador sabe que não é recomendável o pagamento por meio de RPA, pois fica mais oneroso para a instituição que além do pagamento da mensalidade tem que pagar vinte por cento para o INSS.

No dossiê, existem desmandos em pagamentos de diárias não explicadas e propaganda em quatro emissoras de rádio sem mencionar o motivo ou dizer o que foi divulgado. Se tudo isso, e outras iniquidades gritantes que constam na zelosa exposição do grupo que efetuou o trabalho, não for motivo para uma investigação qualificada, está liberado fazer o que bem entender no CRA de Goiás. Mesmo com tanto dinheiro sobrando, se o Conselho Regional de Administração fosse uma empresa estaria a caminho da falência. O pior dos cenários é o desfalque moral.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário