Enquanto o Rio de Janeiro mostra que é possível enfrentar as múltiplas
máfias encasteladas no labirinto dos morros e favelas, o Estado de Goiás
se torna um refúgio deleitável ao banditismo. Atualmente o cidadão sequer tem
sossego para tomar uma caneca de cerveja nos bares da capital. É assustador
perceber a nefasta decadência no segmento de segurança pública que afeta nosso
cotidiano. Se antes era possível encontrar bolsões de tranquilidade, hoje a
violência “democratizou-se”. Com exceção dos condomínios fechados – ilhas
da fantasia acessível a poucos mortais – ninguém está seguro em lugar algum.
Muito embora a explicação simplista tenha foco na migração das
quadrilhas, outros fatores contribuem para degradação de nossa
tranquilidade urbana. Falta um catalisador profissional capaz de impedir
erros que afetam a produtividade da força policial. Até um leigo percebe que a
Polícia Militar ficou desmotivada pela desastrosa operação Sexto Mandamento.
Desnecessariamente, uma tropa de elite foi desmantelada da noite para o dia e,
homens de fibra nivelados a bandoleiros.
As sucessivas greves da Polícia Civil, gerando danosos retrocessos
de negociação, demonstram inabilidade que cai no colo da população. A sensação
de abandono do cidadão de bem, causa euforia em assaltantes, estupradores e
narcotraficantes. A impressão é de que tudo é possível numa terra com as forças
da lei de braços cruzados.
O agravante é que os malfeitores chegam aos bandos com armamento e ações
sofisticadas, enquanto o escopo da legalidade se atola em delegacias mal
ajambradas, armamentos obsoletos, viaturas lentas e ultrapassadas, comunicação
ineficiente, verbas reduzidas e ausência de um plano à altura da gravidade que
se vivencia.
É de se considerar que o Governo Federal não cumpre a contento nenhuma
de suas obrigações básicas. Seja no repasse de recurso que o momento exige,
seja numa estrutura nacional capaz de se unir ao esforço do Estado. Estamos
órfãos de uma estratégia capaz de nos salvar. Os que possuem condições econômicas
já contrataram guarda-costas e adquiriram veículos blindados. Uma lógica
absurda do “salve-se quem puder”.
O momento é tão amedrontador que sequer adianta trancar-se em casa. Em
alguns bairros, gangues intimidam pais de família dentro de seus lares. Os
arrastões em restaurante se tornaram rotina, patotas armadas de metralhadoras
invadem prédios de luxo, ataques violentos acontecem em plena luz do dia e até
policiais veteranos atuam na base do espanto. É necessário reconhecer o fundo
do poço e agilizar ações capazes de salvar vidas e tirar o pai de família do
sufoco.
Rosenwal Ferreira: Jornalista e Publicitário
Twitter: @rosenwalF
facebook/jornalistarosenwal
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