Até recentemente, os juízes de todo o país agiam como se fossem seres
desprovidos das angústias e deveres comuns aos seres humanos. Tratados ora como
deuses, ora como figuras diabólicas, em nada contribuíam para esclarecer
as dúvidas sobre a estrutura do judiciário ou aplicação correta das leis.
Quando o sistema era criticado, atacado e atirado às traças, fingiam que não
era com eles. Para não dizer que esnobavam a sociedade, atendiam enfadonhas
cerimônias que ofereciam comendas e medalhas nas câmaras municipais,
assembleias legislativos, Rotary Clube, Lyons e liga das viúvas desamparadas.
Felizmente algumas mentes lúcidas, que perceberam o engano de se permanecer
numa cômoda caverna sem oferecer luzes à comunidade, começaram a dar aulas nas
universidades, atender pedidos de entrevistas, comparecer em programas de rádio
e televisão, numa formidável tarefa de iluminar os pontos obscuros no exercício
de tão nobre profissão.
Assim como ocorreu quando
os padres começaram a realizar missas em português, abandonando o latim que
ninguém entendia, logo surgiram vozes achando que tal iniciativa iria dar um ar
popularesco ao rito dos homens de toga. Pura bobagem, fruto da inveja e da
ignorância de como deve agir um servidor público.
É algo muito primário
afirmar que os árbitros do povo, dispostos a oferecer respostas e se expor na
mídia, estão simplesmente à procura dos holofotes. Todos sabem que as figuras
mais escondidas do sistema, que jamais se expõem na comunidade, são as mais
protegidas no caso de arranjos inconfessáveis.
Os nobres membros do poder
judiciário, que se tornam conhecidos pela distribuição de seus conhecimentos,
dignificam o poder que representam. Os que possuem o poder da palavra e da
comunicação fácil desmistificam concepções errôneas e torna o entendimento das
leis algo mais claro ao homem comum.
Por incrível que
pareça, em pleno século vinte e um, quando o grito das ruas demanda
transparência, surgem gladiadores do tempo do onça exigindo que juízes voltem a
se esconder e calar-se. Consideram improdutivo que o cidadão, pago pelo
contribuinte, continue a tornar inteligível o emaranhado de leis que confunde
até o mais letrado dos homens.
É necessário que estas mentes
retrógradas sejam contidas em suas ações de intimidação e constrangimento.
Notem que basta um Juiz, como o digno Presidente do Supremo Joaquim
Barbosa, falar a língua do povão e cair no agrado das massas, para ser
perseguido e criticado. O mesmo acontece com magistrados locais que possuem um
perfil semelhante. É inaceitável.
Rosenwal Ferreira: Jornalista e Publicitário
Twitter: @rosenwalF
facebook/jornalistarosenwal
Nenhum comentário:
Postar um comentário