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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O “lulopetismo” e racismo mal disfarçado



      Segundo informações que circulam na intrigante corte de Brasília, o ex-presidente Lula, mesmo após mais de três horas de sedosa lábia, não conseguiu convencer a presidente Dilma Rousseff a não receber o ministro do Supremo Tribunal Federal nos amplos gabinetes palacianos. Mesmo assim saiu satisfeito da Granja do Torto porque sua pupila prometeu um encontro discreto, sem fotografias ou pompas capazes de dar mais farol ao homem que ousou provar que José Dirceu é o que sempre foi: “chefe da quadrilha do mensalão”. O tempo provou que ela segue o figurino traçado pelo comandante mor do “lulopetismo”.

      Como é de praxe quando o grupelho de Lula é contrariado, o enredo foi mesquinho e envolve uma dose cavalar de cínico racismo. O ex-poderoso ministro “afrolusotupiniquim”, banido do Congresso Nacional, pelos seus próprios pares, não se conforma que um negro escolhido pelas vísceras do PT venha a agir com arroubos de consciência. Eles entendem, e chegaram a difundir essa tese numa roupagem capciosa, que ele chegou ao topo máximo da carreira graças ao sistema de cotas adotado pela imponente orquestra do maestro José Dirceu. Dai, raciocinam eles, como o negro Joaquim pode se voltar contra seus padrinhos? Uma heresia. Por que não aprendeu com Toffoli e Lewandowski?

       Antes louvado pelo sublime conteúdo jurídico, Barbosa passou receber criticas ácidas e ser acusado de sordidez e ignomínia no exercício do cargo. Se esquecem de propósito que ele defendeu uma tese sólida e foi acompanhado pelos seus pares. Mas eles são brancos e não mereceram as críticas direcionadas ao relator.

      Sendo o primeiro negro a ocupar o cargo de presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa honrou o direito de tirar fotos com a deusa do planalto e com milhões de brasileiros. O povão faz até fila para registrar um abraço com o ministro. Mesmo discordando de sua atuação, um direito da presidente, ela devia registrar a visita do ilustre jurista pelo simbolismo que implica sua posição frente à raça negra.

    O racismo de José Dirceu e “Cia Ltda.” jamais enxergará essa equação. Eles pairam superiores imaginando um exército de cotistas mais dóceis do que o ex-funcionário Toffoli. Pardos, negros e mulatos, dispostos a retribuir as benesses dos brancos generosos. A importância dos agraciados termina na primeira ação que rezam fora da cartilha. Tarde demais. O ministro Joaquim Barbosa mostrou que é possível manter a dignidade e a independência porque ninguém lhe fez um favor. Ele provou que sempre teve mérito para ocupar o cargo.

     Por essas e outras é que Lula perde parte dos bigodes procurando um nome confiável para ocupar uma vaga no Supremo. Negros e mulheres estão fora do páreo. Mostraram que não são confiáveis. Um tipo anglo-saxão como Lewandowski poderia ser uma escolha perfeita. Receita comprovada seria um peão estilo Toffoli enraizado com a síndrome do subalterno que não sai da linha. Pois é. Em todo caso, para a quadrilha de José Dirceu é tarde demais. Se Joaquim Barbosa foi barrado na sessão fotográfica, pior ainda José Dirceu, que hoje, não fica bem em  foto alguma e vai atrair flashes de todos os matizes ao cruzar os portões para ser lacrado atrás das grades.

Rosenwal Ferreira: Jornalista e Publicitário
Twitter: @rosenwalF
facebook/jornalistarosenwal

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