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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Os juízes não devem se esconder ou calar-se



         Até recentemente, os juízes de todo o país agiam como se fossem seres desprovidos das angústias e deveres comuns aos seres humanos. Tratados ora como deuses, ora como figuras diabólicas, em nada contribuíam para esclarecer as dúvidas sobre a estrutura do judiciário ou aplicação correta das leis. Quando o sistema era criticado, atacado e atirado às traças, fingiam que não era com eles. Para não dizer que esnobavam a sociedade, atendiam enfadonhas cerimônias que ofereciam comendas e medalhas nas câmaras municipais, assembleias legislativos, Rotary Clube, Lyons e liga das viúvas desamparadas.

      Felizmente algumas mentes lúcidas, que perceberam o engano de se permanecer numa cômoda caverna sem oferecer luzes à comunidade, começaram a dar aulas nas universidades, atender pedidos de entrevistas, comparecer em programas de rádio e televisão, numa formidável tarefa de iluminar os pontos obscuros no exercício de tão nobre profissão.

   Assim como ocorreu quando os padres começaram a realizar missas em português, abandonando o latim que ninguém entendia, logo surgiram vozes achando que tal iniciativa iria dar um ar popularesco ao rito dos homens de toga. Pura bobagem, fruto da inveja e da ignorância de como deve agir um servidor público.

   É algo muito primário afirmar que os árbitros do povo, dispostos a oferecer respostas e se expor na mídia, estão simplesmente à procura dos holofotes. Todos sabem que as figuras mais escondidas do sistema, que jamais se expõem na comunidade, são as mais protegidas no caso de arranjos inconfessáveis.

   Os nobres membros do poder judiciário, que se tornam conhecidos pela distribuição de seus conhecimentos, dignificam o poder que representam. Os que possuem o poder da palavra e da comunicação fácil desmistificam concepções errôneas e torna o entendimento das leis algo mais claro ao homem comum.   

    Por incrível que pareça, em pleno século vinte e um, quando o grito das ruas demanda transparência, surgem gladiadores do tempo do onça exigindo que juízes voltem a se esconder e calar-se. Consideram improdutivo que o cidadão, pago pelo contribuinte, continue a tornar inteligível o emaranhado de leis que confunde até o mais letrado dos homens.

É necessário que estas mentes retrógradas sejam contidas em suas ações de intimidação e constrangimento. Notem que basta um Juiz, como o digno Presidente do Supremo Joaquim Barbosa, falar a língua do povão e cair no agrado das massas, para ser perseguido e criticado. O mesmo acontece com magistrados locais que possuem um perfil semelhante. É inaceitável.

Rosenwal Ferreira: Jornalista e Publicitário
Twitter: @rosenwalF

facebook/jornalistarosenwal

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