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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Os tarados do som alto



          
              Por uma dessas razões que a ignorância e a falta de civilização explicam, prolifera em Goiás uma galera disposta a estuprar os tímpanos da vizinhança. Frustrados até os ossos, eles enjaulam alto falantes em veículos automotores e depois abrem o cadeado liberando o urro dos infernos. As famílias se tornam reféns, indefesas desses verdadeiros tarados do som alto. Na constante neurose que permeia seus obtusos cotidianos, eles não desejam curtir música em volume superior ao bom senso. Fosse apenas isso estava resolvido. Bastava enfiar um fone nos ouvidos e se deleitar em orgasmo particular. Os degenerados obrigam o cidadão a ouvir o que bem entendem.

      A cada dia se torna mais difícil combater essa verdadeira gangue. Os órgãos de fiscalização operam no limite da incompetência declarada. A legislação é frouxa com o que nos atazana o cotidiano e, o imbróglio é tão odioso que já causou mortes e infortúnios de todos os matizes.  O pior é que os ordinários do fenômeno acústico exacerbado se arvoram de um gosto musical que oscila do sofrível ao intragável.  A maioria se dedica a escutar repertório de corno com direito a urros sertanejos dignos de uma cólica renal.

  Deus nos acuda quando uma dessas cavalgaduras derrapam as rodas do turbinado na calçada de um bar. No raio de um quilômetro somos forçados a dar atenção a bramidos que falam de “bondes do Tigrão”, “cachorra da minha vida”,  “égua pocotó” e misérias que rodam o mundo como o tal “ai se eu te pego?”   É um assombro que a legislação não tenha criado uma figura jurídica capaz de confiscar essas boates ambulantes.

     Passou da hora de criar regras que possam defender as famílias de quem tem potência pessoal de menos e decibéis demais na caçamba do automóvel. Chega de tolerar distúrbios de personalidade que culminam em desrespeito ao sono e tranquilidade alheia. Que legisladores de boa lavra ofereçam opções para resguardar o direito básico ao descanso, sem que alguém force nossas janelas com vibrações indesejáveis. O duro é que os políticos também se deliciam em vociferar gritaria usurpando nosso sossego. E durma-se com um barulho desses. Literalmente.     

Rosenwal Ferreira: Jornalista e Publicitário
Twitter: @rosenwalF
facebook/jornalistarosenwal

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