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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O juiz Alderico foi hipnotizado por Andressa?


     O imbróglio Cachoeira leva ares de uma novela bizarra em que o autor se deixou levar por imaginações febris. A cada novo episódio surgem situações à lá Odorico Paraguaçu, folclórico personagem televisivo obcecado por inaugurar um cemitério. No enredo que envolve os juízes federais, as águas são mais turvas do que riachos após uma caudalosa tromba d'água. O primeiro magistrado a pegar nos chifres da lambança saiu com uma quente e duas fervendo, vítima de sentir-se ameaçado pela quadrilha. O substituto alegou impedimento, após admitir  laços um tanto umbilicais com  um dos escudeiros que faz parte da espiral de problemas. Eis que surge para dar continuidade ao dever o airoso  juiz Alderico  Rocha Santos. O diabo é que ele mal se ajustou na cadeira e já surgem nuvens escuras no horizonte.
     O respeitoso magistrado alega que a noiva do crime, esposa prometida e juramentada, o procurou candidamente para um diálogo envolvendo o inferno astral do autoproclamado "leproso jurídico" Carlos Cachoeira. A audiência foi marcada com precisão e rapidez. É de se desconfiar que foi pelos dotes intelectuais da moça visto que, pelas estatísticas, estas intimidades não são tão fáceis assim quando interessados procuram juízes federais. Compreensível, ela era Andressa, musa da CPMI, curvas perfeitas, sorriso de Mona Lisa, olhos a serem desvendados, sempre escondidos com óculos de grife, e lábios de mel. Uma Iracema na selva dos caça-níqueis.
   Certamente percebendo os perigos em ficar muito próximo, sozinho e indefeso, de uma beleza tão irresistível, o nobre magistrado tomou precauções necessárias. Solicitou a uma zelosa funcionária que ficasse ali, de guarda e testemunhando, para evitar mal entendido e Deus nos livre protege-lo das más línguas. Certamente com inveja, colegas de profissão juram que o certo, principalmente  considerando os temperos explosivos de um processo com tamanha repercussão, seria recebê-la na presença  de seus advogados. Mas será que teria graça um encontro tão prestimoso junto com velhotes sebosos incomodados com firulas jurídicas? Bobagem. Trata-se de uma dama em apuros.
   Tudo foi bem no enredo até Andressa insistir em ficar sozinha com Alderico. Ao que consta implorou mostrando lágrimas nos olhos, isso já sem os óculos escuros, desesperada por discutir uma questão muito íntima. Algo tão profundo que seria um mal estar indescritível revelar perto de uma testemunha feminina. Carlinhos Cachoeira não estaria dando no couro? A menstruação atrasou? O contraventor se apaixonou por um colega de cela? Uma curiosidade federal se abateu sobre todas as vísceras do juiz. Ele cedeu. Antes não tivesse feito.
     A sós, a formosa donzela se transfigurou numa fera e sacou de ameaças imprevisíveis. Se Alderico não soltasse o seu  amado, ela transformaria sua reputação em pó, utilizando um dossiê articulado por um jornalista mantido na manga do paletó. O que fez o indignado magistrado? Recuperou parte do bom senso e pediu a incauta donzela para escrever nomes num pedaço de papel. Mistério saber como conseguiu isso.  “Sou meio surdo? Só aceito intimidações por escrito?” Não importa. Ela caiu na armadilha. Aos que procuram saber por que ele não deu  voz de  prisão pela ousadia e infâmia tão escabrosa, só resta uma explicação: mesmo indignado, Alderico ainda estava hipnotizado por Andressa. Por enquanto ela está no sal. Ficou cem mil reais mais pobre e vai amargar um calvário para aprender a não ficar de brincanagem com juízes federais. Eu, que sou besta para mais de metro e meio e não gosto de novelas, estou achando o máximo. Na vida real é uma delícia. Aguardo com ansiedade os próximos capítulos. 
Rosenwal Ferreira
Jornalista e Publicitário
@RosenwalF
e-mail: rosenwal@rrassessoria.com.br

Um comentário:

  1. Virou uma novela mesmo, e convenhamos né ela ama aparecer, e meu Deus quanta educação e serenidade tem essa mulher até o jeitinho simples de falar, tem hora que ela quase me engana... Quase...

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