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quinta-feira, 5 de maio de 2011

A hipocrisia movida a gasolina

Segundo o célebre escritor Blake, “sabedoria é vendida no mercado público, aonde ninguém vem comprar; ou no campo estorricado, onde o lavrador ara a terra em vão”. Principalmente em assuntos crônicos, com ênfase nos itens que sufocam o assalariado brasileiro, os sucessivos governos da era democrática agem nos atrasados moldes ditatoriais, na ótica observada pelo escritor citado.

Exemplo clássico é a hipocrisia envolvendo o valor da pior combustível do mundo. Qualquer pessoa de QI positivo é capaz de apontar problemas e soluções capazes de oferecer um fôlego ao cidadão. As ideias muito simples, e precisamente por isso efetivas, se encontram disponíveis nas conversas de feiras livres, nos botequins ou nas salas de aulas,. Ninguém se incomoda em ouvir e implementar o que é necessário.

Estamos moídos de saber que urge uma fiscalização efetiva capaz de impedir a comercialização de gasolina adulterada. Ao invés de refluir, a prática continua acelerando em ritmo de Fórmula Indy. A falcatrua se repete, com a naturalidade de um chá amigável, em todos os governos. Amarga-se a impressão de que interessa aos deuses encastelados em Brasília o livre exercício da maracutaia.

Outro item muito particular, que nos faz sentir como trabalhares escravos a lavrar em campo estorricado, é a balela em torno da autossuficiência em petróleo. Nesse aspecto utiliza-se a técnica de Goebbels, fúnebre ministro de comunicação de Hitler, cujo lema era difundir uma mentira à exaustão até que se transformasse numa verdade digestível às massas ignorantes.

A nossa realidade só permite duas análises. É falsa a informação de que somos independentes na extração do ouro negro ou torturamos brasileiros com altíssimos preços com o sádico prazer de causar sofrimento coletivo. Os analistas confirmam que a teórica autonomia da Petrobrás é um engodo que serve à propósitos eleitoreiros. A independência está a caminho, mas não atracou no porto.

Ainda assim, a maior empresa petrolífera do planeta, entre as cinco mais ricas do globo terrestre, opera em sádica relação com o consumidor. Esgoto de interesses inconfessáveis, desperdiça riquezas nacionais e onera o cidadão. Fosse administrada com foco na satisfação popular, poderia diminuir despesas e contribuir para diminuição de custos nos combustíveis. No entanto, transformou-se num cobiçado feudo de regalos.

O senso comum, a sabedoria de quem paga todas as contas, percebe que a carga de impostos passou do tolerável. Nenhum país do mundo, exceto o Brasil, pune o proprietário de automóvel com um fardo tributário acima de 50%. Tornou-se um confisco medieval. A nação se acovardou. Seria o caso de nos transformarmos em milhões de Tiradentes a nos erguermos contra essa barbárie. Afinal, já estamos na forca cotidiana.

Pois é. Tudo muito simples. Fiscalizar a qualidade do que é vendido, administrar a Petrobrás de forma ética e comercializar no valor justo. Não seria pedir muito se não fosse a miopia da casta que controla os destinos do povão. Mesquinhos e infames. Não faz diferença a que ala pertencem. O negócio deles é enriquecer às custas do sofrimento coletivo. Quando alcançam o poder, todas as siglas se tornam farinha do mesmo saco de imposturas e fingimentos.

Rosenwal Ferreira é Jornalista e Publicitário
Twitter: @rosenwalf

3 comentários:

  1. Depois da guerra contra a ditadura o povo adquiriu um traço de servidão escrava. Após tantos anos sendo esmagados por impostos injustificadamente altos, o povo se recolhe a sua senzala e choraminga pelos cantos. Onde estavam as frentes sindicais para convocar um greve nacional de todas as categorias se opondo a um aumento injustificado e intolerável dos salários políticos? Uma nação cria seu próprio governo e essa corja é o resultado de nossa omissão.
    João Luiz Policial Militar graduando em Direito

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  2. Me desculpe por comentar no lugar errado, mas queria corrigir o seu comentario do dia 06/05/2011 que foi feito no Jornal do meio dia. Nos somos alvo de terroristas sim, eles so nao veem no Brasil para explodir bombas mas nos visitam para pedir asilo politico, que e o caso do nosso querido terrorista Giuseppe Battisti.

    decapanema@yahoo.com.br

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  3. Olá, caro Rosenwal, saudações!
    Por falar em gasolina, faço uma observação sobre estradas, que são feitas para ligar cidades e para atender a transporte rodoviário. Acabo de chegar de viagem e tenho visto muitas "construções" que são erguidas nas beiras das rodovias, aliás, bem perto delas.
    Acontece que as autoridades fazem vista grossa para tais "construções" e, logo, logo, vão aparecendo outras e outras transformando a estrada numa "rua".
    Daí, começam a instalar agressivos quebra-molas para reduzir a velocidade a menos de 5 km/h.
    Aí a minha indignação.
    Grande abraço,
    Euler Amorim.

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