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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Goiânia está podre. E daí?

      Depois de residir em diversas cidades do mundo, com direito a uma longa permanência em quadriláteros como New York, Detroit, São Paulo, Christianchurch, Rio de Janeiro e outros rincões badalados, me entreguei prazerosamente, de corpo e alma, aos encantos de uma Goiânia florida, arborizada, farta no charme especial de bairros seguros e familiares.  Em ritmo fulminante, assustador, essa comunidade apodreceu.
       Os adeptos da explicação fácil, numa tese hipócrita até os ossos, jogam boa parte da culpa no excesso de veículos e no vigoroso crescimento urbano. Uma balela mentirosa. O que ocorreu em nossa capital, processo que continua em desabalada falta de vergonha, foi uma simbiose de ganância com descaso público.

      Ninguém se lixou em planejar uma estrutura capaz de acomodar o previsível aumento da frota. De forma premeditada, em governos sucessivos, abdicou-se de fiscalizar a abertura de bares, clubes noturnos e infernos variados.  Edifícios gigantescos, incluindo arranha-céus, escolas, faculdades e indústrias, foram autorizados sem estacionamento e estudos de impacto ambiental.

     Fruto de conchavos, propinas e arranjos nos bastidores, empresários inescrupulosos se uniram a vereadores corruptos, funcionários de má índole e prefeitos sedentos por reeleição, passando a deflorar áreas verdes, rasgar o ventre de bairros saudáveis, colocar placas, outdoors e etc., onde render grana e tudo se derreteu num banzé.

      As irregularidades que pipocam em todos os quadrantes, não têm nada a ver com aumento populacional ou incremento de turbinados. Aglutina-se em descasos de arrepiar. As calçadas deixaram de ser dos pedestres, os buracos se transformaram em regra, a zorra infernal invadiu os lares e hoje impera a desordem. Os únicos redutos saudáveis, restrito aos ricaços, são as ilhas em condomínios fechados.

    Em nome de um falso progresso, pois não existe qualidade de vida na bagunça, tudo é possível. Literalmente jogamos na latrina regras básicas de uma comunidade. Hoje é possível abrir, no espirro do improviso, qualquer estilo de birosca que vende cachaça.

     Não se pode culpar o prefeito em exercício. Trata-se um desprezo que se atola em décadas. A verdade, indecente e nua, é que não existe sequer um arremedo de fiscalização eficiente. Essa podridão generalizada engrossa o caldo da criminalidade. Por decisão política, na base deixa correr solto, Goiânia se transformou num lugar perigoso de se viver. Isso em curtíssimo espaço de tempo.

    Urge acordar. Mas parece que a cúpula que controla os destinos não deseja isso. Pelo contrário, continua avançando no modelo poluidor e desembestado, fingindo que está tudo bem. Os dados que manipulam são desmentidos pela realidade cotidiana. Tanto que já existem paulistas e cariocas, retornando às suas comunidades à procura de segurança. É necessário repensar a cidade que embala nossos filhos e netos. Para minha geração já é tarde demais.
    

Um comentário:

  1. “Goiânia florida e arborizada”, ainda acho que é bastante, mas só não entendo o porque de ser tão difícil cortar uma arvore, se após a autorização dos órgão fiscalizadores para seu corte, o mesmo que cortou não é obrigado a repor no mesmo local uma nova.
    Falando de segurança, sou da época que não tinha celular e ficávamos na rua com os amigos até 23h sem perigo e medo. Meus filhos não tem ideia do que seria a volta dessa liberdade.
    A manipulação de notícias para acalmar o povo traz dados irreparáveis. Difícil saber onde vamos chegar.
    Cabe a cada cidadão formar sua ideia e não querer levar vantagem para melhorar nossa vagarosamente nossa qualidade de vida.
    att: Frederico

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